sábado, 30 de dezembro de 2017

Mitologia Nórdica, de Neil Gaiman

Sinopse:

Neste livro, Neil Gaiman faz um reconto de várias lendas da mitologia nórdica, dando a conhecer vários dos deuses nórdicos e das suas aventuras. Odin, Thor, Loki e muitos outros, são as personagens destas lendas, que vão fazer o leitor viajar plena e apaixonadamente através destes mundos tão vastos, fantásticos e únicos. 

Emoção, diversão e muita aventura, são os principais ingredientes deste livro de Gaiman. São histórias conhecidas de quem segue estes temas, mas contadas com o olhar especial deste autor, que é sempre especial. 



Opinião:

Este não é o primeiro livro que leio sobre este tema, nem o primeiro com estas personagens. Dentro da mitologia nórdica, a nível literário, comecei com os livros da Joanne Harris (A Marca das Runas, A Luz das Runas, The Gospel of Loki). Mitologia Nórdica, de Gaiman, dá-nos várias histórias com os deuses nórdicos, as mais conhecidas e aquelas que foram ficando de geração em geração. Numa nota introdutória, o autor apresenta a história sucintamente e de forma magistral. Assim, este livro é um género de antologia de histórias desta mitologia, que nos dão a conhecer várias aventuras em que Thor, Loki, Odin e outros, aparecem para contar histórias. São várias, todas excelentes, muito bem contadas. Gaiman refere-o, e muito bem. Este é um livro para pegar, ler, contar. São histórias para serem contadas à lareira, num dia de frio, ou não, para fazer sonhar, divertir ou espantar. São histórias que muitos já conhecem, mas que são sempre boas de voltar a conhecer, porque há sempre algum detalhe, algo novo. É um mimo, este livro! 

O livro tem várias histórias, sendo que começa com aquelas que contam o começo do mundo até à que conta o final, o Ragnarok. São histórias pequenas e dei por mim a tentar abrandar a leitura para poder saborear cada bocadinho. Já as conhecia, principalmente do livro The Gospel of Loki, que tem praticamente as mesmas histórias, mas contadas na perspetiva do Loki, o que torna o livro bastante mais emocionante, uma vez que dá a perspetiva desta personagem. Não estou com isto a dizer que esta versão de Gaiman não é interessante, longe disso! São diferentes, apesar de contarem praticamente o mesmo. 

As personagens são os deuses nórdicos e os mais conhecidos estão em destaque, se bem que também aparecem outros que neste livro tomam também o seu lugar. Loki e Thor são as personagens que mais aparecem, sendo que são aquelas que aparecem em mais aventuras e que as desencadeiam, em especial, Loki. Gosto muito das personagens e já sabia o que lhes acontecia no final, mas voltei a emocionar-me como se não soubesse o que ia acontecer. Gaiman consegue, como em todos os seus livros, dar vida a tudo na narrativa. Consegue dar um toque especial, ele inflama tudo de emoção, descreve e escreve de modo a criar um clima espetacular, ele cria os climas perfeitos para todos os momentos, o que faz o leitor cair na história. É como se mergulhasse no enredo e fluísse no rio que ele é. Acompanhei as personagens em todas as suas aventuras e estive lá com elas. As últimas histórias são bastante fortes, e isso sente-se violentamente. 

A escrita do autor é uma maravilha. Ele pega na mão do leitor, caminha com ele para a história, mostra-lhe o contexto todo, as personagens...e depois... depois abandona-o ali, no meio de tudo e deixa-o à mercê dos acontecimentos da narrativa, para que viva uma experiência intensa e única, rica em detalhe e, especialmente, em emoção. 

Os livros de Gaiman conseguem sempre ter uma magia especial e este não é excepção. Gostei muito de todas as histórias, gostei do cariz próprio que o autor lhes deu e a forma como pintou as personagens, que se assemelham bastante às da Marvel, mas com o seu cariz especial. Um livro para todas as idades, se bem que haja momentos bastante fortes. 

Recomendo a todos os que gostam de histórias, de Gaiman, de aventuras, de emoção, de diversão. Há histórias para todos os gostos. Muitas delas deixam o leitor a rir-se às gargalhadas, muitas deixam-no aflito e preocupado e muitas deixam-no espantado. Um livro fantástico e muito bem conseguido.

NOTA (0 a 10): 10 

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

sábado, 9 de dezembro de 2017

A Minha Prima Rachel, de Daphne de Maurier

Sinopse:

Sem sequer nunca se terem encontrado, Philip odeia Rachel, com quem Ambrose, seu primo, casou durante uma estadia em Itália. E quando este lhe escreve e lhe transmite a suspeita de que a mulher o quer envenenar, Philip não sente quaisquer dúvidas.

Ambrose morre em circunstâncias pouco claras e Philip jura vingar a sua morte. Semanas depois, Rachel visita-o na sua propriedade da Cornualha, e a animosidade que Philip sentia por ela vai dando lugar a um fascínio incontrolável. Quem é Rachel, afinal? Uma mulher realmente apaixonada? Ou movida por interesses pessoais? 

