quinta-feira, 1 de maio de 2014

O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald

O Grande Gatsby é um clássico que tem como pano de fundo os loucos anos vinte e tudo o que a eles está relacionado: festas, carros, amor, brilho, euforia, dinheiro, decadência.

A história é narrada por Nick Carraway, único amigo de Jaz Gatsby. Nick é um jovem homem que veio do Oeste dos EUA para o Leste, para ganhar a vida no negócio das finanças e economia, depois de ter servido na 1ª Guerra. Chegado a Long Island, Nova Iorque, Nick instala-se numa pequena casa no meio de casas ricas. Numa dessas casas vive Gatsby, um excêntrico milionário que dá festas enormes e loucas e que nunca aparece, sendo por isso uma misteriosa figura que todos comentam, especulando sobre a sua vida e a sua fortuna. Nick tem uma prima, Daisy, que é casada com um ex jogador de pólo bastante rico, Tom Buchanan. Daisy vive um casamento um tanto infeliz devido às amantes que o marido de vez em quando tem, mas para manter as aparências e pelo dinheiro, Daisy releva, vivendo numa euforia um tanto fútil e despreocupada, em conjunto com a sua amiga jogadora de golf, Jordan, pela qual Nick começa a nutrir um certo interesse. Maravilhado pelas festas de Gatsby, Nick sente uma enorme atração por este, acabando por conhecê-lo. Depois de o conhecer, logo fica a saber dos desejos de Gatsby: voltar a ver Daisy, sua antiga namorada e o seu grande e único amor. Nick decide assim ajudar Gatsby a rever Daisy e ajuda os dois no seu relacionamento às escondidas. Porém, quando Gatsby começa a pedir a Daisy para deixar Tom, tudo se desmorona.

Esta história é uma grande crítica ao Sonho Americano, à riqueza, à futilidade, ao interesse pelos bem materiais e à falta de moral e de escrúpulos. Depois da 1ª Guerra Mundial, no meio da euforia da vitória e da especulação monetária, da Lei Seca, dos gangsters, dos negócios ilícitos, os valores e as mentalidades não conseguiram estabelecer nenhuma clareza nem nenhuma grandeza, fazendo com que tudo o que se poderia ter ganho com o fim da guerra se desmoronasse, ficando tudo em estilhaços. Todo o glamour, toda a beleza, o brilho, a euforia se estilhaçou como um milhar de diamantes jogados no vazio e desfeitos. Não havia nenhuma preparação para estabelecer uma vida de valores depois da guerra e a euforia e a loucura levaram à decadência que teve com fim o aparecimento dos políticos que levaram o mundo à 2ª Guerra. Esta guerra foi a consequência de não se ter conseguido estabelecer regras e condutas depois da 1ª Guerra, no geral.

Isso está bem retratado ao longo da história. Nick, o mais pobre da história, não se consegue adaptar ao ritmo estouvado do que o rodeia em Nova Iorque. Não consegue acompanhar as mentalidades, nem os valores, acabando por se decepcionar fortemente com tudo o que pensava ser o melhor que havia. Acaba por descobrir que tudo não passa de uma feira de aparências e de futilidades, que o dinheiro compra tudo e vence tudo, que os sentimentos não passam de vazio e que são esquecidos com uma tamanha facilidade que é de enojar. A bondade, o amor, a verdade são sentimentos e ações que não podem combater com o dinheiro, as aparências, a euforia, a mentira e a criminalidade. Tudo é feito de mexericos e de mentiras e as verdades são assim postas de lado, esquecidas, pisadas e desfeitas e no fim, nada resta senão a mentira, o esquecimento, o vazio, o abandono. O grande Gatsby é grande exatamente por isso. É de facto, uma grande personagem. Uma personagem que no fundo é boa, com um bom coração e com bons sentimentos, que acaba por ter um final extremamente inglório. É revoltante. Nick consegue retratar muito bem este quadro de ações e sentimentos, sendo um excelente narrador.


Apesar de ter gostado da história, da sua moral e da forma como é narrada, da sua força e da sua vitalidade, não consegui gostar tanto como esperava. Não foi das leituras que mais apreciei, em parte devido a alguns momentos iniciais da história, dos diálogos e da futilidade de algumas das personagens. Gostei do enredo, dos momentos mais para o final, sendo que no início não senti grande emoção. Já sabia a história, uma vez que já tinha visto o filme de 2013, que está muito fiel ao livro, por sinal, exceto algumas questões na parte final. Gostei bastante da força do amor do Gatsby, que é praticamente a única personagem de que gosto do livro, mais o Nick. Não gostei da Daisy, nem do Tom, mas especialmente da Daisy. Nem no início, nem no meio, nem no final. É uma personagem que tem o que merece. A vida de adultério que Tom leva acaba por ser merecida para Daisy. É triste, enquanto mulher, chegar a esta conclusão, mas é verdade. O que ela fez ao Gatsby não se faz.

No fundo, a história é também um romance. O romance de Gatsby, o amor dele por Daisy, uma rapariga que ele amou antes de ir para a guerra, que fez tudo por ela, que enriqueceu para ela, que comprou a casa para ela, que esperou cinco anos para a voltar a ver, que organizou todas as festas na esperança de que um dia ela aparecesse e o visse e assim retomassem o seu romance. Uma rapariga extremamente fútil, indecisa e fraca. Os sentimentos de Nick, ao longo do livro e no final, são também os meus. Nada do que Gatsby fez por ela foi merecido. 


O livro é uma excelente crítica a tudo o que aconteceu naquele tempo, aos valores e às misérias humanas que perseveraram para infelicidade de muitos. Se se tivesse sido mais comedido, muito teria sido diferente desde aqueles momentos. De facto, a história é boa, apesar de não ter gostado muito. No entanto, recomendo pois o facto de não ter gostado não se deve à falta de qualidade, mas sim ao gosto pessoal, como já referi anteriormente.


O Gatsby acreditara na luz verde, no orgíaco futuro que, ano após ano, foge e recua diante de nós. Se hoje nos iludiu, pouco importa: amanhã correremos mais depressa, alongaremos mais os braços...Até que uma bela manhã...

Assim vamos teimando, proas contra a corrente, incessantemente cortando as águas, a caminho do passado que não volta. p. 172

NOTA (0 a 10): 7

Uma das músicas da banda sonora do filme (Jack White - Love is blindness):

2 comentários:

  1. Olá,

    Já tive a oportunidade de ler vários comentários ao livro e pelo que entendo é um livro que se lê muito bem e levanta questões morais bem interessantes :)

    A ver se um dia tenho a oportunidade de ler :)

    Bjs e boas leituras

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    1. Olá Fiacha =)

      Sim, tens a ideia certa sobre o livro. É, deveras, uma história interessante, por isso mesmo.

      Eu depois quero ler a tua opinião! =)

      Bjs e boas leituras

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