sábado, 27 de fevereiro de 2016

Outlander - A Libélula Presa no Âmbar, de Diana Gabaldon

Sinopse:

Durante vinte anos Claire Randall manteve o seu segredo. Mas agora, de férias nas majestosas e misteriosas Highlands, Claire planeia revelar à sua filha uma verdade tão impressionante como os acontecimentos que lhe deram origem: o mistério de um antigo círculo de pedras, um amor que transcende os limites do tempo e a verdadeira identidade de James Fraser, um guerreiro escocês cuja valentia levou uma Claire ainda jovem da segurança do seu século de vida para os perigos de um outro tempo.

Mas um legado de sangue e desejo vai testar Brianna, a sua bela filha. A fascinante viagem de Claire vai continuar em Paris, ao lado de Carlos Stuart, na corte intriguista de Luís XV. Jamie tem de ajudar o príncipe a formar alianças que o apoiem na reconquista do trono da Inglaterra. Claire, no entanto, sabe que a rebelião está fadada ao insucesso. A tentativa de devolver o Reino aos católicos resultará num banho de sangue que ficará conhecido como a Batalha de Culloden, e deixará os clãs escoceses em ruínas. No meio das intrigas da corte parisiense, Claire enfrenta novamente um velho rival, tenta impedir o morticínio cruel e salvar a vida do homem que ama.
(in Goodreads)


 

Opinião:

Depois de um ano de interregno entre a leitura do primeiro e a do segundo, foi com grande prazer que me dediquei à leitura deste belo exemplar de 1000 páginas. 

Gostei muito do primeiro volume e estava na expectativa de gostar também muito deste, senão mais, e fiquei satisfeita. Acabei por não gostar mais deste do que do primeiro, mas gostei muito, uma vez que é um livro muito completo e repleto de aventuras e romance. 

Claire Fraser, esposa de Jamie Fraser, continua uma excelente narradora. Ela é a força motriz de toda a narrativa, porque é uma mulher cheia de garra e de força, que nunca cruza os braços face às adversidades e está sempre pronta para a luta, seja ela literal ou metafórica. Gostei muito de a rever e gostei ainda mais de rever Jamie, que é um autêntico homem das Terras Altas da Escócia, que neste volume se vê atirado para as intrigas da corte francesa em pleno século XVIII, a corte do Rei Sol, onde tudo é possível e onde nem tudo é o que parece. Também gostei de rever outras personagens, como a irmã de Jamie e o seu esposo, Jack Randall (apesar de o detestar) e todas as outras personagens. Mas gostei ainda mais de conhecer as novas personagens que foram introduzidas, em especial a filha de Claire e Jamie, Brianna, e também Roger MacKenzie, que serve muito bem o seu propósito, bem como do par Mary Hawkins e o irmão de Jack Randall, Jonathan. Todas as personagens são diferentes e cheias de características fortes e únicas e isso é sempre bom de encontrar num livro. 

Em relação ao enredo também gostei muito. Gostei da forma como a história começou e terminou, se bem que tenha estranhado no início, uma vez que a história começa e termina em pleno século XX. Acho que foi uma excelente forma de dar continuidade à história, bem como incrementar um tanto suspense na medida que faz o leitor se estar sempre a perguntar "o que será que aconteceu?". Também gostei de como a autora pegou e juntou esta parte com a do primeiro livro: a ida de Claire e Jamie para França, em busca de planos para frustrar a tentativa de revolta dos jacobitas na Escócia (aqueles que lutavam pela independência da Escócia), que acabou, historicamente, num autêntico massacre no Campo de Culloden. Gostei da forma como a autora misturo ficção com realidade, de uma forma bastante contextualizada. 

Também gostei de todas as descrições e todos os momentos da narrativa. Nada está ali a mais. É um livro extenso, mas nada é acessório e tudo o que lá está faz falta à história. Existem imensas reviravoltas, aventuras, lutas...existe uma grande dose de romance, que está excelente. Também há um tanto de magia que se mostrou bastante interessante. As descrições são tão detalhadas, mas sem grande palavreado, que é como o se se lá estivesse junto das personagens. Muito bom. 