Daphne du Maurier confirma nesta obra o seu enorme talento para escrever histórias com uma grande riqueza narrativa, suspense intriga permanentes e uma apurada caracterização das personagens. Um romance clássico, cativante, com uma escrita belíssima. (in Goodreads)



Opinião:

Aqui está um livro que me surpreendeu. Não o conhecia, apesar de já ter lido sobre o filme, que acabei por ver enquanto o lia. Já tinha lido algumas opiniões sobre Rebecca, mas ainda não tinha tido aquele desejo de ler A Minha Prima Rachel. Mas ainda bem que o descobri, porque foi uma leitura sublime, cheia de emoção e surpresa. 

A Minha Prima Rachel conta a história da prima de Philip e do mistério que a envolve. Philip, um jovem rapaz da Inglaterra rural, ao cuidado do seu primo, Ambrose, tem uma bela casa para administrar e cuidar. O seu primo, depois de partir para a Itália em busca de uma saúde melhor por causa do clima, casa com Rachel, uma mulher com um passado escondido, cujo primeiro marido fora morto em duelo. Quando Philip começa a receber cartas de Ambrose cujo conteúdo é dúbio em relação a Rachel, Philip começa a desconfiar da prima. E quando Ambrose morre doente, Philip acredita que foi Rachel que o envenenou. Mas, quando Rachel aparece na sua casa, o que era certeza acaba por tornar-se nalgo mais complexo e Philip vê-se num complexo jogo do qual não sabe sair. 

Uma história muito bem contada, repleta de mistério, suspense, intriga, romance e com uma narrativa maravilhosamente orquestrada, cuja escrita é soberba e muitíssimo acutilante. A autora criou uma aura de mistério numa história aparentemente óbvia e plana. Pelos olhos e palavras de Philip, o leitor entra na vida daquelas personagens, torna-se parte do cenário e do enredo e consegue assim seguir os passos de Rachel, ou antes, aqueles que Philip acredita serem os seus interesses, porque Rachel começa e termina por ser uma das mais misteriosas personagens da Literatura, cujos segredos e razões são um mistério. 

Em relação às personagens, só tenho a referir que são todas maravilhosas. Por mais normais que sejam, por mais comuns, todas elas são de uma complexidade ínfima, sendo Rachel a mais complexa de todas. Philip também tem o seu fascínio. O seu amadurecimento tem muitos altos e baixos e não tem um crescimento linear. É confuso e complexo e nem ele mesmo se compreende muito bem, pois é bastante imaturo. Com mudanças de humor que fazem com que a leitura seja uma montanha russa de emoções, uma vez que é ele o narrador, Philip leva o leitor para um mundo de sombras e segredos. Começa por apresentar Rachel como uma bruxa, uma assassina, para depois se apaixonar por ela e dar a conhecer uma Rachel que pode ser verdadeira, mas que está bem escondida, terminando por mostrar uma Rachel que é um mistério maior do que aquilo que foi parecendo ao longo de toda a narrativa. 

A forma como ele narra a história permite criar um clima tenso, elétrico e sombrio, o que faz com que o leitor esteja sembre num sobressalto e na tentativa de descobrir o que aconteceu e quais são os motivos de Rachel. É uma história de mistério, e o mistério está muito bem criado e muito bem conseguido, pois não é linear, nem fácil de entender nem de esclarecer. Aliás, o que parece ser logo muito fácil, acaba por se ir enevoando ao longo da leitura, deixando o leitor na dúvida até depois de terminar o livro. E foi isso mesmo que me conquistou, para além das personagens, da narrativa, da escrita... foi a perfeita dúvida quanto a Rachel e como a autora conseguiu deixá-la ser um mistério. 

Com uma escrita simples, mas cheia de detalhes e com uma clareza excelente, a autora dá a conhecer aquilo que é importante para a história em si e aquilo que é importante para o lado sombrio do enredo. Descrições fortes, belas e poderosas, diálogos elevados e cheios de emoção, fazem de A Minha Prima Rachel um livro belíssimo, que, a nível da escrita, fez-me lembrar Longe da Multidão, de Thomas Hardy.  

Um dos melhores livros que li este ano, sem dúvida. O filme, apesar de ter um final um tudo diferente, não lhe chega nem perto. Está interessante, mas o livro é muito melhor, na minha opinião. Recomendo vivamente! Uma história para ler com calma e saborear, apesar da narrativa e da escrita em si darem vontade de o devorar. Um livro belíssimo, com personagens únicas, mistério, romance...tudo aquilo que faz de uma história, uma obra de arte. 

NOTA (0 a 10): 10

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Carry On - A História de Simon Snow, de Rainbow Rowell

Sinopse:

Esta é a história de Simon Snow, a personagem fictícia que povoava a vida e imaginação de Cath em Fangirl, o fabuloso romance de Rainbow Rowell.

Na famosa Escola de Magia de Watford, Simon desempenha um papel especial: ele é o Escolhido, aquele que irá salvar todos do Mal. Mas a verdade é que, metade das vezes, Simon não consegue fazer a sua varinha funcionar e, na outra metade, pega fogo a tudo. O seu mentor evita-o, a sua namorada deixou-o, e existe um monstro que se alimenta de magia e que utiliza o rosto de Simon. Para piorar as coisas, Baz, a nemésis irritante de Simon, desapareceu. Só pode estar a preparar alguma!

