sábado, 29 de outubro de 2016

História do Novo Nome, de Elena Ferrante

Sinopse:

Este romance continua a história de Lila e Elena, tendo como pano de fundo a cidade de Nápoles e a Itália do século XX. 

Lila, filha de um sapateiro, escolhe o caminho da ascensão social no próprio bairro e, no final de A Amiga Genial, vemo-la casada com um comerciante. Elena, pelo contrário, dedica-se aos estudos. 

Ambas têm agora 17 anos e sentem-se num beco sem saída. Ao assumir o nome do marido, Lila tem a sensação de ter perdido a identidade. Elena, estudante modelo, descobre que não se sente bem nem no bairro nem fora dele.

No início, vemos Elena a abrir um caderno de notas onde Lila fala sobre a vida com o seu marido e as complicadas relações com a Mafia e os grupos neofascistas, que invadem os bairros com as suas proclamações.

Lila e Elena hesitam entre a tendência para a conformidade e a obstinação em tomar nas suas mãos o seu destino, numa relação conflitual, inseparável mistura de dependência e vontade de autoafirmação, em que o amor é um sentimento "molesto" que se alimenta do desequilíbrio até nos momentos mais felizes. (in Goodreads)



Opinião:

Depois de ler o primeiro e maravilhoso livro da tetralogia de Elena Ferrante foi com grande expectativa que comecei a ler o segundo. 

Neste livro continuamos a acompanhar a história das amigas Elena Greco e Raffaella Cerullo, ou Lenucia e Lila. Depois do casamento atribulado com que termina o primeiro volume, tudo está em aberto para este. Depois de descobrir que o seu marido Stefano Carraci não é aquilo que lhe pareceu durante o noivado. E agora, como senhora Carraci, Lila tem muito que descobrir e que enfrentar, e o que eram coisas de raparigas e rapazes, brincadeiras e caprichos, logo passam a ser acontecimentos sérios, trágicos e fortes. 

Lila continua a ser o foco da história contado por Elena, que continua a ser uma excelente narradora. Aliás, é aqui uma narradora melhor, mais adulta, mais sábia, mais calma. A narração não é tão incerta, tão infantil, como por vezes se apresenta no primeiro livro. O facto da escrita acompanhar a maturidade e idade da narradora é brilhante e revela grande mestria por parte da autora. É maravilhoso acompanhar a evolução da escrita e linguagem da narradora enquanto ela própria cresce e se torna mulher. A amizade de ambas é posta à prova muitas vezes e por motivos por vezes terríveis. Dividida entre o amor da sua Vida e a sua melhor amiga, Elena vê-se numa situação difícil e ingrata, uma vez que nunca se conseguiu impor frente a Lila. E esta continua ser o sol em torno do qual Elena gira, sempre à volta, sempre de fora, sempre a girar...até que a dado momento começa a tentar encontrar outra órbita, uma órbita sua, através dos estudos. Elena consegue revelar, a dado momento, mais personalidade e mais vontade e amor próprio e isso é excelente para a personagem, porque dá-nos também uma perspetiva diferente dela e deixa-nos conhecer mais dela, que também é bem interessante. 

A amizade das duas continua a ser o grande ponto forte e a força motriz da história, mas agora também o amor e a sedução entram em cena, e de uma forma bastante forte e arrebatadora. Com descrições bastante ousadas e cruas, o amor é mostrado como algo sem grande magia, como algo mundano e descartável. As questões sociais e emocionais relacionadas com o casamento e família têm aqui o centro da história, em grande parte. Infidelidades, traições, guerras familiares...moralidade e preconceitos. Tudo está ao rubro neste segundo volume e tudo é tratado sem pudor e sem qualquer filtro para mascarar a crueldade e a fealdade dos acontecimentos. 

As personagens continuam a ser maravilhosas, ricas, complexas e extraordinariamente comuns. É como se fossem pessoas reais e não de uma história. Tudo é narrado de forma como se se estivesse a passar agora, mesmo ali, no momento. Há paixão nas suas ações, nas suas ideias, mas também há violência e desapego. Tudo continua a ser novo e cativante. 

