Sinopse:
Centenas de milhares de prisioneiros de guerra, entre eles numerosos australianos, são forçados pelos japoneses a um trabalho escavo nas selvas da Indochina durante a Segunda Guerra Mundial.
O romance de Richard Flanagan aborda as diferentes formas que o amor, a morte, a guerra e a verdade podem assumir, à medida que um homem envelhece e tem consciência de tudo o que perdeu. (in Goodreads)
Centenas de milhares de prisioneiros de guerra, entre eles numerosos australianos, são forçados pelos japoneses a um trabalho escavo nas selvas da Indochina durante a Segunda Guerra Mundial.
O romance de Richard Flanagan aborda as diferentes formas que o amor, a morte, a guerra e a verdade podem assumir, à medida que um homem envelhece e tem consciência de tudo o que perdeu. (in Goodreads)
Opinião:
Há bastante tempo que andava de olho neste livro, que ganhou o Man Booker Prize em 2013. Foi daqueles que assim que chegou à estante começou a ser lido, porque tinha esperado bastante por ele e não me desagradou.
A história passa-se na Segunda Guerra Mundial, num campo de prisioneiros de guerra, no meio da selva, em que os prisioneiros têm de construir o glorioso caminho de ferro do Japão, que ligaria este à Índia, e cuja obra tinha sido declarada impossível pelo mundo. Contada na terceira pessoa, mas com vários pontos de vista, o que nos é contado vai passando de momentos do presente, com a personagem principal, Dorrigo Evans, o médico e sargento dos prisioneiros australianos no caminho de ferro, a pensar e conversar sobre o seu passado com uma das suas amantes, passando por momentos de Dorrigo e de outros prisioneiros enquanto soldados aliados até serem prisioneiros dos japoneses, onde a narrativa se torna muito real e bruta, até a momentos de amor entre Dorrigo e a sua tia, Amy, um amor vivido em segredo nos momentos em que não estava de serviço, amor esse que vai alimentando Dorrigo através das suas provações no caminho de ferro.
Há poucos livros como este. A narrativa é extremamente cruel, mas de uma grande beleza, uma vez que o autor conseguiu trabalhar as palavras de modo a criar algo belo e puro onde nada é puro nem belo. As descrições são muitíssimo reais e duras, especialmente nos momentos em que são contados episódios do caminho de ferro. Algumas descrições e partes de diálogo são tão reais que até arrepiam, como uma parte de uma operação médica e outra de um castigo a um prisioneiro. Todas as descrições são muito vívidas e reais, até as dos momentos românticos entre Amy e Dorrigo ou entre Dorrigo e Ella (a sua esposa). Mas nesses momentos há sempre uma ligeira atmosfera de irreal, de etéreo e beleza que o autor conseguiu captar na perfeição.
Este livro é sobre a guerra, sobre dor, perda, amor, alegria e esperança. No meio de tanta coisa horrível e desesperada, muitas vezes as personagens conseguiam encontrar felicidade e esperança em pequenas coisas, como lembranças, achados e cartas. É também sobre o pós-guerra, tanto do lado vencedor como do lado dos vencidos, neste caso do Japão. Esses momentos são narrados de uma forma diferente, não tão cruel e intimista, mas de um modo mais suave, se bem que também um tanto frio.
Em suma, é um livro para refletir. Não é um livro que entretenha o leitor, nada do género. Se procuram algo leve e que sirva de distração, não vão por este livro. Mas se querem algo que deixe marca, que faça refletir e que seja forte, aqui está a melhor opção: um livro soberbo, magnífico, forte e arrebatador, devido à sua acutilância, força nua, fria, mas também cheia de ternura. Porque este livro está cheio de uma imensa ternura, em que o melhor do Ser Humano e o pior está em pleno confronto. É um livro que será para sempre um marco da História.
NOTA (0 a 10): 10
Este livro é sobre a guerra, sobre dor, perda, amor, alegria e esperança. No meio de tanta coisa horrível e desesperada, muitas vezes as personagens conseguiam encontrar felicidade e esperança em pequenas coisas, como lembranças, achados e cartas. É também sobre o pós-guerra, tanto do lado vencedor como do lado dos vencidos, neste caso do Japão. Esses momentos são narrados de uma forma diferente, não tão cruel e intimista, mas de um modo mais suave, se bem que também um tanto frio.
Em suma, é um livro para refletir. Não é um livro que entretenha o leitor, nada do género. Se procuram algo leve e que sirva de distração, não vão por este livro. Mas se querem algo que deixe marca, que faça refletir e que seja forte, aqui está a melhor opção: um livro soberbo, magnífico, forte e arrebatador, devido à sua acutilância, força nua, fria, mas também cheia de ternura. Porque este livro está cheio de uma imensa ternura, em que o melhor do Ser Humano e o pior está em pleno confronto. É um livro que será para sempre um marco da História.
NOTA (0 a 10): 10