quarta-feira, 29 de abril de 2015

Passatempo O Indesejado, de Sarah Waters

Hoje venho informar-vos que vai estar a decorrer aqui no blogue um passatempo, em parceria com a Editorial Bizâncio, desde agora até 6 de Maio. 

O livro para o qual vão concorrer é o seguinte:


Fica uma pequena sinopse, feita por mim, da minha opinião, que podem encontrar aqui.

O Indesejado conta a história de Faraday, um médico rural de Warwickshire, no pós-guerra. Faraday começa a narrativa indo atrás no tempo, para contextualizar a sua narrativa. Filho de pessoas não muito ricas, Faraday sempre sentiu um enorme espanto e encantamento pela mansão dos Ayres: Hundreds Hall, onde a sua mãe trabalhava. Certo dia de 1919, numa festa para entrega de medalhas a jovens escuteiros, na mansão, Faraday, com dez anos, vai até ao interior da casa e, maravilhado com os retoques do tecto, decide cortar uma das bolotas de pedra do rebordo. Mais tarde, acaba por ficar sem a bolota, mas o seu fascínio por Hundreds continua, e, depois de se formar e de voltar para o condado, Faraday é chamado para uma urgência na casa, isto alguns anos depois do final da Segunda Guerra. Depois desse dia, o seu convívio com a família começa a crescer e a crescer, à medida que a casa continua a decair e a ficar cada vez mais decrepita. Roderick, Caroline e Mrs. Ayres também começam a ver em Faraday um amigo e este passa a ser um visitante assíduo de Hundreds. 

Enquanto a amizade avança, muitas coisas começam a acontecer na casa, deixando antever algo de sobrenatural, apesar de Faraday afastar sempre essa hipótese, chegando a temer pela sanidade mental dos seus novos amigos. 

Com uma casa arruinada, cheia de dívidas e assuntos misteriosos, a família Ayres, há séculos a viver no local, começam a por em causa a permanência na casa, à medida que se embrenha nos acontecimentos. 


Nota: 


Para serem seguidores aqui no blogue podem ser através do Google+ ou através do botão "seguidores", indo à barra lateral direita, que aparece quando se desliza por ela com o rato. É o 10º botão.

Regras:

- participar até às 23h59 de 6 de Maio de 2015;
- ser seguidor do blogue aqui E no Facebook;
- partilhar o link do passatempo;
- ser residente em Portugal;
- só são aceites uma participação por pessoa/morada;
- apenas haverá um vencedor, que será apurado através do site: random.org.

domingo, 26 de abril de 2015

O Miniaturista, de Jessie Burton

Este é um dos livros pelo qual eu estava mais esperava, com curiosidade e expectativa, achando que ia encontrar uma obra cheia de suspense e mistério, devido à sinopse e a alguns comentários internacionais. Pois bem, enganei-me, até certo ponto. Não há terror, mas há uma história muito humana e bastante misteriosa, não em termos sobrenaturais, mas em termos sociais. É um retrato de uma sociedade, de uma época, é uma história com imensa realidade, muito bem escrita, que mostra a vida de uma família através de um olhar misterioso e diferente. Acabei por encontrar não o que estava à espera, mas algo fascinante e belo, bastante forte.


Sinopse:

No ano de 1686, depois de casar, a jovem Petronella Oortman deixa a sua casa e a sua família no campo e parte para a casa do seu esposo, Johannes Brandt, um mercador de sucesso, em Amesterdão, na parte mais rica da cidade. A pensar numa vida romântica e em mil maravilhas da vida de casada, Nella cedo descobre que nada é como esperava e encontra uma casa não muito acolhedora, com uma cunhada fria e distante. Assim, a única coisa que a anima na sua nova situação é a prenda do seu marido: uma casa de bonecas maravilhosa. Nella descobre um miniaturista para criar objectos e bonecas para a sua casinha e começa a montar a sua casa, uma réplica perfeita da sua nova casa. O que ela não sabia é que os bonecos e objectos começam a chegar sem serem pedidos, mostrando-se como algo sinistro quando começam a ser um prenúncio de certos acontecimentos e quando começam a representar a sua vida na perfeição, sem Nella ter dado a conhecer nada dela ao miniaturista. 

Nella vê-se rodeada de um mistério incapaz de resolver e da sua nova família estranha, cujos segredos são mais do que muitos, capazes de os afundar a todos.

