sábado, 6 de outubro de 2012

"O Príncipe da Neblina", de Carlos Ruiz Zafón

Depois de um momento de indecisão face à compra deste livro ou de "Marina", do mesmo autor, optei por comprar este. Já há bastante tempo que o tinha na minha wishlist, desde que foi publicado em português, mas ainda não tinha decido apostar na sua compra. A semana passada decidi fazê-lo.

O primeiro livro que li deste autor foi "A Sombra do Vento", que é soberbo. Por isso, sei que vai ser difícil conseguir ler outro livro do autor que se possa comparar à Sombra do Vento ou até ultrapassar. É raro tal acontecer, mas não é impossível. Contudo, ainda não consegui ler outro livro de Carlos Ruiz Zafón que ultrapasse a Sombra do Vento. E este não foi excepção.

Com um enredo interessante e misterioso, Zafón leva-nos a uma visita a uma aldeia na costa atlântica sul da Inglaterra, durante os tempos da 2ª Grande Guerra.

O livro inicia-se com com um prefácio muito bonito, em que o autor escreve sobre si mesmo e sobre o amor aos livros e à leitura e depois começa a narrativa. A história passa-se no verão de 1943. Maximilian Carver, pai de três filhos, Alicia, Max e Irina (por ordem do mais velho para o mais novo), decidi mudar-se para uma aldeia distante da cidade com a sua família de modo a fugir da guerra. Maximilian, a esposa e os filhos partem para a aldeia, para uma casa na praia que tinha sido construída por um rico cirurgião e a sua esposa, mas que tinham tido a infelicidade do seu filho, Jacob, morrer afogado na praia. A casa, abandonada à mais ou menos uma década, passa assim a ser a casa da família Carver.

"Esse é um caminho que cada um de nós deve aprender a percorrer sozinho, rogando a Deus que o ajude a não se perder antes de chegar ao fim. Se fôssemos todos capazes de compreender no princípio da nossa vida isto que parece tão simples, grande parte das misérias e desgraças deste mundo não se chegaria nunca a verificar."

Assim que chegam à estação, Max sente que algo de errado se passa ali. O relógio da estação não funciona bem: os ponteiros andam para trás. E, como que à sua espera, está um gato que decide travar conhecimento com Irina, que logo quer adotar o animal.

Quando chegam a casa, e depois de a limpar e dar alguns retoques, a família sente-se bem no local. Max, ao olhar por uma das janelas, descobre um bosque e um espaço que parece ser um jardim. Decidi explorar o jardim e deparasse com um cenário macabro: um jardim de estátuas de pedra, que formam uma estrela de seis pontas e cujo elemento do centro é um palhaço. O mais arrepiante de tudo é que o palhaço se move, muito devagarinho. Max logo fica apavorado, mas outra descoberta está para se realizar. Max conhece Roland, um rapaz mais velho que está prestes a ir para a guerra. Roland e Max tornam-se amigos e o rapaz mais velho convida Max para ir mergulhar, junto do barco afundado, Orpheus.


O pai de Max, numa das limpezas, descobre uma caixa de filmes e um projetor e decide fazer uma sessão de cinema. Quando o filme começa, depressa percebem que não vão ver filme nenhum famoso: é um filme amador, filmado por alguém que está no jardim de estátuas de pedra. E as estátuas estão todas numa posição diferente da que Max tinha visto aquando da sua exploração.
"Sem demora, Roland agarrou no rosto de Alicia e, pousando os seus lábios sobre os dela, expirou na sua boca o ar que lhe restava..."

Um mistério enorme, onde nem tudo é o que parece; uma amizade forte que vai levar a um final arrepiante, e acima de tudo um amor que vai fazer com que tudo mude.

Max, Roland e Alicia tornam-se amigos, mas o que eles não sabiam é que há mistérios demasiados profundos para serem desvendados e histórias que não podem ser esquecidas.

Recomendo a todos os fãs de Carlos Ruiz Záfon e a todos os leitores em geral. Este é um excelente livro para um público mais jovem, apesar de ser indicado para todas as idades!

Nota (0 a 10): 7,5