Carry On - A História de Simon Snow está repleto de fantasmas, amor, mistérios. Tem exatamente a quantidade de beijos e de conversa que seria de esperar numa história de Rainbow Rowell - mas muito, muito mais monstros. (in Edições Saída de Emergência)


Opinião:

Este é o primeiro livro que leio da autora e fiquei muito satisfeita. Uma história envolvente, muito bem construída e com momentos muito bem conseguidas. 

Gostei muito de todas as personagens. Todas estão especiais e muito distintas. Simon é único e a sua maneira de ser e estar faz com que o leitor passe o livro num sobressalto. Mas não é só Simon que consegue captar a atenção, são todas as personagens. 

A história também agarra o leitor. Tem tudo para ser boa: magia, romance, aventura. Muitos perigos e situações de tirar o folego, que, a juntar a uma boa dose de romance bem doseado, faz desta história algo extraordinário. Fiquei deveras agradada! 

A autora conseguiu criar laços entre as personagens que nos fazem suspirar e vibrar com todos os acontecimentos. Isso é muito bom, porque assim uma pessoa consegue viver ainda mais o que está a ler, entrando no mundo narrado totalmente, o que me agrada bastante quando estou a ler.   

Outro aspeto que me apaixonou neste livro, para além daqueles já mencionados, foi a originalidade da história, a contextualização e a própria linguagem, que transforma a narrativa de modo incomparável. Contado de uma forma elaborada, mas normal, o que torna numa história com um certo grau profundo, porque, naquelas pequenas coisas, é de uma beleza muito grande e que faz pensar, mesmo que à partida não pareça. É uma história forte, bela e comovente, que consegue entrelaçar aspetos que, para mim, dão a um livro tudo o que ele precisa para ser fantástico. 

A ação é constante e as descrições são aquelas que são necessárias para imaginar os cenários envolventes. De facto, a ação tem momentos de grande tensão, que contrastam com outras mais descontraídas. A história é toda ela criada como que numa espiral de eventos, muito intricada. 

Assim, aqui está outra bela aposta da Saída de Emergência. Um livro atual, com uma história que agrada a um público vasto, com personagens que ficam no coração. Recomendo a todos os que gostam de uma história bonita e cheia de ação, com magia à mistura e muita emoção. Maravilhoso!

NOTA (0 a 10): 10

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

The Boy With The Porcelain Blade, de Den Patrick

Sinopse:

Lucien é um Orfano, um jovem com capacidades especiais, e está prestes a realizar o seu último teste para ingressar na sociedade de Landfall, bem como numa das suas quatro casas. Com capacidades extraordinárias para o uso da espada, Lucien quer ser um importante homem de armas, para assim defender o seu rei. Porém, quando o seu mundo muda e se vê como um proscrito, Lucien tem de fazer tudo para se salvar... a si e aos seus amigos. 



Opinião:

Um livro que me chamou a atenção pela capa e pelo título e que conseguiu prender-me até ao final, se bem que, pelo meio, existam algumas partes mais mornas. É o primeiro de uma trilogia, (Erebus Sequence) e ainda não há em Português. Gostei bastante d' O Rapaz com a Espada de Porcelana.

Passado em Landfall, uma terra com inspirações italianas e renascentistas, com um toque de Scott Lynch e Mervyn Peake (apesar de este autor ainda não ter lido), este primeiro volume centra-se na personagem de Lucien, que é um Orfano, ou seja, um membro distinto da sociedade, cuja ascendência é desconhecida e com características diferentes, em especial particularidades estranhas, sendo que, no caso de Lucien, é não ter orelhas, em conjunto com o sangue azul que todos os Orfanos partilham. 

Lucien foi criado pelos melhores professores para ser um género de par do reino e para servir o rei de Landfall, uma figura misteriosa e reclusa na sua torre, que todos temem mas não conhecem. Sempre alvo de gozo e bulling pelos outros colegas (Orfanos e não-orfanos), Lucien, um dos Orfanos com menos capacidades para lutas, cedo teve de arranjar outras armas para sobreviver numa sociedade hostil, tornando-se misterioso e bastante inteligente. Porém, quando é expulso da sociedade pelos seus superiores, vê-se na situação de tentar salvar-se a si mesmo, mas também àqueles que o tinham ajudado, e que também estavam a sofrer perseguições. 

Não querendo estar a levantar muitos spoilers, porque isso estragaria a possível leitura de muitos de vós, não há muito mais para acrescentar ao enredo. O forte do livro é mesmo o mistério à volta da ascendência dos Orfanos, da figura do rei e dos podres da sociedade de Landfall, que acabam por ser extremamente negros, dando ao livro um cariz muito misterioso e até macabro, em especial nalgumas das partes finais. 

Lucien é uma excelente personagem, muito carismática e honrada, que faz tudo pelos seus amigos e por aqueles que necessitam, mesmo que não gostem dele. Muito altruísta e de bom coração, conseguiu-me prender durante todo o livro, na expectativa de saber como é que ele iria escapar da quantidade de perigos pelos quais vai passando ao longo da história. Também há outras personagens muito interessantes, tais como: Anea, Dino, Mojordomo, entre outras, que trazem complexidade e mistério à história. 

A estrutura narrativa é dividida em duas: presente e passado, sempre pelos olhos de Lucien, se bem que não seja ele o narrador. Tal estrutura torna a leitura também mais interessante, uma vez que os acontecimentos do passado estão sempre intimamente ligados com os do presente da personagem.