A escrita continua a ser soberba e única, cruel e brilhante. É excelente a forma escolhida para narrar esta história, tão peculiar e tão comum. Uma história do quotidiano, que mostra o dia a dia das personagens, as suas vidas, as suas ações mais normais. Nada é especial, tudo é comum e está tudo tão bem narrado e tão bem escrito, com uma linguagem que dá vida e forma às personagens e às suas ações, uma forma única e especial, que transforma uma história que podia ser tão comum, em algo único e especial. 

Mais uma vez fiquei arrebatada por esta história e espero ler em breve o terceiro livro. Recomendo vivamente. Uma escrita que nos agarra, que nos comove, que mexe no nosso interior, que nos revolta, que nos apaixona e que deixa sempre água na boca. De facto, os livros do momento. 

NOTA (0 a 10): 10

domingo, 16 de outubro de 2016

Star Trek Volume 2, de de Mike Johnson, Joe Corroney e Joe Phillips

Sinopse:

Operation: Annihilate!

Kirk e a sua tripulação vêm-se a braços com uma misteriosa realidade de uma colónia quando tentam contactar os seus habitantes sem sucesso. Ao aterrarem lá descobrem que a população foi atacada por uns estranhos organismos que sugam as personalidades, emoções, ideias dos seus hospedeiros para depois colocarem as suas ideias neles, ideias essas com um propósito único e firme. Ora, quando Kirk descobre o seu irmão George nessa colónia e que tem a sua família presa em casa, rodeada por tais organismos. Também tudo se agrava quando Spock é atacado por um desses seres, o que acaba por ajudar a solucionar a questão. 

Vulcan's Vengeance

Depois de Vulcano, o planeta dos vulcanos (Spock e seus conterrâneos), ter sido destruído totalmente por Nero, do planeta Romulus, alguns vulcanos tentam de tudo para se vingar. Quando conseguem encontrar partículas da matéria vermelha que fez destruir o seu planeta, logo querem usá-las para se vingar do ato de Nero. Quando Kirk e companhia cai na malha desta intriga, tentam fazer de tudo para ajudar a que não haja mais uma guerra.


Opinião:

Este segundo volume continua na peugada do primeiro, com histórias muito bem conseguidas e cheias de emoção, onde as personagens estão sempre rodeadas de perigos e grandes aventuras.

Novas personagens, novos perigos e novos desafios. Kirk, Spock, Bones e Uhura continuam no seu melhor, sempre a fazer tudo para salvar a nave e a sua tripulação, bem como os seus amigos. Na primeira história temos muita ação e muitos perigos, especialmente por causa dos estranhos organismos que atacam as personagens e que se infiltram nos seus cérebros. Gostei bastante desta história, porque tem uma vertente mais emotiva e mais sensível. Aparecem alguns familiares de Kirk e tudo se torna mais pessoal. Também Spock tem um papel mais relevante e fica em apuros, o que dá emoção à história. Também há um bocadinho de romance à mistura, o que me agradou.

A segunda história tem um enredo mais ambicioso, que vai diretamente buscar o seu âmago ao filme de 2009. Apresenta uma intriga mais densa, com mais politica à mistura e mais questões éticas. Também tem emoção, mas não tantas aventuras. É uma boa história, que complementa perfeitamente os acontecimentos do filme e que dá solidez a todo o contexto e à narrativa. Gostei da forma como a intriga foi elaborada e como a narrativa foi conduzida. Aqui a tripulação não tem um papel tão acentuado na trama, mas está excelente, e a emotividade entre algumas das personagens está em grande evidencia. 

A arte presente nas imagens está excelente, a visualização é perfeita, como se o leitor fizesse parte da Enterprise e da sua tripulação. 

Recomendo a todos os fãs de Star Trek e a todos os que gostam de boas histórias de Ficção Científica. 

NOTA (0 a 10): 10

Vencedor/a do passatempo Reunião de Heróis

Já há vencedor/a do passatempo que decorreu no Blog até ontem! 

Obrigada à Chiado Editora e a todos os que participaram! Continuem a ser seguidores, porque haverá mais passatempos e posts sobre as leituras. 