Em suma, aqui está mais um excelente volume da autora, que consegue aliar História com Ficção de uma forma fantástica e imensamente contextualizada. Espero que, com a série e tudo isso, estes fantásticos livros tenham o sucesso que verdadeiramente merecem, porque, juntar viagens no tempo, com a Escócia, aventuras, romance e muita beleza, é realmente um achado único e esplêndido. O terceiro há por cá (A Viajante) e o quarto está para chegar. Espero que a saga continue com um excelente nível que demonstrou ter nestes dois volumes, pois, de facto, é uma narrativa brilhante, para todos, homens e mulheres. Recomendo vivamente e espero ler em breve o próximo.

NOTA (0 a 10): 10

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

I'm the King of the Castle, de Susan Hill

Sinopse:

Numa casa rural inglesa, um rapaz de nome Edmund Hooper vê o seu domínio ser dividido com outro rapaz, Charles Kingshaw, da mesma idade, cuja mãe vai trabalhar como governanta para a casa. Ambos com um feitio muito teimoso, logo começam a brigar pelo espaço e pelas atenções, com Edmund a começar o ataque a Charles assim que vê algumas fragilidades no rapaz. Assim, a luta de personalidades começa e toma conta da história.


Opinião:

Ainda não tinha lido nada da autora, apenas tinha visto o filme A Mulher de Negro (adaptação do livro de Susan Hill). Tendo em conta o género do filme/livro e também da sinopse deste livro achei que tinha aqui um livro com um enredo um tanto assustador ou de suspense. Pois bem, houve momentos em que isso pareceu possível, mas não passaram disso: possibilidades. Assim, uma história que podia ter tido momentos de grande emoção e que podia ter sido conduzida, a meu ver, de um modo mais interessante e poderoso, ficou-se por uma história sobre dois rapazes que passam o tempo a fazer bullying um ao outro. Porque este livro é única e exclusivamente sobre bullying e nisso está interessante.

Gostei das descrições dos espaços e da forma como a história é conduzida, mas não gostei muito das personagens. Não houve nenhum desenvolvimento emocional, nem em Edmund nem em Charles. Ambos continuaram os mesmos, depois de tudo o que passaram naqueles tempos. E, verdadeiramente, não há um motivo assim tão grande para um ódio tamanho...mas isso é habitual nestes casos. Não há motivo absolutamente nenhum para a existência de bullying.

No início estava a gostar muito, mas depois o enredo quase que para e fica um tanto sem alteração e isso é um pouco maçador. 

Não posso dizer que tenha compreendido melhor o lado de Charles ou o de Hooper, porque não me consegui apegar a nenhuma das personagens. A dado momento, existem diálogos interiores das personagens que estão sempre a repetir a mesma coisa e isso torna-se um bocado irritante. Não quero referir muito mais sobre as atitudes e comportamentos das personagens, senão estaria a contar demais e não o quero fazer...mas a parte final foi a mais densa. De um livro que se esperava um tanto com contornos obscuros e de suspense, esse foi o único momento, pelo menos o de maior tensão. 

Em relação às outras personagens não posso dizer que tenha ficado encantada com nenhuma, se bem que o amigo de Charles, que aparece mais para o final, pareceu-me a personagem mais interessante. Não gostei muito dos pai de Edmund nem da mãe de Charles, pois pareceram-se deveras ausentes e despreocupados.

Em suma, gostei do ambiente que a autora criou (a casa, o bosque...) porque a atmosfera está muito bem conseguida, mas esperava mais, principalmente por causa disso...a meu ver o contexto da história podia ter sido muito mais explorado e muito mais expandido. A casa e o bosque mereciam uma história e personagens melhores. As personagens não ajudaram muito e, como não houve grande evolução psicológica ou comportamental, isso fez com que a narrativa não evoluísse, mesmo que acabasse com o mesmo final. É livro interessante para debater temas sérios, como o bullying, e vale por isso.

NOTA (0 a 10): 5

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Histórias de Aventureiros e Patifes, organizado por George Martin e Gardner Dozois

Sinopse:

RECOMENDAMOS CAUTELA A LER ESTES CONTOS: HÁ MUITOS PATIFES À SOLTA.