Gostei muito da história em si, do mistério criado, da ação, das emoções, mas achei que tinha descrições a mais e contextualização a menos. Ou seja, o mundo criado pelo autor podia estar mais desenvolvido. Gostava mais de saber factos, curiosidades, as bases de Landfall (para além dos pequenos detalhes que vão aparecendo e que são poucos) e do seu castelo gigante, da sua sociedade, dos seus costumes. Enfim, podia ter mais identidade. Tirando isso, e em especial a parte final, o livro é excelente. 

Toda a sequência final é estrondosa, o que acaba por salvar outros aspetos menos interessantes. Sem dúvida, a parte da luta final é uma das mais vibrantes dos livros que tenho lido. 

Em suma, um livro interessante, com personagens enigmáticas e uma história rica e cheia de ação. Espero que os próximos sejam ainda melhores e que se fica a saber mais sobre este contexto! 

NOTA (0 a 10): 8  

A Roda do Tempo - A Grande Caçada, de Robert Jordan

Sinopse:

Este volume retoma a aventura vivida por Rand e companhia no livro anterior. 

O Corno de Valere tem de ser entregue e assim se trata do assunto para tal acontecer. Porém, os servos da Sombra são muitos e perigosos e o Corno acaba por ser roubado. Rand e companhia têm de o descobrir e entregar, pois, quem soprar o Corno tem o poder de trazer os Grandes Heróis já mortos, e dobrá-los à sua vontade. 




Opinião:

Já li o primeiro há alguns anos, mas foi com grande entusiasmo que voltei ao mundo da Roda do Tempo. Encontrei personagens que são únicas e a história ainda se adensou mais, mostrando mais do mundo criado pelo autor. Foi, sem dúvida, uma excelente aventura. 

Voltar a encontrar Rand foi muio bom, em especial porque vai amadurecendo bastante ao longo do livro. Tal também acontece com todas as personagens, se bem que umas não apareçam tanto como eu esperava, como Moiraine, que é uma das minhas favoritas, e Mat. No entanto, aparecem outras personagens que também trazem interesse há vasta aventura vivida neste volume. 

A nível do enrendo, achei que tudo está muito bem contextualizado, bem como tudo bem entrançado. Nada fica solto dentro do tear da roda que faz a história girar, nem um fio! A não ser aqueles que têm de ficar para juntar aos outros volumes e assim adensar ainda mais o mistério, tornando-o ainda mais rico e grandioso. Gostei da forma como o autor conduziu a narrativa, com um final apoteótico. Não há momentos "parados", nem nada disso. O ritmo é constante, bem como a quantidade de peripécias, que são bastantes. 

A história é como que dividida em várias partes, se bem que tal não tem uma divisão própria, tal como aconteceu no anterior. Gostei de todas as partes, se bem que aquelas em que Rand tem mais aventuras e onde aparece uma certa personagem misteriosa, bem como partes mágicas misteriosas e estranhas, foram aquelas que mais me agarraram, pois foi o que mais diferente houve ao londo da narrativa. Também gostei muito da parte final, repleta de emoção e ação, com tudo a acontecer ao mesmo tempo. Existem momentos de bom suspense, com descrições muito fortes e que prendem o leitor de uma forma bastante possante. 

Quanto às descrições, todas elas são essenciais e brilhantes, permitindo ao leitor ir para dentro da obra. Quando isto acontece, é sinal que o autor fez o seu trabalho maravilhosamente, a meu ver. Não são em demasia, são na quantidade certa e são um deleite. 

Em suma, uma aventura cheia de ação, emoção, honra, sacrifício e do melhor que a Fantasia tem para oferecer. Recomendo a todos! 

NOTA (0 a 10): 10 

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Festival Bang! - Divulgação

Hoje venho divulgar o Festival Bang! que é neste sábado, dia 28 de outubro. 

Vai decorrer no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, e vai ter atividades muito interessantes e fantásticas. Anne Bishop vai lá estar, bem como a banda Moonspell. 

Os Moonspell vão apresentar detalhes da biografia da banda, escrita por Ricardo Amorim, e que vai ser publicada pela Edições Saída de Emergência no próximo ano.  Vai ser um momento único e mágico, uma vez que, para além do que já referi, serão lidos excertos da obra e haverá um showcase da banda. 

Todo o evento é algo único por cá, portanto, não deixem de participar! 

Podem comprar os bilhetes em Ticketline e nos locais habituais. 
Mais informações aqui.


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Festival Bang! - Divulgação

Vai decorrer, no dia  28 de outubro, o Festival Bang!, organizado pela Edições Saída de Emergência. Vai ser no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. 

Haverá palestras, sessões de autógrafos, exposições sobre Edgar Allan Poe, demonstrações de cosplay, momentos musicais, e muitos mais eventos para animar e comemorar a primeira edição de um festival que promete ser Fantástico! 

Anne Bishop vai estar presente, sendo a convidada de honra. A não perder! 

Os bilhetes podem ser adquiridos no ticketline e locais habituais, sendo a entrada interdita a menores de 6 anos. Dos 6 aos 10 anos a entrada é grátis e, a partir dos 10 anos, o bilhete custa 5 euros. Esse valor será descontado na compra de livros durante o Festival. 