E o/a vencedor/a é:

48 - Tiago (...) Afonso

Parabéns ao vencedor! Será contactado por mail brevemente. 

sábado, 15 de outubro de 2016

A Filha do Professor, de Joann Sfar e Emmanuel Guibert

Sinopse: 

Lillian Bowell é filha de um famoso professor de arqueologia, que tem um museu. E é também uma rapariga um tanto atrevida para a época, (época vitoriana) com ideais diferentes. Apaixona-se por uma múmia que estava a cargo do seu pai e decide casar com ela. No entanto, o plano não corre como esperado e sucedem-se várias aventuras.


Opinião: 

Quis ler este livro por causa das ilustrações, principalmente. Cores entre o sépia e o preto e branco, detalhes muito bem feitos e grande beleza no desenho das personagens foram os pontos que mais me atraíram, já há bastante tempo, quando vi o livro pela primeira vez. Ao encontrá-lo em promoção decidi comprá-lo. Acabou por revelar-se uma experiência interessante.

A história é engraçada. Há várias aventuras, muita ação e situações caricatas, com uma boa dose de humor à mistura. Mas não me agarrou totalmente. Gostei muito mais da parte gráfica, mas mesmo muito mais, do que da história. Sem dúvida. Não é que a história seja má, mas podia ter algo mais, principalmente no início, porque parece que ficou algo para contar e que era necessário para contextualizar melhor as personagens e o enredo em si. 

Gostei das personagens, são interessantes e engraçadas, mas sem grande complexidade. 

Em suma, é uma banda desenhada muito bela, com ilustrações maravilhosas, de um detalhe perfeito e cores belíssimas, com uma história engraçada. Recomendo

NOTA (0 a 10): 7

sábado, 8 de outubro de 2016

Passatempo Chiado Editora - Reunião de Heróis, de Ricardo Formigo

Começa hoje um novo passatempo aqui no Blog, desta vez em parceria com a Chiado Editora. O livro que vai ser sorteado é Reunião de Heróis, de Ricardo Formigo. Obrigada desde já à editora por permitir o passatempo!

Sinopse:

Estes são tempos difíceis para os habitantes de Morlômbia!

Depois de meio século de guerra, o Rei Travis morre em batalha e é sucedido pelo seu primo Fallow, um tirano que apenas se preocupa com o poder, devastando tudo e todos em busca do que quer. 

Annabelle, irmã de Travis, fica em perigo de vida e escapa da cidade de Madrasis rumo ao imponente Elmo do Martelo, uma fortaleza escondida nas montanhas, para proteger os Morlombos dos invasores Ingols.

Com a chegada iminente da guerra civil, cada um dos lado esforça-se por reunir aliados e conquistar a sua lealdade. Mas quem serão os heróis dispostos a lutar por cada um dos pretendentes ao trono de Morlômbia? (in Chiado Editora)



Para participar é preciso: 

Ser seguidor do Blog;
Preencher todos os campos do formulário.

Regras:

Participar até às 23h59 do dia 15 de outubro de 2016;
Ser residente em Portugal Continental;
Só é aceite uma participação por pessoa/morada;
Haverá apenas um vencedor, que será apurado através do site random.org;
O Blog não se responsabiliza por possíveis falhas/extravios dos correios.

Conto com as vossas participações e divulgações! 

Capricho de Veludo, de Loretta Chase

Sinopse:

O corpete perfeito deve saber convidar ao seu desapertar...

O charmoso Simon Fairfax, Marquês de Lisburne, aceitou regressar relutantemente a Londres para cumprir obrigações familiares. Quando conhece a fogosa modista Leonie Noirot, decide arranjar tempo para um jogo de sedução, mas Leonie é quem decididamente não tem tempo para ele. Está obcecada em transformar a insipida prima do Marquês, Lady Gladys, num cisne. 

A cidade inteira conhece o talento de Leonie, mas o formoso Marquês está demasiado ocupado a tentar seduzi-la para conseguir apreciar o seu génio. A modista está determinada a ensinar-lhe uma lição, mas não será fácil concentrar-se na tarefa que tem em mãos e corre o perigo de desviar-se do bom caminho... Conseguirá escapar às atenções insistentes do Marquês e operar uma transformação milagrosa? (in Edições Saída de Emergência)



Opinião:

Mais um bom livro de Loretta Chase, que nos presenteia com mais uma boa história e uma continuação à altura dos anteriores.