Há personagens malandras e sem escrúpulos cujo carisma e presença de espírito nos faz estimá-las mais do que devíamos. São patifes, mercenários e aldrabões com códigos de honra duvidosos mas que fazem de qualquer aventura uma delícia de ler.
George R. R. Martin é um grande admirador desse tipo de personagens – ou não fosse ele o autor de A Guerra dos Tronos. Nesta monumental antologia, não só participa com um prefácio e um conto introduzindo uma das personagens mais canalhas da história de Westeros, como também a organiza com Gardner Dozois. Se é fã de literatura fantástica, vai deliciar-se!

AO LER ESTE LIVRO, ESTARÁ A ASSINAR UM PACTO DE COMUNHÃO COM OS SEGUINTES AUTORES:
 
Gillian Flynn – autora de Em Parte Incerta
Neil Gaiman – autor de Sandman
Patrick Rothfuss – autor de O Nome do Vento
Scott Lynch – autor de As Mentiras de Locke Lamora
Connie Willis – autora de O Dia do Juízo Final

E MUITAS OUTRAS MENTES PERVERSAS DA LI ERATURA FANTÁSTICA.
(in Edições Saída de Emergência)



Opinião:

Este livro é uma antologia de contos, com nomes sonantes como George Martin, Scott Lynch e Patrick Rothfuss. E sim, estou a referir os meus favoritos, porque, na verdade, foram aqueles de que mais gostei neste livro e que, para mim, são mesmo nomes sonantes, mesmo sabendo que todos os outros nomes presentes nesta antologia também o são.

Muito bem...

Todos os contos têm o seu interesse. Confesso que estava bastante curiosa para ler aqueles dos meus autores favoritos, e também o de Gaiman (outro autor que muito aprecio). E também posso afirmar que foram esses contos aqueles de que mais gostei.

Portanto, vou discorrer brevemente sobre todos os contos menos sobre os de Neil Gaiman, Patrick Rothfuss, George Martin e Scott Lynch.

Dos outros contos, aquele de que mais gostei foi do de Gillian Flynn, que mistura o suspense com algum terror e mistério, criando uma grande atmosfera visual e de emoção, com todo o mistério em redor da casa e também das personagens. Não gostei muito dos outros contos...achei-os interessantes, mas não fiquei fascinada...esperava mais.

Em relação ao conto de Neil Gaiman, gostei bastante, apesar de ter achado alguns momentos bastante estranhos e um pouco incoerentes. Já li outros livros do autor e sei que as suas histórias tendem a ser um pouco estranhas, mas sempre gostei muito dessa estranheza e nunca tinha achado nada incoerente, antes pelo contrário. Neste conto achei isso e fiquei um bocadinho dececionada. As personagens e o contexto são do livro Neverwhere, que tenho para ler, portanto espero compreender melhor este conto quando ler o livro.

Sobre Scott Lynch, tenho a dizer que esperava muito, muito mais. Esperava principalmente encontrar Locke Lamora e o seu bando e foi isso que me entristeceu quando vi que não havia Locke nenhum, apesar de já ter sido avisada. No entanto, é um bom conto, com muita ação e reviravoltas,  bem ao estilo do autor, que tanto se diverte a contar as suas histórias e que faz com que isso passe para os leitores.

Quanto a Patrick Rothfuss...aqui está o meu conto favorito. Gostei imenso de rever Bast e Kvothe e todas as outras personagens que aparecem no conto e nos livros do autor. Gostei do pouco que mostra, mas já mostra muito, porque não se conhece muito sobre Bast e não costuma aparecer o seu dia a dia nos livro. Portanto, este foi um belo conto, que nos mostra o que Bast faz no seu dia a dia, apesar de não avançar nada em relação à história de Kvothe. 

Depois, George Martin mostrou a sua veia mais relacionada com a narração de factos da vida das personagens, apresentando um conto onde não há diálogos nem ação direta das personagens, pois é como que uma crónica dos feitos de dois Targaryen que viveram alguns tempos antes dos acontecimentos narrados nas Crónicas de Gelo e Fogo.  Está interessante por isso mesmo, porque acrescenta mais factos históricos a este mundo das Crónicas. 

Em suma, é um livro para quem gosta de contos, de Fantasia, de histórias cujas personagens não são "certinhas" e "fofas", mas sim um bocado mais dúbias e interesseiras, como refere o título. Recomendo! 

NOTA (0 a 10): 7