Não faltem, vai ser um espetáculo fantástico! 


segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Implacável, de Sherrilyn Kenyon

Sinopse:

Vive rapidamente, luta ferozmente e, se morreres, leva contigo o maior número de inimigos que conseguires.

É de acordo com este lema das Amazonas que Samia vive e pelo qual morreria. Na Nova Orleães contemporânea, a imortal Amazona está prestes a conhecer um mal pior do que tudo o que já encontrou e que está a chegar para massacrar a Humanidade. 

O transmorfo Dev Peltier guardou o Santuário durante praticamente duzentos anos e nesse período viu de tudo. Ou assim pensou. Agora, os seus inimigos descobriram uma nova fonte de poder - uma que torna tudo o que enfrentaram até agora uma brincadeira. 

A guerra começa, e Dev e Sam estão no centro dos acontecimentos. Mas, para vencerem, eles terão de quebrar a mais importante de todas as regras e esperar que isso não destrua o universo como o conhecem. (in Edições Saída de Emergência)


Opinião:

Este é o primeiro livro que leio desta autora. Não tenho grande gosto por este género de história paranormal, mas gosto de conhecer novas histórias e de estar por dentro dos vários géneros literários, portanto, decidi lê-lo. 

Com personagens interessantes e muito diferentes umas das outras, todas elas dão algo de si mesmo à história, formando um todo muito bom. Samia e Dev estão muito bem. As diferentes raças paranormais que vão aparecendo ao longo da narrativa também permitem uma heterogeneidade muito grande, o que promove uma história mais rica, diversa e complexa.  

A história é um grande padrão cheio de ação, mistério e amor. Com cenas muito calmas e engraçadas, até momentos de grande tensão, ação e perigo, a autora não pouca ao leitor as mais variadas emoções. É uma autêntica montanha russa de emoções! E isso é muito bom. 

Não há momentos parados, nem nada disso. O livro é pequeno, com uma escrita muito fluída e descontraída, o que faz com que seja lido num ápice, a juntar à adrenalina com que a história é contada, uma vez que a ação é total. 

Gostei da forma como a autora conseguiu criar momentos de grande tensão ao longo da narrativa e de como o fez de forma emocionante. Se der para ler de uma vez, é um livro que se lê num dia, tal não é a forma como a história envolve o leitor, em conjunto com a escrita veloz com que foi feito.

Apesar de não ser o género de história que mais me seduz, gostei de ler este livro. Gostei da forma sedutora com que alguns momentos são narrados, da ação constante, da escrita fluída e breve. Não posso dizer muito mais sobre a história, porque estaria a a contar partes importantes e não quero estragar a leitura aos outros leitores. 

Em suma, um livro interessante, cheio de ação, romance e muita adrenalina. 

NOTA (0 a 10):

domingo, 17 de setembro de 2017

Nimona, de Noelle Stevenson

Sinopse:

Obra vencedora do Prémio Eisner.

Quando o vilão Lorde Ballister Coração Negro conhece uma rapariga misteriosa de nome Nimona, ambos são impelidos a uma parceria criminosa com o objetivo de lançar o caos no reino. Assumem como missão provar perante todos que Sir Ambrosius Virilha Dourada e os seus comparsas no Instituto Para a Aplicação da Lei & Heroísmo não são tão heroicos e nobres como todos julgam.

Vão ocorrer imensas EXPLOSÕES.
E CIÊNCIA E TUBARÕES também não vão faltar. 

Mas quando simples atos traquinas se transformam numa batalha sem quartel, Lorde Coração Negro descobre que os poderes de Nimona são tão misteriosos quanto o seu passado. E o seu lado selvagem poderá ser muito mais perigoso do que ele próprio está disposto a admitir...

NÉMESIS!
DRAGÕES!
CIÊNCIA!
VENHA CONHECER NIMONA! (in Edições Saída de Emergência)



Opinião:

Desde que saiu lá fora que fiquei de olho nele. Quando a Edições Saída de Emergência o editou por cá, fiquei bastante contente e decidi lê-lo. Com o apoio da editora, lá me embrenhei nesta banda desenhada cheia de estilo, aventura e muitos momentos de ternura. 

Primeiro, tenho a referir a beleza das ilustrações. As personagens estão excelentes, cheias de expressão, cor e vida. A autora tem um traço muito interessante, criativo e original, que faz com que seja um deleite estar a ler este livro. As cores são muito vibrantes, dando um ar muito atual à história. Todo o enquadramento dos ambientes por onde andam as personagens é excelente, o que serve de contextualização perfeitamente! 

Quanto às personagens, só tenho a mencionar aspetos positivos. Todas elas são fantásticas e especiais! Nimona é muito misteriosa e cheia de segredos, o que faz dela uma das personagens mais estranhas e misteriosas da Literatura. Gostei muito dela e dei por mim a querer saber muito mais sobre o seu passado, como ficou assim...ou, o que é ela de verdade. Depois, Lorde Ballister Coração Negro consegue ser um dos vilões mais "fofos" e conscienciosos por estas bandas literárias. E Sir Ambrosius Virilha Dourada, o rival de Coração Negro, também é muito interessante, cheio de glamour e cavalaria. Em relação às outras personagens, também são muito interessantes e cheias de personalidade, o que contribui para o sucesso da história. De todas as personagens, e apesar de Nimona ser muito interessante, Lorde Ballister ganha o prémio de personagem mais fixe do livro. 