Neste livro o foco vai para a terceira irmã: Leonie Noirot, a irmã ruiva e entendida nas contas da loja. Mais uma vez, é uma boa personagem, interessante e com personalidade. O seu interesse no marquês Lisburne está muito bem arranjado e é muito bem trabalhado. Simon Fairfax, marquês de Lisburne, é uma personagem encantadora e bastante intelectual, com graça e beleza. 

Mais uma vez está presente o dilema entre romance/negócio, que caracterizou os livros anteriores, bem como as questões das classes sociais: comerciantes/aristocracia. O tema não foge muito ao dos anteriores, se bem que este tem um cariz mais sério e mais introspetivo, a meu ver. As questões sociais voltam em grande fulgor, uma vez que no segundo há mais aventuras e emoção. 

A história e o seu contexto está de acordo com a personalidade de Leonie, tal como aconteceu nos outros livros, e que mostra uma grande preocupação por parte da autora em criar um contexto de acordo com as personagens e uma linha narrativa sempre diferente. Não que seja diferente, ou muito diferente, porque existe uma previsibilidade ao longo dos três livros em relação aos acontecimentos das histórias, mas diferente em relação com as peculiaridades de cada personagem (cada irmã Noirot). Leonie é mais atinada, logo a história também o é e foca-se em temas mais sérios. 

A escrita continua fluída, rápida e divertida, cheia de sarcasmo e piadas. Isso ajuda bastante ao ritmo da história e à criação de uma diferenciação face a outras histórias deste género. Ler um romance com humor e piada, um romance leve e que não tem grande seriedade, quer-se com uma escrita fluída e engraçada. Loretta Chase consegue isso muito bem. 

Quanto às descrições estão, mais uma vez, perfeitas. Não são em demasia e prendem-se mais com os vestidos do que com outros aspetos do ambiente, mas estão sempre um mimo. 

Gostei da forma como a autora conduziu a história, como a alimentou e fez crescer. Gostei muito das personagens e do cariz sério com que foram apresentadas. Também gostei das personagens secundárias, que foram muito importantes e cruciais para o enredo todo. 


Em suma, uma excelente aposta da Saída de Emergência! Romance ao mais alto nível, divertido, leve, rico em detalhes frescos e sumarentos. Uma história inesquecível! 

NOTA (0 a 10): 9

Divulgação de promoção - Os Hóspedes, de Sarah Waters

Venho dar a conhecer uma excelente promoção que está a haver no site da Wook, referente ao lançamento do livro da autora Sarah Waters, Os Hóspedes. Está em pré-venda e o envio será feito a partir de dia 14 de outubro. Com portes grátis e um desconto de 10%, fica a 16,65 euros e ainda trás outro livro: Cada Dia É Um Milagre




Aproveitem, é uma promoção muito interessante! 

Aqui está o link para a promoção. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, de J.K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne

Sinopse:

Baseada numa nova história de J.K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada - a nova peça de teatro de Jack Thorne -, cuja estreia mundial decorreu no West End, em Londres, no passado dia 30 de julho, é a primeira história oficial de Harry Potter a ser apresentada na versão teatral. 

Foi sempre difícil ser Harry Potter e não é mais fácil agora que ele se tornou num muito atarefado funcionário do Ministério da Magia, casado e pai de três crianças em idade escolar. 

Enquanto Harry luta com o passado que se recusa a ficar para trás, o seu filho mais novo, Albus, tem de se debater com o peso de um legado que nunca desejou. Quando o passado e o presente se cruzam, pai e filho confrontam-se com uma desconfortável verdade: por vezes as trevas vêm de lugares inesperados. (in Goodreads)


Opinião:

Depois de uma longa espera e que durante tanto tempo nem espera foi porque não se esperava mais livros da saga, foi com enorme expectativa e alegria que me vi a pegar novamente num livro do Harry Potter, num livro novo, já que por vezes gosto de reler os outros.

