sábado, 28 de janeiro de 2017

Jardins da Lua, de Steven Erikson

Sinopse:

O primeiro volume de uma obra-prima que revolucionou a fantasia Épica

Quebrado pela guerra, o vasto império Malazano ferve de descontentamento. Os Queimadores de Pontes do Sargento Whiskeyjack e Tattersail, a feiticeira sobrevivente, nada mais desejam do que chorar os mortos do cerco de Pale. Mas Darujhistan, a última das Cidades Livres, ainda resiste perante a ambição sem limites da Imperatriz Laseen. 

Todavia, parece que o Império não está sozinho neste grande jogo. Sinistras forças das trevas estão a ser reunidas à medida que os próprios deuses se preparam para entrar na contenda...

Concebido e escrito a uma escala panorâmica, Jardins da Lua é uma fantasia épica da mais elevada qualidade, uma aventura cativante da autoria de excecional nova voz. (in Edições Saída de Emergência)


Opinião: 

Depois de muito ler sobre este autor e sobre esta história era com grande expectativa que esperava por ler este livro. De facto, correspondeu a todas as minhas expectativas. Os meus parabéns à Saída de Emergência por ter apostado no autor e na saga, porque, realmente, faz jus ao Manifesto Bang! Espero que continue a editar os seguintes, porque depois deste volume maravilhoso, o leitor fica a ansiar pelos seguintes. 

Uma história ambiciosa, escrita de um modo especial e também ambicioso, com personagens maravilhosamente misteriosas e complexas, Jardins da Lua é uma livro magistral. A premissa da história é boa, cheia de suspense e muita adrenalina e merece todos os elogios que tem tido. 

As personagens estão excelentes. Todas elas são uma caixinha de surpresas. Da aparentemente mais simples até à mais complexa de todas, cada personagens é única e uma potencial causa de reviravolta para o enredo. Não há nenhuma que esteja a mais e todas têm o seu papel bastante definido. São muitas, em vários cenários e com missões bastante especiais e únicas. Gostei muito de todas e não consigo nomear nenhuma que tenha gostado mais em detrimento das outras. Porém...lá no fundo...posso dizer que a que me causou mais mistério foi o Rake. 

O que senti que me prendeu mais foi o contexto dos grupos de personagens. A história tem uma visualização panorâmica, o que faz com que o leitor consiga ver a história "de cima", podendo estar presente em momentos diferentes, que acabam por se encaminhar todos para o mesmo local, onde grande parte das personagens acabam por se encontrar todas, num desfecho emocionante e gigantesco, primorosamente orquestrado ao longo de toda a narrativa. Houve contextos que me emocionaram mais do que outros, em especial aqueles em que a magia está presente, os momentos em Darujhistan, os sonhos de Kruppe e os momentos em que a História destas civilizações é abordada e contada. 

A narrativa, como já referi, foi conduzida de forma magistral. Logo desde o começo é possível constatar o poder narrativo do autor. O que pode parecer, no começo, uma grande confusão de personagens e contextos, acaba por tornar-se num quadro de retalhos em que cada retalho é colocado no quadro no momento certo, de modo a criar uma tapeçaria gigante, complexa e perfeita. Tudo se encaixa e o puzzle cresce e conjuga-se todo à medida que a narrativa avança. Gostei muito desta perspetiva, pois, apesar de não ser a primeira vez que a encontro neste género literário, a aparente confusão inicial prende automaticamente o leitor, porque a atenção é presa num instante, bem como o interesse em deslindar toda aquela situação. 

O mundo criado também é de se lhe tirar o chapéu. Eriskson criou um mundo totalmente novo e fresco. Não há aqui nada que se possa dizer "parece...", "foi tirar ideias ali...". Não. Aqui é tudo original e isso é importante e crucial. Como grande fã deste género literário, é sempre com algum receio que começo a ler uma nova saga, porque por vezes tenho algum receio que seja parecido com algo que já exista. Neste caso, tal não acontece. Ainda não tinha lido nada parecido dentro do género e fiquei completamente convencida, tanto com a história, como com o mundo criado. 

Uma História bem contextualizada, com um passado estudado, criado de raiz, num mundo credível e bem explorado, onde as bases estão bem definidas e enraizadas, as personagens fluem naturalmente, como se fossem mesmo reais. É um mundo ambicioso, com leis e realidades diferentes e uma magia e um conjunto de deuses e deusas únicos, que está tão bem elaborado que se torna natural. Gostei da forma como a magia entra na história e molda tudo à sua volta. Está bem incrementada e é um sistema bem complexo. 