Em relação à história em si, achei-a muito boa. Talvez o início seja um pouco apressado e pudesse ter mais detalhes sobre o começo da vivência entre Coração Negro e Nimona, mas tirando isso, é muito coerente e repleto de momentos fortes. Gostei do rumo que a história levou, com todo o secretismo quanto à verdadeira identidade de Nimona e a natureza da relação entre Coração Negro e Virilha Dourada. Também gostei da forma como a autora conduziu cada momento desde o começo, fazendo cada detalhe ligar-se a outros aspetos mais lá para a frente na história, o que mostra a coerência da narrativa. O que começa por parecer "fofinho", passa a ser algo mais sério e com um enredo mais denso e forte. Achei que a parte final foi bem planeada e que foi bem conseguida. 

Talvez fosse interessante a autora dedicar-se a escrever a continuação. Penso que este é um mundo a explorar e que pode ter muito para mostrar. Toda a tecnologia e ciência presentes em conjunto com aspetos medievais e mágicos, foi um dos aspetos que mais me agradou nesta história e acho que isso pode ser explorado. Podia até haver histórias passadas antes dos acontecimentos narrados neste livro, que mostrassem como foi criada a Instituição e tudo isso. Seria interessante! 

Em suma, aqui está uma banda desenhada com uma boa história, simples, mas com a sua profundidade, que serve de metáfora a muitos aspetos. Personagens interessantes, engraçadas e misteriosas, a juntar a uma arte e a uma história muito bem contada e com todos os ingredientes que uma boa aventura deve ter. Uma excelente aposta da Edições Saída de Emergência, que recomendo sem reservas! 

NOTA (0 a 10): 9

sábado, 9 de setembro de 2017

Na Noite, de Kathryn Smith

Sinopse:

Wynthrope Ryland é um experiente ladrão que usa o seu charme junto de mulheres bonitas e com posses para conseguir os seus bens valiosos. No entanto, essa vida de crime não é a que deseja para si e, quando jurou deixá-la, eis que tem de cometer o último crime para proteger a carreira e a família do seu irmão North. 

Moira Tyndale, uma imponente viscondessa, é o seu último alvo. Porém, quando o descobre já uma profunda ligação os une. Wyn percebe que não pode mais ignorar a sua paixão. Deve proteger os seus segredos e o seu passado, mas não pode protegê-la de si mesmo. 

Como pode ele escolher entre o desejo do seu coração e a segurança do seu irmão? (in Goodreads)



Opinião:

Há alguns anos que tenho este livro para ler e foi agora que decidi pegar-lhe. Um romance com um laivo a mistério e aventura, com personagens enigmáticas e um tanto dúbias, até tinha tudo para ser um belo romance, mas acabou por ser um romance normal, que não me fascinou.

As personagens são interessantes, em especial Wynthrope, uma vez que é a mais misteriosa de todas as personagens, tanto devido ao seu passado obscuro, como aos seus comportamentos para com Moira e as outras personagens, incluindo os seus irmãos, que também formam um conjunto interessante. 

O enredo, em si, é bastante interessante e todo o mistério à volta do passado de Wynthrope faz com que o livro de leia num ápice e que seja uma experiência agradável, uma vez que dá ao romance um certo ar de mistério. No entanto, a parte do romance em si não me seduziu. Não me cativou, talvez porque não tenha sentido uma grande inovação face a outros romances dentro do género. Porém, não é um mau romance, longe disso. Há química entre as personagens, tudo está bem delineado e criado, não há falhas a nenhum nível, há a dose certa de cada ingrediente que cria um bom romance. 

Dei-lhe valor e achei-o bom, mas não me agarrou. Talvez tenha sido por não ter encontrado nas personagens aquela chama que por vezes encontro nalgumas das que povoam os livros...não consigo encontrar um motivo suficientemente válido para não me ter delicado com esta leitura. No fundo, achei que é um romance bom, que se lê descontraidamente e que é uma boa distração. 

Em relação às descrições, estas também estão interessantes, cheia de detalhes úteis e interessantes, que ajudam na criação de um ambiente vitoriano e sofisticado. 

Gostei do mistério que envolve o passado de Wyn, da sua luta por Moira, dos momentos entre Wyn e os irmãos. A escrita também facilita a rápida leitura, uma vez que é fluída e sem grandes floreados. 

Assim, este é um livro que se lê muito bem, como a maior parte deste género de romances. Apesar de não ter sido daqueles que mais gosto, serviu o seu propósito de entretenimento. Recomendo a todos os que gostam de um romance com tudo o que estes costumam ter, mais alguma dose de mistério e ação à mistura. 

NOTA (0 a 10): 7

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

A Espada do Destino, de Andrzej Sapkowski

Sinopse:

Venha conhecer os livros que inspiraram o popular jogo - The Witcher.

Continuando as histórias narradas em O Terceiro Desejo, este é o regresso do misterioso Geralt de Rivia, um homem temido pela sua reputação de bruxo e assassino sem misericórdia. Ele erra pelas florestas e cidades à caça de monstros e demónios saídos de lendas antigas, protegendo inocentes e vítimas do mal. 

