quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

As Horas Distantes, de Kate Morton

Sinopse:

Tudo começa quando uma carta, perdida há mais de meio século, chega finalmente ao seu destino...
Evacuada de Londres, no início da II Guerra Mundial, a jovem Meredith Burchill é acolhida pela família Blythe no majestoso Castelo de Milderhurst. Aí, descobre o prazer dos livros e da fantasia, mas também os seus perigos.

Cinquenta anos depois, Edie procura decifrar os enigmas que envolvem a juventude da sua mãe e a sua relação com as excêntricas irmãs Blythe, que permaneceram no castelo desde então. Há muito isoladas do mundo, elas sofrem as consequências de terríveis acontecimentos que modificaram os seus destinos para sempre. No interior do decadente castelo, Edie começa a deslindar o passado de Meredith. Mas há outros segredos escondidos nas paredes do edifício. A verdade do que realmente aconteceu nas horas distantes do Castelo de Milderhurst irá por fim ser revelada...
(in Goodreads)


Opinião: 

Tinha bastante curiosidade em ler os livros desta autora. Primeiro, porque as suas sinopses sempre me despertaram a atenção; segundo, pelas suas fantásticas opiniões no Goodreads. E foi uma agradável descoberta, que só não foi uma surpresa porque esperava uma boa história, sendo isso mesmo o que aconteceu. Esta história prendeu-me logo nas primeiras páginas, criando um imaginário muito forte e deixando-me sempre em suspense, sempre a querer ler mais e a desvendar o mistério por detrás de tanta história. 

O livro, tal como refere na sinopse, conta a história de uma jovem editora, que, depois de ver a sua mãe receber uma carta misteriosa que tinha sido perdida no período da Segunda Guerra, fica completamente curiosa sobre de onde veio a carta (do castelo de Milderhurst) e sobre todo esse mistério. Mistério esse que reside na vida, mais especialmente num determinado acontecimento numa noite de tempestade em outubro de 1941, em que tudo se alterou no castelo de Milderhurst, sendo que as três irmãs nunca mais foram as mesmas. Sempre com momentos de grande intriga, mistério, romance e drama, a autora conseguiu criar um excelente romance com toques de mistério muitíssimo bem escrito e contado, uma vez que é narrado com extrema mestria. 

O enredo é fortíssimo, cheio de momentos de grande tensão e emoção, que me deixaram presa à leitura. Senti constantemente um grande apelo por saber mais, desvendar o segredo por detrás do castelo, por detrás das irmã ...e isso é revelador da força do enredo e do seu mistério. Não é um enredo previsível, sem sombra de dúvida, antes pelo contrário, e isso é fundamental numa história deste género. Tem todos os ingredientes que uma boa história deve ter e em doses bem repartidas. 

As descrições também são fantásticas e muito bem elaboradas, sem serem maçadoras. É possível sentir, ver e estar com as personagens ao longo da narrativa por causa das descrições pujantes e cheias de vida. Mesmo descrições de momentos sem corpo, como "ser chamado do meio do livro" (quando se está a ler e se é chamado), estão tão perfeitas que servem para definir esses momentos que por si mesmos não têm definição. É como se estivesse lá, se estivesse com as personagens...como se se fizesse parte do castelo e daquela história. São, de facto, descrições de grande intensidade, força e beleza. Muito assertivas e esplêndidas. 

Em relação às personagens, posso afirmar que são todas excelentes. Gostei imenso de Edith, que é a narradora e jovem editora. Sempre cheia de genica e muito curiosa, consegue ser a narradora perfeita para a história, porque está sempre à procura de respostas para os mistérios do castelo. Também gostei dos familiares de Edith, todos muito diferentes e com histórias bem fortes. E claro, também gostei das irmãs Blythe: Seraphina, Percy e Juniper, que cada uma é tão diferente da outra como o dia da noite e o sol da lua e todas têm tudo em comum e uma história tão arrepiante. Gostei de todas, cada qual à sua maneira. E também gostei muito de Tom Cavill, o eterno visitante e noivo de Juniper. 