Opinião:

Encontrei neste livro uma história sem igual.Tanto em termos narrativos, como da própria escrita da autora, que é bastante peculiar, passando pelas personagens e pela forma como estas abordam as suas questões. É uma história muito bonita, que começa numa cadência não muito rápida e que vai ascendendo até se ouvirem os tambores a rufar, como que em apoteose. A história quase que termina no seu auge, deixando uma réstia de nostalgia e espanto ao terminar de forma tão brusca, num momento tão decisivo. Fiquei a olhar para a última página, dando por mim a pensar "Já está? E mais?". Mas, no fundo, sei que terminou no momento certo. Não há necessidade de mais nada, porque o que lá está basta para mostrar as sombras da sociedade, os segredos que se tornam em tragédias e a hipocrisia que envolve todas as pessoas e todo o ambiente.

É aqui revelado uma parte da história da Holanda, que tanta história tem para oferecer e que nem sempre aparece como podia aparecer. Fiquei a conhecer vários aspectos históricos de Amesterdão, bem como questões sobre os mercadores e a sua forma de vida, e ainda alguns termos utilizados no dia a dia. A autora fez um trabalho notável, em todos os níveis, incluindo a nível histórico. Está tudo muito coerente e os apêndices estão muito bem empregues.

Gostei de como a autora abordou temas que na altura eram um escândalo (e que talvez ainda hoje, para alguns, o sejam...digo talvez como um eufemismo...), e como os misturou com algo cheio de mistério como é o facto do miniaturista e da sua capacidade de conhecer os seus clientes melhor do que eles mesmos se conhecem. Aliás, a forma como esta personagem entra na história, como paira sobre as personagens e como a trama se enreda à volta dela, está imensamente bem elaborada e é o ponto fulcral. Todo o mistério que cerca a personagem está muito bem construído e fiquei satisfeita com a forma como ficou aparentemente concluído.

Também gostei bastante do destaque das mulheres na história. Esta é uma história em que a mulher é o centro de tudo. Não estou com isto a dizer que é um livro para ou de mulheres. Nada disso! Esta é uma história em que a mulher é o seu centro, em que ela tem o papel principal. Numa altura em que a mulher tinha como papel a subserviência ao marido, todas as personagens femininas são aqui retratadas como sendo elas o grande motor da história, mostrando que a mulher é mais do que aquilo que poderia aparentar naquela época. Aliás, todas as classes mais "baixas" da sociedade da época são aqui exaltadas, o que me agradou bastante.

Em relação às personagens só posso dizer que todas elas são pertinentes; todas elas são necessárias e complexas. Gostei muito de Petronella Oortman Brandt, que sofre uma modificação psicológica bastante grande ao longo da narrativa. Também gostei muito de Marin Brandt, que foi quem mais me surpreendeu, acabando por tornar-se a personagem mais complexa e cheia de um passado riquíssimo em história pessoal e ambiguidades. E claro, a personagem mais misteriosa de todas também me fascinou. No final, gostei de todas as personagens, e mesmo aquelas que se mostraram odiosas acabaram por me comover na sua história.

Esta é uma história familiar, uma história de perdão, de traição, de amor, de medo e de mistério. É uma história que podia ter acontecido e que mostra a crueldade que os sentimentos podem promover; mostra como o ódio leva ao crime, à mentira, à denuncia...mostra como o ódio só acarreta mais ódio e amargura e como é destrutivo. Mostra como os segredos e as restrições sociais muitas vezes levam à ruína e não ao bem comum de uma sociedade que vive em comunidade, mas que se destrói a si mesma com as suas hipocrisias e mentiras. Mostra como os actos têm consequências...todos eles. Mostra que, por mais que se esconda, há sempre alguém a ver, alguém a espreitar.

Enfim, é uma história singular, como nenhuma outra e que tem muito a ensinar. É uma história que nos deixa a pensar, que comove e que aflige, mas que também diverte e faz-nos sorrir. É uma bela história, que provoca quem a lê. E isso é excelente. Recomendo vivamente.

Ainda de referir a beleza estética da obra. A capa é maravilhosa, bem como todo o interior. Lindo!

NOTA (0 a 10): 9

sábado, 25 de abril de 2015

A Canção dos Maoris, de Sarah Lark

Chegou ontem o meu exemplar de A Canção dos Maoris, de Sarah Lark! 


Gostei muito do primeiro, tendo sido a melhor leitura de 2014, por isso é com grande curiosidade que espero por este, que espero ser tão bom ou melhor do que o anterior (é difícil ser melhor...). 

Quero agradecer à Marcador e espero em breve lê-lo e dar a minha opinião.