As suas aventuras como viajante e feiticeiro irão levá-lo aos quatro cantos do mundo, conhecendo personagens que irão influenciar o seu destino e envolvendo-o nas mais extraordinárias histórias de amor, sacrifício, coragem e compaixão. Aos poucos prepara-se o caminho para o maior desafio da sua vida: a guerra iminente que se avizinha entre todas as raças. (in Edições Saída de Emergência)


Opinião:

Este é o segundo livro que leio do autor e que, mais uma vez, acabou por ser uma agradável surpresa. Repleto de aventuras, emoção, uma lufada de ar fresco e de leitura extremamente fluída e engraçada. Mais uma vez, dei por mim embrenhada nas aventuras de Geralt, o famoso bruxo que deu origem ao jogo de computador que tem apaixonada tantos fãs pelo mundo. 

A organização em aventuras continua a ser a escolhida pelo autor, o que promove uma grande flexibilidade no enredo, bem como a hipótese de conhecer muitas personagens e ambientes distintos, que se vão renovando de história para história. Porém, o facto da organização do livro ser esta, todas as histórias se entrelaçam e levam a um final comum. Ou seja, o que à primeira vista parece ser um conjunto de histórias independentes, acaba por se tornar numa complexa rede de acontecimentos e personagens que vão levar a um momento único e comum a todas as histórias. Isso é uma das mais valias destes livros e revela originalidade e distinção por parte do autor. 

Geralt continua excelente. Muito sério, sempre a tentar ser discreto, mas acabando por estar sempre no meio da confusão, Geralt consegue ser uma personagem extraordinariamente complexa e cheia de dilemas. A braços com a dificuldade de encontrar trabalhos devido à falta de monstros, que cada vez parece ser menor e por causa de outros motivos políticos, vê-se com outro problema: a sua amada feiticeira, Yennefer. A procura por ela e pelo seu amor faz com que ele acabe por se tornar cada vez mais introvertido e sorumbático, problemas que se destrói ao ver uma aventura ou problema pela frente. Yennefer continua a ser ela mesma, sempre misteriosa e confusa. Mas é ela que traz uma certa magia e beleza às histórias, bem como aos propósitos do bruxo. Depois, temos Jeskier, o famoso poeta que anda sempre metido em confusões românticas e que aparece sempre para causar sarilhos e meter-se em apuros, o que promove momentos de grande emoção e aventura. Há ainda uma grande quantidade de outras personagens que se cruzam com Geralt e que dão vida às histórias. 

Em relação ao enredo, este é muito bom. As histórias são todas diferentes, mas têm todas um fio condutor que as liga à história global deste livro (e a factos que se passaram no livro anterior). Das várias histórias que compõe este volume, todas elas são excelentes, mostrando algo de novo sobre este mundo rico e colorido.

A nível da escrita, esta continua a ser muito engraçada, com expressões bastante cómicas. A forma como a escrita está encadeada, em conjunto com o ritmo intenso da narrativa,promove uma leitura muitíssimo fluente e veloz.

O autor continua a criar ambientes de cortar a respiração, criando cenários extremamente bem definidos e cheios de detalhes simples e práticos, mas também, à sua maneira, únicos, exóticos e majestosos.

Recomendo totalmente, em especial a todos os fãs do género Fantástico. Apostem neste autor, pois têm belas histórias para descobrir, cheia de emoção, romance, magia, aventura e muita loucura. Espero que o próximo esteja para ser editado por cá em breve!

NOTA (0 a 10): 10

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O Sangue da Virtude - Parte 1, de Terry Goodkind

Sinopse:

Richard aceita o seu novo papel: um homem nascido com o dom e destinado a ser um feiticeiro guerreiro. Contudo, nas terras dos dois Mundos, nem todos encaram a magia com bons olhos. O Sangue da Virtude, uma seita formada por mercenário fanáticos, para quem a magia é o meio através do qual o Guardião influencia os homens, tem como missão enviar para o mundo dos mortos todos os seres mágicos.

A destruição da Grande Barreira tem consequências que nem um seeker poderia prever - a Ordem Imperial, o governo do Velho Mundo, avança com os seus exércitos para conquistar o Novo Mundo. A única opção de Richard para deter a invasão é reivindicar a sua herança, unindo todos os reinos sob uma só lei - um pacto entre a magia e o aço - e uma só autoridade - a do único homem que, nascido para a verdade, foi tocado pela morte e cuja ira, libertada, pode finalmente trazer o equilíbrio aos Mundos.


Opinião:

Depois de algum tempo (muito...!) de espera, saiu por cá a continuação da saga A Espada da Verdade. Como fiquei fã logo no primeiro livro, fiquei muto contente e assim que pude comecei a sua leitura.

Nesta primeira parte, encontramos várias personagens, em vários momentos da sua própria narrativa: Richard a braços com o poder e com a necessidade de se impor enquanto chefe de toda a Terra Central; a Irmã da Luz Verna, a tentar não ser consumida pelas tarefas enquanto Madre Superiora; as Irmãs das Trevas que conseguiram fugir; o chefe do grupo Sangue da Virtude. Todas as partes encaixam-se na narrativa global, formando uma história bastante poderosa e cheia de grandes emoções. 