Dezanove anos depois do final d' Os Talismãs da Morte, este livro foca-se em Albus Severus, o segundo filho de Harry e Ginny. Albus não se acha parecido com o seu pai, não se acha nada heróico e quando é colocado nos Slytherin então ainda fica mais confuso. Sem amigos, sem o brilho que se esperava dele e sem coragem aparente, Albus esconde-se e dedica-se apenas ao único amigo que tem, o único filho de Draco Malfoy: Scorpius, seu companheiro de equipa. 

Foi com grande alegria que comecei a ler o livro e foi com alguma surpresa que dei por mim completamente maravilhada com ele, pois confesso que estava com um bocadinho de receio por causa do livro ser em texto dramático. Acho que a autora devia ter escrito um livro narrativo, com todos os detalhes e tudo o que se tem direito, mas esta história serviu para matar saudades e para reviver aquele mistério e expectativa em ler os livros do Harry Potter, mistério esse que já lá vai o tempo em que aconteceu no sétimo livro, lido pela primeira vez. Aquele bichinho dentro de mim, nas minhas mãos, coração e mente. Voltei a sentir isso e a dar por mim a "correr" para a leitura. 

As personagens estão excelentes, o que não é nada de espantar, uma vez que sempre foram. Gostei de ver onde e como estão as personagens, de como seguiram as suas vidas. Também gostei de conhecer as novas personagens. Gostei muito de Albus, mas gostei mais de Scorpius. Albus, por causa do seu conflito com Harry, fez-me, por vezes, sentir irritação face às suas ideias e ações. Encontrei em Scorpius alguém muito mais ponderado e doce, algo que sempre achei que havia nos Slytherin mas que não tinha sido explorado. Também a personagem mistério está muito bem, apesar de achar que podia ter sido melhor explorada e que podia ter tido um desfecho mais emocionante, depois de tudo o que fez. Estou a referir-me a Delphini Diggory.

Em relação à ação, tenho a dizer que esta está sublime. Mais uma vez encontrei aqui o clima perfeito, onde tudo faz parte de um plano, onde nada falha, como mil engrenagens numa máquina. É uma leitura fluída e rápida, mas que merece todo o carinho e atenção, especialmente por isso. Porque começa logo com aspetos que vão ser cruciais para compreender toda a história. É algo a que a autora sempre habituou os seus leitores e que mais uma  vez se apresenta aqui. O enredo tem alguma complexidade, porque o grande contexto é a utilização do Vira-Tempo para modificar certas situações no passado das personagens e da própria História: não deixar Cedric Diggory morrer no Torneio dos Três Feiticeiros e não deixar Voldemort tentar matar Harry Potter. Isto por causa de uma nova profecia que prevê o regresso de Voldemort. São criadas várias possíveis realidades alternativas aquando da modificação das situações no passado, e isso é muito interessante de observar, uma vez que podiam ter acontecido realmente.

As emoções e sentimentos estão sempre ao rubro ao longo da história. Conflitos pessoais, dilemas, dúvidas, preconceitos, velhos hábitos, receios, ódios, amores...tudo aqui está e todas as personagens têm algo a acrescentar à história. É uma história adulta, que se lê bem em qualquer idade. 

Quanto à escrita, não há muito a referir, uma vez que é texto dramático. As descrições necessárias vêm nas didascálias e só há falas. Porém, é como se estivesse tudo lá. É como se houvesse descrições e tudo isso. É totalmente possível regressar a Hogwarts, caminhar por lá, viver lá. E isso também acontece com os outros locais presentes na obra. 

É o típico livro que não se pode dizer muita coisa para não cair em spoilers, porque tudo o é e é tão bom saborear a sua leitura e sermos surpreendidos com os acontecimentos e com as personagens. Foi uma delícia regressar, de novo, a este mundo que está tão gravado no meu coração. O livro é tão bom, que até em peça de teatro cumpre todos os seus propósitos e continua a maravilhosa história que começou com A Pedra Filosofal. É uma maravilha! 

Assim, recomendo vivamente a todos os fãs de Harry Potter e a todos os que gostam de um bom livro. 