Mais uma grande história, mais uma excelente aposta da Marcador.

Fica o link para a editora, para mais informações.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O Poço da Ascensão, de Brandon Sanderson

Depois de ler o primeiro livro da trilogia Mistborn (Nascida nas Brumas) só podia querer ler os outros dois volumes. E agora li o segundo, que é verdadeiramente uma maravilha, muito muito melhor do que o primeiro. Sanderson está de parabéns pelo excelente trabalho que fez com este segundo volume!


Sinopse:

Alcançaram o impossível: o mal que governara o mundo pela força do terror foi derrotado. Mas alguns dos heróis que lideraram esse triunfo não sobreviveram, e eis que surge uma nova tarefa de proporções igualmente gigantescas: reconstruir um novo mundo. Vin é agora a mais talentosa na arte e técnica da Alomância e decide reunir forças com os outros membros do bando de Kelsier para ascender das ruínas de um passado vil.

Venerada ou perseguida, Vin sente-se desconfortável com o peso que carrega sobre os ombros. A cidade de Luthadel não se governa sozinha, e Vin e os outros membros do bando de Kelsier aprendem estratégia e diplomacia política enquanto lidam com invasões iminentes à cidade.

Enquanto o cerco a Luthadel se torna cada vez mais apertado, uma lenda antiga parece oferecer um brilho de esperança: o Poço da Ascensão. Mas mesmo que exista, ninguém sabe onde se encontra nem o poder que contém… Resta a Vin e aos seus amigos agarrar esta fonte de esperança e conseguir garantir o seu futuro e futuro de Luthadel, cumprindo os seus sonhos e os sonhos de Kelsier.
(in Saída de Emergência)

Opinião:

Há muito para dizer sobre este livro. Desde as personagens, passando pela construção da narrativa, até ao fantástico e brutal final que acabou por se mostrar um dos melhores finais de livros intermédios de sagas/trilogias...podia estar aqui a escrever e a escrever e não diria tudo aquilo que sinto em relação a esta história. Portanto, vou tentar ser simples, de forma a escrever tudo o que senti sobre esta obra de Fantasia que é fantástica.

Depois de um primeiro volume que acabou por ficar um bocadinho aquém das minhas expectativas (só um bocadinho...), foi com grande curiosidade que comecei a ler este volume, na expectativa de ver ser seria ou não melhor do que o primeiro e para conhecer os destinos das personagens que tanto passei a gostar. E fiquei completamente esclarecida quanto à mestria deste volume, logo nas páginas iniciais. O enredo prendeu-me logo: tanto as questões políticas, o perigo em que as personagens estavam, a relação entre Vin e Elend (que foi um das minhas personagens favoritas no primeiro volume), o mistério inerente à demanda de Sazed, logo no início, as brumas, a Profundeza...tudo me prendeu.

Este volume mostra um amadurecimento muito grande por parte das personagens; de todas elas. Vin está muito mais interessante. Já não se anda sempre a queixar e confusa. Apesar de ter sempre grandes dilemas pela frente, Vin mostra-se como alguém mais adulto, alguém menos centrado em si mesmo. Gostei muito desta Vin, muito mais do que gostei dela no primeiro livro. Está muito mais encantadora, menos "bicho do mato", mais realista, mais desanuviada e mais confiante. A sua relação com Elend também ajudou ao meu apreço por ela; a forma como geriu a relação, o amor que votou a Elend e a sua força de espírito, presença e justiça. Também a sua forma de lutar me pareceu mais apurada, mais trabalhada e mais elegante. Enfim, Vin está mudada e para muito melhor!

Quanto às outras personagens, todas elas evoluíram, trazendo força à história. Elend voltou a justificar o meu apreço por ele desde o começo, mostrando mais uma vez que é importante lutar pelos ideais e pela justiça. Os elementos do bando também mostraram a sua força, trazendo riqueza ao enredo e humanidade. Sazed mostrou-se mais uma vez crucial, interessante e uma mais valia para o enredo, como portador de assuntos mais estranhos e místicos, o que só trouxe dinamismo e mistério à obra, dando um cariz mais negro a este volume. Tindwyl também foi uma mais valia para história. As suas lições com Elend foram muito interessantes e ricas. Uma senhora muito especial, inteligente e digna de ser rainha. E depois temos Zane...Zane foi a personagem mais misteriosa e mais carismática do livro e talvez dos dois livros. Cheio de atitude, carismático, misterioso, um pouco louco, mas com um quê de bom, Zane mostrou ser um individuo extremamente complexo e interessante. Excelente! 