Quanto às descrições, estas são fabulosas, de cortar a respiração. O autor joga com as palavras, criando verdadeiras maravilhas. É possível visualizar perfeitamente todos os cenários que são apresentados e mesmo o que possa parecer mais estranho, de tão bem descrito, acaba por se tornar visível e compreensível. 

Em suma, um livro fantástico, com personagens fantásticas, com uma história grandiosa e cheia de estilo. É um mundo novo a ser explorado e uma aposta ganha pela Editora. O escritor é excelente! Espero ver os próximos livros brevemente por cá, para fazerem as delicias dos leitores! Recomendo vivamente, a todos aqueles que gostam de um livro cheio aventuras, mistério, magia, momentos de grande emoção, batalhas, estratégia, romance e muita, muita ação! Deixem-se levar por este mundo de magia e mergulhem em Jardins da Lua.

NOTA (0 a 10): 10

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O Bizarro Incidente do Tempo Roubado, de Rachel Joyce

Sinopse:

Em 1972, foram adicionados ao tempo dois segundos para compensar o movimento de rotação da Terra. Byron Hemmings está fascinado por este fenómeno. Nesse mesmo ano, envolve-se num acidente de consequências devastadoras.

Byron e James Lowe, o seu melhor amigo, estão convencidos de que a culpa foi daqueles dois segundos. Assim, decidem iniciar uma investigação para apurar as verdadeiras razões de tal acidente. Mas desafiar o destino pode ser perigoso...

Rachel Joyce confirma o seu talento de grande romancista, com este retrato de uma família levada ao desespero pela obsessão de uma criança. (in Goodreads)



Opinião:

Este é um livro muito interessante e bem trabalhado. O que parece ser uma simples história sobre dois amigos na casa dos dez anos, acaba por tornar-se nalgo muito mais denso e complexo, com contornos bastante sérios. A história é narrada de uma forma bastante engraçada e descontraída, o que provoca ainda mais a subtil tristeza e complexidade da história. Com personagens carismáticas e bem construídas, este livro lê-se de uma forna interessante, exigente por vezes, e não nos deixa indiferentes. Esta divido entre passado e presente e essa divisão está muito bem conseguida, tendo como grande mérito dar solidez é corpo à história.

Byron e James andam numa escola particular, são ricos e estão protegidos de tudo. Um tanto diferentes de outros colegas, ambos sãos os melhores amigos. James, o mais inteligente dos dois, é a âncora de Byron e está sempre disposto a ajudá-lo. Quando, no início de 1972, lhe diz que aquele ano teria mais dois segundos, Byron entra em pânico, temendo esse tempo a mais e o que tal provocaria ao mundo no geral. 

Toda a história nasce em torno deste medo de Byron, que acaba por desencadear os mais graves acontecimentos ao longo da narrativa. A forma como a história roda e roda em torno dos dois segundos e dos medos de Byron e James acaba por dar a forma ao enredo e por ser o contexto todo da obra.  Um medo de nada, de uma criança, acaba por provocar danos irreparáveis nas vidas de todos ao redor de Byron. Mesmo que sejam, primeiramente, atitudes e acontecimentos pouco preocupantes, acabam por se transformar num mar revolto, onde James, Byron e Diana, a mãe de Byron, se veem ligados de uma forma muito unida. 

Existem vários temas abordados na história. Desde as diferenças sociais e económicas, até a questões psicológicas muito sérias, passando pela amizade e o preconceito, as personagens dão à história um contexto rico em desenvolvimentos e temas. O preconceito, principalmente, acaba por estar na base de muitas das atitudes das personagens, bem como o medo, que é gerado pelo preconceito, que também é gerado pelo medo, como um círculo. Preconceitos sociais, económicos, físicos, psíquicos são os principais e estão muito bem trabalhados, mesmo que nem sempre sejam logo notados à primeira vista. Tudo é tão subtil que nada está dito expressamente.  

Todas as personagens são interessantes e complexas, se bem que o grande trunfo acabam por não ser tanto as personagens mas as suas ações e sentimentos. O que gira em torno delas é que faz com que a história aconteça. 

Não é uma leitura fácil, pelo menos a partir do meio do livro. Inicialmente é como que uma história engraçada com um contexto original. No entanto, a dado momento o que era engraçado e original passa a ser muito sério e acontece uma espécie de decadência das personagens. Não que percam interesse, mas que elas próprias, nas suas realidades, acabam por desfazer-se e modificar-se tanto, mas tanto, que a decadência é grande. O que era belo torna-se feio, o que era ativo, passivo e até apático. As personagens sofrem imensas transformações ao longo da história, o que faz com que a história siga o seu percurso. 