NOTA (0 a 10): 10

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Os Melhores Contos de Howard Phillips Lovecraft, de Howard Phillips Lovecraft

Sinopse:

Finalmente uma edição, em Portugal, digna da obra do mestre do terror Howard Phillips Lovecraft. Com organização do Prof. José Manuel Lopes, da Universidade Lusófona, e introduções aos contos de Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell, Os Melhores Contos de Howard Phillips Lovecraft traz até junto do público nacional alguns dos contos mais marcantes do Mito de Cthulhu. Obra feita com um intenso amor pelo legado de H.P.L, todo o design da capa e interior procura recuperar o imaginário barroco dos contos do autor. 

Este primeiro volume inclui os seguintes contos:

O Despertar de Cthulhu;
A Criatura na Soleira da Porta;
O que Sussurra nas Trevas;
A Aventesma do Escuro;
A Sombra sobre Innsmouth;
Com a Lua;
A Sombra Vinda do Tempo;
A Celebração. 

(in Goodreads)



Opinião:

Foi com imenso gosto que peguei neste belíssimo primeiro volume de contos de Lovecraft editado pela Saída de Emergência. A capa e todo o design está excelente, os meus parabéns!

A primeira vez que li este autor foi há dois anos, se não estou em erro, e gostei bastante. Li Nas Montanhas da Loucura e achei muito bom, tremendamente misterioso. Fiquei sempre a pensar naquela história e em todo o seu contexto e foi com grande entusiasmo que encontrei neste livro muito material que tem o mesmo contexto e que respondeu a algumas questões que ficaram em aberto aquando da leitura desse livro.

Confesso que o meu conhecido sobre o autor não é muito, nem sobre a sua obra, mas sempre tive interesse. Com este primeiro volume fiquei a conhecer muito mais a sua obra, se bem que apenas comecei a deslindar algum do seu material, aquele que está presente neste primeiro volume. Há muito mais para descobrir nos outros volumes.

Gostei de todos os contos, se bem que mais de uns do que de outros. Gostei (muito) especialmente d' O Despertar de Cthulhu, A Criatura na Soleira da Porta, O que Sussurra nas Trevas, A Sombra sobre Innsmouth e A Celebração

Em todos eles há uma espécie de fio condutor que os trespassa, mesmo que subtilmente em alguns deles. Gostei bastante da forma como foram organizados, uma vez que existem contos que, apesar de  não terem as mesmas personagens, complementam-se na perfeição, dando sempre um acréscimo de significado aos anteriores.

Toda a mitologia criada pelo autor é excelente, cheia de detalhe e muito pulsante. Ao longo da leitura é possível sentir uma espécie de receio em relação aos acontecimentos das narrativas, receio esse que é bastante subtil mas presente e até incomodativo, no bom sentido. Isso é sinal que a história, as personagens e o surreal presente nelas está bem feito, bem criado e bem apresentado. Demonstra a mestria do autor sublimamente. Não é um terror forte e feio, daquele terror que por vezes acaba por meter mais nojo do que medo. Não! É um terror inteligente, um terror psicológico e que se agarra à mente. É um terror bastante subtil, até tímido, mas que consegue agarrar o leitor de uma maneira bastante forte, sem se fazer notar logo à partida. Senti isso quando li o outro livro e voltei a senti-lo agora.

O forte aqui não são as personagens, se bem que todas elas são muito boas e bem desenvolvidas, muito complexas. O forte é o ambiente descrito, criado e trabalhado. É a sensação de terror ao virar da esquina, de algo inexplicável e misterioso, que faz com que se fique agarrado ao livro. É muito bom mesmo. Tendo em conta a altura em que os contos foram escritos (1920-1930, mais ou menos), é ainda mais fascinante uma vez que muito do que é descrito é puramente uma visão de algo que poderia ser futurista. O medo do desconhecido é o que mais está presente ao longo de todos os contos e está muito bem elaborado

Em suma, é um excelente livro, uma excelente escolha de contos. Uma escrita inteligente, cheia de significados, de palavras brilhantes e descrições sublimes e perfeitas. De facto, um nome imenso da Literatura Mundial. Recomendo totalmente!

NOTA (0 a 10): 9