Em relação ao enredo só tenho a dizer que está soberbo. Pode parecer que é um tanto lento ao início, mas não é. Toda a narrativa está elaborada com um compasso bastante melódico e bem construído. Nada é ao acaso, nada está a mais. Não há lentidão alguma, há sim o tempo de cada personagem, de cada acontecimento, de cada ponto especial. Tudo é especial, tudo leva a algo. Quando cheguei ao fim pensei assim: "Fantástico! Estava tudo lá, o tempo todo...tantas pistas para este final ao longo da história!". E é isto mesmo que eu procuro quando leio um livro deste género. Procuro que me surpreenda, que me emocione, que me alegre, que me faça sentir diversas emoções e que puxe pela imaginação, pela mente e pelo coração. Foi isso que aconteceu ao ler este livro e fiquei imensamente satisfeita. Há mistério, há suspense, há intriga, há política, há amor, há ódio, há magia, há dor, há batalhas, há alegria...há uma complementaridade de sentimentos e emoções reais, que reflectem a mente e o comportamento humano. 

Este é um livro de Fantasia, mas podia ser um livro de uma história real, do mundo real. Está tão bem fundamentado, tão bem construído, que parece uma canção, uma narrativa épica forte e pujante. Só posso dizer que é uma narrativa soberba e muito ambiciosa, que elevou o patamar desta trilogia a uma esfera bem mais alta, no meu ponto de vista. Não podia estar melhor. A forma como os acontecimentos confluem uns para os outros, moldando o enredo e as relações entre personagens é perfeita. As questões mais místicas, sobre a Profundeza e o Herói das Eras, estão muito bem elaboradas. Excelente! Toda a parte final é simplesmente épica. Senti isto com alguns livros, principalmente do campo do Fantástico, mas não foram muitos. Foram: Harry Potter e os Talismãs da Morte (JK Rowling), O Senhor dos Anéis - O Regresso do Rei (Tolkien), As Mentiras de Locke Lamora (Scott Lynch), Os Dragões do Assassino (Robin Hobb), O Nome do Vento (Patrick Rothfuss), A Princesa Mecânica (Cassandra Clare). 

Não quero escrever muito sobre o enredo para não criar spoilers. Este livro não carece de spoilers; é para ser degustado, lido com calma, tempo e concentração, porque é como um bom néctar, de uma excelente colheita. É um género de ode à perseverança e ao sentido de justiça, bem como à honra, apesar de tudo.

Portanto, podem constatar que o livro é mesmo bom, para o colocar no mesmo patamar dos melhores que já li dentro deste género. Estou imensamente feliz por ter tido oportunidade de o ler, porque a minha visão da literatura fantástica acabou de se expandir, com a leitura desta magnífica obra literária. Todas as minhas expectativas foram superadas neste volume e tornou-se um dos meus livros de Fantasia favorito, por tudo isto que tenho vindo a referir ao longo deste texto.

Também quero referir todo o trabalho gráfico da edição portuguesa, que está de parabéns! A capa é linda, bem como todo o interior, desde os mapas e desenhos interiores, até os cabeçalhos dos capítulos e à letra destes.

Em suma, recomendo totalmente. Um dos melhores livros de Fantasia que li até agora e uma excelente aposta da Saída de Emergência. Continuem a apostar no autor, pois é fantástico! Aqui está uma obra com todos os predicados e todos os ingredientes. Maravilhoso!

Agora é esperar pelo terceiro! 

NOTA (0 a 10): 10

domingo, 5 de abril de 2015

O Livro dos Perfumes Perdidos, de M. J. Rose

Há algum tempo que andava com este livro debaixo de olho e aproveitei uma promoção da Bertrand para o adquirir. Meses depois decidi pegar nele e ainda bem que o fiz, porque o livro é maravilhoso. 


Sinopse: 

A família L'Étoile detém uma das perfumarias mais antigas de Paris, a Maison L'Étoile. Jac e Robbie, irmãos, vêem-se a braços com dívidas para pagar e muitas são as opções para resolver o assunto, mas Robbie não quer desfazer-se de nada da perfumaria, na tentativa de descobrir o paradeiro de um livro que é uma lenda e que estaria com a família desde a década de 1780, livro esse pertencente a Cleópatra, que teria todas as fórmulas dos seus perfumes, feitos na fábrica mandada construir por Marco António, e onde estaria a fórmula de um perfume que ajudaria a relembrar vidas passadas, mandado criar pela rainha ao seu perfumista. Jac tem uma particularidade: consegue cheirar e descodificar todos os componentes de todos os perfumes e também consegue ter vislumbres de acontecimentos de vidas passadas. Robbie segue os ensinamentos tibetanos. Ambos têm ligações a estas crenças. 

