quarta-feira, 14 de maio de 2014

Werther, de J. W. Goethe

Werther é um dos maiores romances existentes. É um romance por excelência, um dos mais afamados, mais trágicos romances da história. Escrito/publicado em 1774, revolucionou os romances da época, bem como as mentalidades dos jovens europeus. Ora, tinha de ler este livro.

A história é narrada através das cartas que Werther, um jovem que vai para o campo para procurar repouso para o seu coração exaltado e emocional, escreve para o seu amigo, Guilherme. Estas cartas são escritas num período de mais ou menos meio ano, tendo início em maio e terminando pelo Natal desse ano.

Werther, nas nos seus passeios pelo campo e pela aldeia onde está a morar, vai relacionando-se com as pessoas, acabando por conhecer Carlota, uma jovem que vive com o seu pai e com os seus irmãos, cuidando deles e da casa.

Deste modo, a espiral de sentimentos em que Werther acaba por mergulhar faz dele o mais infeliz dos seres, infelicidade essa que nada consegue conter ou disfarçar.

A história dele é deveras triste. O autor consegue criar o ambiente perfeito para a história de Werther: um ambiente de abandono, melancólico, doentio, só, desamparado. Werther é uma personagem que me transmitiu imensa pena, compaixão e tristeza. Ver o desabrochar do seu amor por Carlota, ver como ele tenta colmatar os seus sentimentos por ela, e depois ver como tudo termina, provocou-me um sentimento de profunda amargura. Dei comigo a pensar: "Carlota! Não vês o quanto ele te ama? Será que não consegues vê-lo? Senti-lo? Faz alguma coisa! Fica com ele!", isto mesmo sabendo que a atitude de Carlota era a mais certa, adequada a uma mulher casada, com imensa responsabilidade no seio da sua família. Mas, por um lado, os sentimentos de Werther eram tão puros, tão ingénuos, doces, que não poderia ficar indiferente. Penso que, quem apreciar o livro, não irá ficar indiferente aos sentimentos dele. Não pode.

Sendo uma narrativa estruturada de forma epistolar, pode causar alguma apreensão ou aquele sentimento de "não gostar", mas a história vale todo o esforço que possa ser necessário para ler a obra. Esta organização da narrativa não é a minha favorita, tal como não o é os diários, mas nem me atrevi a desistir, tal não estava a ser a força da história, a emoção que me estava a despertar. É que Werther (ou Goethe) consegue referir, descrever e refletir de tal modo sobre o que observa, o que sente e o que deseja que dei por mim a ter uma imensa curiosidade sobre tudo o que ele estava a sentir, a ver, a pensar. E pensava: "Não posso abandonar Werther! Não posso... tão abandonado ele está...". A sério, fiquei muito emocionada com esta personagem. Penso que, por ser mulher, ler um texto sobre amor na perspetiva de um homem é algo fascinante; é como conhecer um bocadinho do seu íntimo, mesmo sabendo que Werther é uma personagem e a generalização é algo errado e falacioso.

É uma história profunda, com temas profundos. É uma reflexão sobre o amor e o que este provoca no ser humano, podendo levá-lo aos maiores extremos. Ao longo da narrativa, Werther vai apresentando outras personagens, que também têm as suas histórias particulares, histórias essas que também são bastante fortes, bastante humanas. No fundo, toda a história, a de Werther e a das outras personagens, é uma grande reflexão sobre a Vida e sobre o que o amor leva as pessoas a fazer.

Gostei muito desta obra. O final é bastante forte. Tudo o que acontece, o que é narrado, leva ao fim que a história apresenta, mas mesmo assim, é bastante forte e emotivo. Podia haver vários finais, mas o escolhido foi o que mais podia causar um sentimento de melancolia, por tudo o que acontece até ao desfecho. Ler esta obra é como fazer parte da vida de Werther durante o período de tempo presente nas cartas. No final, a história não é totalmente epistolar, uma vez que há a narração do "Editor". Essa parte é bastante, que também contém cartas de Werther e outros acontecimentos, foi a que mais me comoveu. A escrita é sublime e o sentimento com que tudo é dito, principalmente nas cartas escritas por Werther nesta parte do livro, fez-me ter uma grande compaixão por ele.

Sem dúvida, uma grande história de amor a reter no coração. 
Werther conhece-a quando a convida para um baile, ficando logo apaixonado, paixão essa que o deixa tremendamente infeliz ao tomar conhecimento que Carlota é noiva. Disposto a não melindrar a amada com os seus sentimentos, Werther vai vivendo a sua vida e o seu romance de modo solitário, apenas contando os seus sentimentos a Guilherme, nas cartas. Quando conhece Alberto, o noivo, compreende que este é um bom marido para a sua amada, sentido-se ainda pior em querê-la para si.


Citações:

Guilherme, que seria do mundo sem amor? Exatamente o mesmo que uma lanterna mágica sem luz! Mas logo que se lhe põe a lâmpada, refletem-se na alvura da parede as imagens multicolores. E, ainda mesmo que nada mais se veja do que fantasmas que desaparecem, nem assim esses fantasmas deixam de fazer a nossa felicidade, quando, pequeninos, os contemplamos, extasiando-nos ante essas maravilhas.
p. 41

Sofro o castigo. Saboreei esse pecado em toda a sua volúpia celestial, absorvi no meu coração o bálsamo da vida e a força. És minha desde então...minha, sim, Carlota! Vou primeiro do que tu. Vou reunir-me a meu pai, a tua mãe! Contar-lhe-ei os meus sofrimentos, e ele há-de consolar-me até que tu venhas...Então voarei ao teu encontro...Hei-de agarrar-te, e ficar junto de ti na presença do Infinito, num eterno abraço. 
p. 117

NOTA (0 a 10): 9

4 comentários:

  1. Olá,

    Bem parece um livro bem interessante e até não deve ser dificil de encontrar, gostei muito do teu comentário e fica registado a ver se encontro na feira do livro ;)

    bjs e boas leituras

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    1. Olá Fiacha,

      é um livro muito interessante. Deves encontrá-lo a um bom preço na feira do livro =)
      Obrigada!

      Bjs e boas leituras

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  2. Olá!

    Werther... o livro do Sr. Agostinho!!! Existe mesmo!! :D
    Há felizes acasos e este é um deles. Estou a acabar de ler um livro em que uma das personagens, o Sr Agostinho adora esse livro. Já o leu tantas vezes que até eu tenho vontade de ler. A dúvida era se realmente existia. Ainda não tinha pesquisado e deparo-me com a tua opinião.

    Deve ser um livro fantástico. Tenho de arranjar. Adorei o teu texto, fiquei ainda mais interessada no livro e espero gostar tanto como tu gostaste.

    bjs =)

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    1. Olá Cátia =)

      Do livro do Manuel Alves, não é? Ainda não o li esse livro, só o Terra Fria, que é fantástico. Existe e é maravilhoso! Fico contente por teres ficado a saber que é real através da minha opinião =)

      Sim é. Eu gostei muito. Encontrei-o na biblioteca e não hesitei. Trouxe-o logo comigo. Lê-se muito bem e a história é muito boa. Também espero que gostes. Depois diz =)

      Beijinhos

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