Ao longo da leitura fui pondo várias hipóteses para a resolução dos mistérios, mas confesso que não descobri totalmente e fiquei bastante por me ter surpreendido nas minhas conjeturas, porque é sinal de que a autora conseguiu encontrar uma explicação bastante inteligente e interessante, conseguindo criar um todo global muito bem conseguido, juntando todas as peças e toda a história numa grande cúpula cheia de do passado, presente e futuro de todas as personagens. Todos os acontecimentos tiveram um propósito e uma ligação e isso está muito bem elaborado ao longo da história. 

Não tenho nenhum ponto negativo a apontar. Talvez haja quem ache a narrativa um bocadinho lenta de início, mas eu não achei, uma vez que achei isso parte integrante do mistério. 

Em suma, aqui está uma autora que espero acompanhar e que recomendo sem reservas. Excelente!

NOTA (0 a 10): 10

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Leituras 2015

Com algumas semanas de atraso, aqui está o balanço de leituras de 2015.

Li bons livros, li livros com algum interesse e li livros menos interessantes.

Vou aqui referir os que mais gosteis.

Em 1º lugar está...


Uma das histórias mais originais que li, um romance fabuloso.


Em 2º lugar...


O melhor livro de género Fantástico lido em 2015 (este e o segundo, uma vez que no total, ambos fazem parte do primeiro...por cá foi dividido...)


Em 3º lugar...


Uma belíssima história de amor e sobrevivência, maravilhosa história.

Bom ano!!!

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A Quimera de Praga, de Laini Taylor

Sinopse:

Pelos quatro cantos do mundo, marcas de mãos negras começam a aparecer nas portas, gravadas a fogo por estranhos seres alados, saídos de uma fenda no céu.

Numa loja escura e empoeirada, o abastecimento de dentes humanos de um demónio começa a ficar perigosamente reduzido. E nas ruelas labirínticas de Praga, uma jovem está prestes a embarcar numa jornada sem retorno.

O seu nome é Karou. Karou não sabe quem é, nem porque vive dividida entre o mundo humano e a sua família de demónios, mas crê que as respostas podem estar para lá de uma porta nos recantos sombrios de uma loja, ou no confronto com um completo desconhecido, de olhar abrasador e aparência divina - o anjo que queimou as entradas para o seu mundo, deixando-a só .
(in Goodreads)



Opinião:

Depois de ler várias opiniões sobre esta trilogia, tive muita curiosidade em lê-la. Pois bem, para primeiro livro está interessante, mas há muita coisa da qual não gostei propriamente. 

Em relação às personagens, tenho a referir que gostei de Karou, a personagem principal, bem como de Akiva, o anjo que se enamora por ela. Quanto a personagens secundárias, gostei de Zuzana, a amiga de Karou, se bem que me pareceu um bocadinho espalhafatosa em algumas falas e atitudes. Achei as personagens, no geral, sem profundidade e superficiais. Não posso dizer que tenha ficado "apaixonada" por nenhuma delas e esperava mais destas personagens. Também as achei um bocadinho cheias de "tiques" de adolescentes, o que era desnecessário.

Este aspeto não só está presente nas personagens, como também ao longo da narrativa e da própria escrita da autora. A história é um romance, pontuado por momentos de fantasia e magia, que são os melhores momentos, a meu ver. Tem uma premissa interessante e original e espero que seja desenvolvida nos próximos livros, mas não me agarrou totalmente. Não fiquei surpreendida com as reviravoltas, porque são, em alguns momentos, bastante óbvias. A escrita está cheia de frases suspensas e que, provavelmente, tentam chamar a atenção para determinados aspetos...e isso não me soou bem. Parece que a autora está a tratar os leitores como se não estivessem a entender o que estão a ler. Também dá um ar de "oh, que espanto! oh, que fantástico!" que é típico de adolescentes e isso fez-me lembrar um bocadinho a saga Crepúsculo, da qual não gostei.

Quanto ao que gostei mais, posso dizer que gostei da história em si. Gostei da ideia e do mundo criado pela autora, que merece ser mais explorado e não de um forma amorosa e só com foco na relação das personagens, mas também com atenção à história do mundo criado e ao seu contexto. O contexto podia ter sido melhor explorado e mais fundamentado. Espero que melhore, porque a história é interessante.