Mas quando Robbie descobre, no laboratório da perfumaria, um conjunto de cacos com hieróglifos, tudo se altera nas vidas dos irmãos e o que parecia uma simples descoberta torna-se num pesadelo que envolve a máfia chinesa, polícia e lamas do Tibete. 

Uma fabulosa história sobre um amor impossível que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço, sobre reencarnação e sobre questões políticas, tudo em conjunto com uma passagem pelo mundo da perfumaria, por Paris e pela China. Maravilhoso!

Opinião:

Esta história mostrou-se como uma das melhores que li até à data, neste ano. A narrativa é fluída, cheia de suspense, acção, romance, teorias fantásticas e momentos de grande tensão. Tem também descrições muito boas, simples, sem grandes floreados, mas que descrevem na perfeição. Fiquei a conhecer as catacumbas de Paris como se lá estivesse estado...parecia que estava lá, numa visita guiada, ou a ver um programa de televisão. Muito bom! Também as descrições políticas e históricas estão muito boas, demonstrando que a autora estudou bem o tema e o contexto. Fiquei a conhecer mais sobre os costumes tibetanos e sobre ideias chineses e também fiquei a conhecer alguns aspectos da religião egípcia antiga. Também gostei bastante dos momentos passados na Revolução Francesa, que estão muito bem elaborados, mostrando a crueldade de muito do que aconteceu nesse período. Aqui está a prova de como é possível escrever uma história breve, stand-alone, com qualidade e que abarca uma vasta quantidade de conceitos e temas. O livro não é apenas sobre um tema; tem vários e todos se encaixam entre si, de uma forma perfeita. Também tudo o que é sobre os perfumes está muito bom. É como se fosse possível cheirá-los como se se estivesse lá com as personagens, a cheirar as essências. Em alguns momentos é como se se estivesse dentro do livro O Perfume. Só mostra a mestria da autora.

Gostei muito das personagens. Todo o leque é bastante rico, complexo e humano. Não há personagens "pré-feitas" nem desnecessárias. Todas têm um papel, um lugar a preencher e todas têm história. Isso é importante para que a história faça sentido em todos os campos. Gostei bastante de Jac e de Robbie, bem como de Griffin e Xie e das personagens das vidas passadas: Thoth, Iset, Marie-Genevieve e Giles.

O romance entre Jac e Griffin é muito bom. Bastante complexo e um tanto sofrido, que se funde com os romances das suas vidas passadas de uma forma perfeita. O ciclo que acontece ao longo do tempo e como se encerra está muito interessante. 

Não é o primeiro livro com este tema. Também li e gostei muito do livro Em Nome da Memória, de Ann Brashares, que conta a história de Daniel, um rapaz que consegue lembrar-se de todas as suas vidas passadas desde sempre e que anda sempre à procura do seu primeiro amor, da mulher que acabou por matar no início. Gostei mais desse, mas a história deste é diferente. Tem mais acção e suspense. Isto para dizer que é um tema bastante interessante de acompanhar na literatura. 

Em suma, aqui está uma das melhores leituras do ano, até agora. Um livro diferente, com uma escrita fluída, um contexto perfeito, bastante bem delineado, personagens fortes, enredo forte, acção, drama, suspense, humor, uma história de amor eterna, bonita e cheia de história. Recomendo vivamente a todos os que gostam de uma boa história e de uma boa dose de emoção! Não percam esta história, porque é muito boa. Excelente livro! Espero ler mais obras da autora.

NOTA (0 a 10): 10

Cinderella

Fui ver o filme na semana passada, com grande curiosidade, uma vez que esta é mais uma adaptação de um dos meus contos favoritos. Cinderella será sempre uma das minhas histórias favoritas e uma das personagens destes contos que mais gosto.


Pois bem, o filme conta a história de Cinderella, sem tirar nem por. Desde criança até à juventude, já com a madrasta e as suas horríveis meias-irmãs. Depois de conhecer o príncipe e de este ter ficado bastante curioso sobre a sua identidade, é formalizado um maravilhoso baile para que o príncipe encontre uma noiva, onde ambos se encontram de uma forma magnífica, numa cena muito bela, de encher a vista. 