A escrita é muito bela e original. A autora consegue criar imagens visuais muito fortes e marcantes através do uso de determinados vocábulos, expressamente usados de modo a criar tais imagens. Os significados das ações, descrições e acontecimentos também estão muito bem descritos e apresentados. 

Em suma, gostei bastante da história e recomendo-a a todos os que gostam de um bom livro. 

NOTA (0 a 10): 9

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Os Hóspedes, de Sarah Waters

Sinopse:

1922. Londres vive dias de tensão.

Numa casa de gente bem-nascida, no sul da cidade, cujos habitantes ainda não recuperaram das perdas devastadoras da Primeira Guerra Mundial, a vida está prestes a modificar-se. 

A senhora Wray, e a sua filha Frances - uma mulher com um passado interessante a caminho de se tornar uma solteirona - vêem-se obrigadas a alugar quartos. 

A chegada de Lilian e Leonard Barber, um jovem casal da "classe média", traz uma série de perturbações: a música do gramofone, o colorido, o divertimento. As portas abertas permitem a Frances conhecer os hábitos dos recém-chegados. 

À medida que ela e Lilian são empurradas para uma amizade inesperada, as lealdades começam a mudar. Confessam-se segredos e admitem-se desejos perigosos; a mais vulgar das vidas pode explodir de paixão e drama. 

A autora de Afinidade e Falsas Aparências, entre outros, surpreende-nos, uma vez mais, com esta história de amor que é também a história de um crime.

Esta é Sarah Waters no seu melhor: tensão permanente, ternura verdadeira, personagens autênticos e surpresas constantes. (in Goodreads)



Opinião;

Desde que li O Indesejado que fiquei fascinada pela mestria da autora. Mestria a todos os níveis necessários e desejados para que o livro seja uma obra prima...uma obra de arte. Assim, tendo gostado muitíssimo d' O Indesejado, esperei atentamente pela edição portuguesa de The Paying Guests ou Os Hóspedes. Quero agradecer à Editora por me ter dado a oportunidade de ler este maravilhoso livro e por me ter dado a conhecer esta autora, aquando da leitura do já mencionado O Indesejado

Neste livro, a autora dá-nos a conhecer personagens muito interessantes e complexas, envoltas numa trama quotidiana, mas cujo centro é bem denso e intrincado. 

Miss Frances é uma mulher forte, autónoma e senhora de si mesma. Quando põe a sua casa senhorial com para alugar uma parte da casa, não estava à espera de tanta diferença à sua volta, uma vez que o casal que para lá vai morar é bastante diferente dela e de sua mãe: um autêntico casal dos anos 20 ou seja, despreocupado, com algum sucesso e que fingem euforia para não mostrar os seus reais sentimentos e realidades. Frances acaba por ficar inebriada pela extraordinária Mrs. Lilian e um tanto na dúvida quanto a Leonard. E, à medida, que se vão conhecendo, vai crescendo uma amizade que é mais do que aquilo que parece...uma amizade pouco convencional para a época e que vai acabar por influenciar toda a história. 

Gostei muito da forma como a autora introduz a história e as personagens. Aparentemente, tudo é normal e do dia a dia. Nada é estranho ou está fora dos padrões de normalidade de uma vida quotidiana da classe média alta inglesa, a viver algumas dificuldades no pós-guerra. As tarefas do dia a dia são descritas e tratadas de uma forma bastante normal, mas que acaba por ter a sua própria melodia e a magia. São descritas e elaboradas de forma natural, mas têm no seu teor uma certa ironia muito bem disfarçada. 

Tal também está presente nas relações entre as personagens. Mais uma vez, é-nos apresentada um complexa rede de emoções e relações entre as personagens. Não que sejam muitas personagens! Nada disso. Aliás, são bastante poucas. Mas isso mesmo provoca uma enorme tensão entre elas, tensão essa que está tão vincada, tão vincada que é possível sentir as vibrações de tal tensão. Existe uma multitude de emoções vividas pelas personagens ao longo  que despoletam as mais diferentes ações e reações. O que parece ser algo de pouco acaba por ser como que uma onda gigante na teia que é o enredo onde as personagens habitam. A autora é, de facto, uma mestre nesta arte. 

Mas é também uma mestre em manipular as personagens, o enredo e o leitor. Apesar de a história ser um pouco previsível (coisa que O Indesejado não é!), até se chegar a tal momento tudo é imprevisível e estonteante. O que começa por ser calmo e trivial, transforma-se nalgo revolto e violento. 