A parte de fantasia e magia é diferente do que costumo ler. Pareceu-me, no início, um bocadinho parecido com os livros da Cassandra Clare, mas não é. Gostei do desenvolvimento da história em relação a estes aspetos, daí querer ver o contexto mais explorado.

Em suma, é um bom começo para esta trilogia, apesar de não me ter arrebatado. Vou querer ler os próximos volumes, para saber mais sobre esta história. Para quem gosta de fantasia urbana, principalmente, esta é uma boa aposta: romance, ação e magia. Espero que gostem!

NOTA (0 a 10): 6

domingo, 3 de janeiro de 2016

Longe da Multidão, de Thomas Hardy

Sinopse:

Longe da Multidão é um dos romances mais conhecidos de Thomas Hardy. Narra a história de Gabriel Oak e da sua grande paixão pela bela, independente e enigmática Bathsheba Everdene, que chegou a Weatherbury como herdeira de uma vasta propriedade rural. Mas a jovem é também pretendida pelo sedutor sargento Troy e pelo respeitável agricultor de meia-idade Boldwood. Ao mesmo tempo que os destinos destes três homens dependem da escolha de Bathsheba, ela descobre as terríveis consequências do seu coração inconstante. O jogo das personagens, com as sumptuosas paisagens rurais como pano de fundo, contribuiu para fazer deste romance notável um dos grandes clássicos da literatura inglesa. (in Goodreads)



Opinião:

Há muito tempo que não lia um romance clássico tão maravilhoso. Há sempre um certo risco em ler clássicos românticos para mim, uma vez que não são os meus favoritos (Jane Austen e assim) e desde O Monte dos Vendavais (Charlotte Brontë) que não lia um romance tão belo e com uma narração tão mágica. 

A história é bastante simples. Bathsheba é uma rapariga jovem que vai viver para a quinta do seu tio como herdeira. Sozinha, apenas com os seus empregados, vê-se na difícil posição de mulher independente, com o seu próprio negócio e sem marido. Tendo em conta o seu estatuto e a sua beleza, cedo começam a aparecer pretendentes e ela começa a ter de escolher e de ponderar sobre o que é melhor para si. 

Porém, a escrita do autor é tão bela, as descrições são tão ricas e profundas e a narração é tão leve e sarcástica (em contraste com a história em si), que o que parece simples deixa de o ser e torna-se numa belíssima história de amor, que é mais do que isso: é uma ode ao amor, à liberdade e à perseverança, bem como à beleza rural e do que é mais puro. 

Existem momentos da história em que as descrições são tão pormenorizadas (sem serem maçadoras ou em demasia) e as palavras usadas tão especificas e bem escolhidas que é como se eu estivesse presente nos momentos. Ora, isto é tudo o que um leitor pode querer, em termos de descrições.

Em relação às personagens, gostei bastante de Bathsheba porque é uma personagem feminina bastante forte, independente e nada lamechas, antes pelo contrário; é trabalhadora e um pouco fria, por vezes. Também gostei dos três pretendentes, se bem que tenha gostado mais da personalidade de Oak do que da dos outros dois (Boldwood e Troy), sendo que Troy mostrou-se um belo patife em determinados momentos. Em relação às outras personagens, gostei bastante dos empregados da quinta e das suas conversas e deambulações, que são parte muito importante da história, uma vez que servem de apoio às personagens principais e à própria estrutura narrativa. 

Não estava à espera de gostar tanto deste livro e foi uma excelente surpresa. Romance, humor, alguns toques de gótico e de mistério, com algum suspense à mistura, este clássico é um dos melhores que li até hoje. Espero ver o filme para poder comparar, mas duvido que faça jus ao livro, que é de uma beleza maravilhosa. Sendo assim, recomendo totalmente. A escrita é fluida, bastante sarcástica, não há momentos parados e a ação é constante. Uma maravilha da literatura! 

NOTA (0 a 10): 10