O filme está muito bonito. Todas as actrizes estão lindas, com vestidos completamente maravilhosos. A Ella, Lily James, está muito bem, bem como a madrasta, Cate Blanchett, e a fada madrinha, Helena Bonham Carter. Também os homens estão bem, principalmente o jovem e belo Richard Madden, que veste a pele do príncipe, Kit. Todas as representações estão boas.


Outro aspecto excelente é a imagem, a beleza dos cenários, o guarda-roupa imponente e estupendo. Tudo é verdadeiramente bonito...como se imagina ao ler a história. A cena do baile é de uma beleza enorme, tal e qual o que se imagina ao ler a história. Penso que será uma das grandes cenas que vão marcar o cinema: Ella e Kit a dançarem, uma maravilhosa valsa de grande impetuosidade, uma cena que tem direito a vários minutos e com planos que deixam os espectadores sonharem e alegrarem-se com a leveza dos dois dançarinos, que parecem saídos de um bailado. Ou seja, todo o aspecto visual é maravilhoso, rico e memorável.




No entanto, ficou algo por contar. O filme não acrescenta nada à história original, não há diferenças. A única coisa que se vê mais aqui é a vida do príncipe (e que muito enriquece o enredo). Comparando este filme com outro do género, Maléfica, fica um tanto aquém, uma vez que a história apresentada no filme de Maléfica é muito mais denso e rico no enredo. Senti uma linearidade excessiva durante o filme. E algum humor que se torna um tanto forçado. Pareceu-me demasiado infantil e não era necessário. O facto do filme ser para 6 anos explica tudo o que acabei de dizer.



Mas vale a pena ver com gosto e deixar-mo-nos  levar pela história e pela sua beleza. Existem várias cenas fantásticas para além do baile, como é o caso da transformação da abóbora, dos animais e do vestido. Recomendo vivamente, porque um filme destes é um mimo.

NOTA (0 a 10): 8

quarta-feira, 1 de abril de 2015

O Poço da Ascensão, de Brandon Sanderson (Divulgação)

Depois de ter lido o primeiro livro desta trilogia não podia deixar de querer ler os restantes, dada o interesse que o primeiro mostrou ter. Com uma história e um mundo tão bem fundamentado e fundado, foi com grande curiosidade que esperei pelo segundo. Agora chegou e espero que supere as expectativas! 


Obrigada Saída de Emergência. 

Quem é que já leu? 

Fica a sinopse:

Uma das sagas de fantasia que mais sucesso teve nos últimos anos. Todos os fãs do género deveriam ler.

Alcançaram o impossível: o mal que governara o mundo pela força do terror foi derrotado. Mas alguns dos heróis que lideraram esse triunfo não sobreviveram, e eis que surge uma nova tarefa de proporções igualmente gigantescas: reconstruir um novo mundo. Vin é agora a mais talentosa na arte e técnica da Alomância e decide reunir forças com os outros membros do bando de Kelsier para ascender das ruínas de um passado vil.

Venerada ou perseguida, Vin sente-se desconfortável com o peso que carrega sobre os ombros. A cidade de Luthadel não se governa sozinha, e Vin e os outros membros do bando de Kelsier aprendem estratégia e diplomacia política enquanto lidam com invasões iminentes à cidade.

Enquanto o cerco a Luthadel se torna cada vez mais apertado, uma lenda antiga parece oferecer um brilho de esperança: o Poço da Ascensão. Mas mesmo que exista, ninguém sabe onde se encontra nem o poder que contém… Resta a Vin e aos seus amigos agarrar esta fonte de esperança e conseguir garantir o seu futuro e futuro de Luthadel, cumprindo os seus sonhos e os sonhos de Kelsier.
(podem consultar aqui)

Partilho também a minha opinião do primeiro volume:

Teremos Sempre Paris, de Day Bradbury (Divulgação)

Chegou na semana passada este livro, que é uma antologia de poemas do autor. Irá ser o primeiro que leio dele e espero gostar. Quero agradecer à Editorial Bizâncio.

Já leram?

Fica uma sinopse da obra:

Em Teremos Sempre Paris – uma selecção de contos inéditos – o inimitável Ray Bradbury encanta-nos de novo com a sua prosa fluente e cantante. Imagina coisas extraordinárias e observa com especial acutilância as fraquezas humanas, as pequenas falhas de carácter. Os seus contos são eternos. Teremos Sempre Ray Bradbury. (podem consultar mais aqui)