As descrições são de grande beleza, beleza essa que não tem nada de grandioso, mas sim banal. E nessa sua banalidade mostra-nos a sua subtil beleza, a beleza do dia a dia e das tarefas rotineiras. É de facto muito inteligente. 

Mais uma vez fiquei rendida à autora e espero poder ler mais das suas obras, porque são maravilhosas e cada uma traz sempre momentos de grande emoção e admiração. Recomendo vivamente a todos os que gostam de uma história inteligente e poderosa, onde a amizade e o romance estão por trás de momentos muito marcantes. Uma excelente aposta da editora! 

NOTA (0 a 10): 9

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Top 2016

Num ano de várias leituras, li excelentes livros, descobri novos mundos e novas personagens cheias de histórias e mistérios, li outros menos interessantes, e li alguns bem divertidos e engraçados. 

Voltei a encontrar algumas das minhas personagens favoritas e voltei a entrar em algumas das minhas histórias favoritas. Também encontrei autores que não conhecia e com os quais fiquei fascinadas, como Julia Quinn, Mark Lawrence e Elena Ferrante. 

É sempre difícil fazer um top com apenas três lugares quando existem vários candidatos ao pódio, mas aqui está. 


1º Lugar 


Fool's Assassin, de Robin Hobb






2º Lugar

O Labirinto dos Espíritos, de Carlos Ruiz Zafón







3º Lugar 

Longe da Multidão, de Thomas Hardy 




E vocês? Quais as vossas leituras favoritas de 2016? E quais as que têm em vista para este ano?

domingo, 1 de janeiro de 2017

Rogue One - Uma História de Star Wars

Fui ver o filme logo na semana de estreia, mas só agora venho fazer o post sobre ele. 

Para contextualizar a história, esta situa-se entre A Vingança dos Sith e Uma Nova Esperança e tem um leque de personagens novas e únicas, que fazem as delicias de todos os fãs da saga e daqueles que poderão estar a ver um filme da saga pela primeira vez.



A história centra-se em Jyn Erso (Felicity Jones), desde pequenina. Filha de Galen, um cientista famoso, e Lyra, vê a mãe ser morta por Orson Krennic e o pai ser levado pelo mesmo, para trabalhar numa missão secreta em nome da República da Galáxia. Sozinha, Jyn esconde-se num buraco e espera por alguém que a ajude: Saw Gerrera, um chefe de uma das facções dos Rebeldes. 

Anos passam e Jyn cresce, torna-se uma bandida aos olhos da República, é presa. Quando vai num dos transportes da prisão, aparece um grupo de Rebeldes que têm como missão raptá-la para que ela os ajude a encontrar Saw Gerrera, em Jedha. Tudo isto porque um piloto da República conseguiu fugir com uma missão de Galen e tem de ser encontrado pelos Rebeldes. Depois de um ataque da Estrela da Morte a Jedha, Jyn junta-se aos Rebeldes e, com o Capitão Cassian Andor e o robô K - 2SO, segue numa missão para descobrir o seu pai e para descobrir mais sobre a arma por ele inventada.



Depois de vários filmes da saga, posso dizer que, para mim, este é um dos melhores. Pode parecer, à primeira vista, menor ou menos interessante por não ter as personagens principais (ou a maior parte delas), mas é um dos melhores. A puxar mais a trilogia original, com personagens mais complexas e duras e uma história de guerra e salvação, Rogue One consegue trazer à tona a magia dos primeiros filmes da saga, aquela originalidade que parece que se foi perdendo com a segunda trilogia (episódios I, II e III). É o elo de ligação que faltava entre uma trilogia e a outra e foi conseguido extremamente bem. 


Os atores estão excelentes. Todos eles. Felicity Jones está espetacular, bastante fria e por vezes dura, mas é a força motriz de todo o elenco. Deu a Jyn tudo o que a personagem merecia, porque é uma excelente personagem. Diego Luna também está excelente no papel de Capitão Cassian, que vai modificando bastante ao longo do filme, sendo uma das personagens mais complexas e interessantes. Gostei imenso do robô K - 2SO, cheio de humor e assertividade. Também gostei bastante de Ben Mendelsohn como Orson Krennic, um vilão interessante, com objetivos claros. 

A história em si é poderosa. No fundo, este filme introduz como é que, anos mais tarde, foi possível destruir a Estrela da Morte e, assim, por fim ao terror de tal arma destruidora de planetas e cidades. Com uma história de libertação e salvação poderosa e muita ação desde o início até ao final, Rogue One é maravilhoso. Estão de volta algumas das personagens melhores da saga, como Darth Vader, que está em grande estilo.



A banda sonora é maravilhosa, potente e forte, com belos twists dos outros filmes em momentos chave e com grande intensidade. Tal já esperava, uma vez que as bandas sonoras de Star Wars são sempre emblemáticas e excelentes. 

Em relação aos efeitos e tudo isso, só tenho a dizer que estão prefeitos, bastante realistas e completos, contribuindo para o excelente desempenho dos atores e para toda a história em si.



Um filme forte, com uma história forte e personagens fantásticas. Surpreendeu-me imenso e fiquei a suspirar por mais Star Wars e a querer que houvesse mais filmes com estas personagens. Sem dúvida, um dos melhores filmes da saga. Um filme grandioso, que enaltece a honra e a liberdade.

Recomendo vivamente! 

NOTA (0 a 10): 10 

Magisterium - A Prova do Ferro, de Cassandra Clare e Holly Black

Sinopse:

Primeiro livro da saga Magisterium com 5 volumes.

A maior parte dos miúdos faria qualquer coisa para passar na Prova do Ferro. Mas não Callum Hunt. O pai ensinou-o a desconfiar da magia e explicou-lhe que o Magisterium, a escola onde os aprendizes de Magos são treinados, é uma armadilha fatal. Callum tenta fazer o seu melhor para ser o pior de todos os candidatos - mas não consegue falhar. Superada a Prova do Ferro, não lhe resta outra opção, senão entrar para o primeiro de cinco anos de aprendizagem no Magisterium. 

A Prova do Ferro foi apenas o início, porque o verdadeiro teste anida está para vir... (in Goodreads)



Opinião:

Já tinha este livro na estante há algum tempo para ler e, finalmente, decidi pegar nele. Escrito por duas autoras de quem gosto bastante, esperava muito do livro. Porém, não foi nada do que estava à espera. 

No fundo, esperava que fosse algo parecido com Harry Potter, porque já tinha lido algumas opiniões e pela própria sinopse é possível fazer algumas comparações. No entanto, não foi o primeiro livro parecido com Harry Potter, mas foi o primeiro de que não gostei. Tem momentos interessantes, tais como o começo e algumas partes finais, em especial a revelação mais importante do livro, que já se estava a ver qual era, mas não me encheu as medidas, por assim dizer. Talvez por esperar mais das autoras, talvez por gostar tanto de Harry Potter e d' A Tapeçaria (Henry H. Neff). O que é facto é que esperava mais da história e das personagens.

Do trio, não posso dizer que tenha gostado de alguma personagem em especial. Callum é engraçado e tem piada, mas às vezes parece um bocado forçado nas suas piadas. Aeron é, sem dúvida, o mais misterioso e interessante e foi o que mais me atraiu. Quanto a Tamara, não posso dizer que tenha ficado fã. Em relação às outras personagens, são interessantes e trazem consistência ao enredo, sendo para isso indispensáveis e muito bem conseguidas. 

No que diz respeito ao enredo, achei-o bastante interessante e forte, mas pouco explorado, ou explorado pela metade. A história merecia mais. Merecia um trabalho maior, mais elaborada, e merecia especialmente personagens melhores, porque a história é muito boa, a sua premissa é forte. Gostei da forma como a magia aparece, se bem que pudesse estar melhor. Pareceu-me um tanto infantil. Sei que o livro é considerado juvenil, mas não faz mal aumentar a fasquia das histórias, mesmo sendo para jovens, aliás, é na juventude que as histórias devem começar logo a ter bons enredos, complexos e fortes, para estimular as mentes e agarrá-las à Literatura. Tendo em conta outras partes da história, bastante obscuras, a magia podia ter sido mais complexa. 

Quanto à escrita, também a achei um tanto simples e descomplicada. Tendo em conta que, principalmente na trilogia As Origens (Cassandra Clare) há uma beleza intrínseca à escrita, ao próprio encadeamento das palavras e das frases, também esperava encontrar isso aqui. Mas é tão fluída que promove uma leitura rápida e de grande fluência.

No entanto, gostei da história. Não existem apenas pontos menos bons, há também algo muito bom, que é a trama e a premissa da história. Talvez a história melhore nos próximos volumes, o que eu espero que aconteça, pois fiquei curiosa para saber mais sobre esta história. Gostei de como a trama foi conduzida e como a linha narrativa evoluiu. No fundo, o que não gostei tanto foi mesmo as personagens. Espero mesmo que melhorem, que amadureçam e que se tornem mais complexas. 

Em suma, recomendo a quem gosta de ler livros juvenis e a quem gosta de Cassandra Clare e Holly Black. Espero que a história e, principalmente, as personagens melhorem nos próximos livros. 

NOTA (0 a 10): 6