As personagens continuam no seu melhor, cheias de segredos e dilemas complexos para enfrentar e resolver. Também apareceram algumas mais misteriosas que têm tudo para tornar a história ainda melhor. 

Gostei muito da forma como a história foi desenvolvida. Alguns aspetos surpreenderam-me e agradaram-me, porém outros acabaram por quebrar um pouco o ritmo dos livros anteriores, na minha opinião. 

A parte do Sangue da Virtude não me agradou por aí além, criando alguns momentos mais parados e não tão interessantes. Outra parte que me surpreendeu, e não pela positiva, foi a parte do Richard. Estava à espera do ritmo frenético e cheio de emoção dos livros anteriores, algo que não aconteceu nesta parte. O facto dele ter outras responsabilidades e novas funções fez com que os seus momentos se tornassem mais lentos e metódicos, compreendo isso...mas não gostei muito. Felizmente, todas as outras partes da narrativa compensam esses aspetos menos interessantes. Fiquei agradada com o desenvolvimento de todas as outras partes, em especial porque trouxeram muito mistério e emoção para a próxima parte e próximos livros. 

A complexidade narrativa mantém-se. Os detalhes, os diálogos, a intriga...tudo está excelente e muito bem coeso e interligado. Continua a haver uma grande duplicidade nas personalidades das personagens, o que promove a intriga e mistério, que, a juntar com a magia e a fantasia, criam um ambiente muito denso e forte. 

Outro aspeto que também mantém o mesmo nível é a descrição. O autor continua a promover descrições soberbas, simples, úteis e eficazes, que fazem com que o leitor visualize automaticamente o que está a acontecer. Mesmo a nível das emoções e ações das personagens é possível sentir e acompanhar tudo o que acontece. Este é um dos fatores que mais me agradaram nesta história, a par da riqueza da narrativa e de algumas das personagens. 

Em suma, mais uma grande história que vou querer continuar a acompanhar. Recomendo a todos os que gostam de um bom livro de Fantasia, cheio de ação, mistério, magia, intriga e muitas emoções. Espero que a segunda parte esteja para sair em breve, porque fiquei muito curiosa! 

NOTA (0 a 10): 8

domingo, 16 de julho de 2017

Uma Magia Mais Escura, de V. E. Schwab

Sinopse:

Kell é um dos últimos viajantes, magos com a capacidade rara e muito desejada de viajar entre universos paralelos, ligados através de uma cidade mágica.

Existe a Londres Cinzenta, suja e aborrecida, desprovida de qualquer magia e regida por um rei louco: George III.

Existe a Londres Vermelha, onde a vida e a magia são veneradas e onde Kell cresceu com Rhy Maresh, o herdeiro irreverente de um império próspero.

Existe a Londres Branca, um lugar onde as pessoas lutam para controlar a magia e a magia contra-ataca, consumindo a cidade até aos ossos.

Outrora, existiu a Londres Negra. Mas já ninguém fala dela.

Kell é oficialmente o viajante da Londres Vermelha, embaixador do império Maresh, guardião da correspondência mensal entre as realezas de cada Londres. Não oficialmente, é um contrabandista, servindo as pessoas dispostas a pagar pelo mais pequeno vislumbre de um mundo que nunca verão. É um passatempo difícil, cujas consequências perigosas Kell sofrerá em primeira mão. Fugitivo na Londres Cinzenta, conhece Delilah Bard, uma fora da lei com aspirações grandiosas. 

Primeira, rouba-o, depois, salva-o de um inimigo mortífero e, por fim, obriga-o a levá-la para outro mundo à procura de uma verdadeira aventura. Mas uma magia perigosa cresce e a traição está em todas as esquinas. Para salvar todos os mundos, têm, antes de mais, de sobreviver. (in Goodreads)



Opinião:

Aqui está um livro com uma história nova e que me fez sentir como da primeira vez que li Rowling, Tolkien, Hobb, Lynch, Clare, Martin. Não podia ser melhor! A história agarrou-me completamente, logo nas primeiras páginas e puxou-me para o seu interior e não me largou. Estava com expectativas bastante altas para este livro, mas foram ultrapassadas em grande escala, pois superou todas as expectativas. Tudo na história está perfeito, desde as personagens, aos acontecimentos...tudo! Assim, este é o primeiro de uma trilogia que promete muita magia e ação.

O livro conta a história de Kell, um dos dois últimos Antari nos Mundos, e das suas missões entre Londres, uma vez que ele tem a capacidade de criar portas para as diferentes Londres, de modo a viajar por cada uma. Ele é um viajante entre Mundos, um mago com a poder da magia de sangue, a mais forte de todas, bem como um olho de cada cor: um azul muito bonito e um completamente negro, em ter iris ou parte branca. Existem quatro Londres: a Cinzenta, a Vermelha, a Branca e a Negra. A Cinzenta é a Londres normal, a real, no tempo do Rei George III, em 1819. Nela não há magia. A Londres Vermelha é aquela onde há magia, é onde Kell mora, fazendo parte da família real. A Branca é uma Londres ressentida e cruel, onde todos têm fome de magia e onde é preciso lutar para ser rei, sendo governada pelos irmãos Dane, Athos e Astrid, cruéis e com capacidades mágicas imensas, tendo como ajudante Holland, o outro Antari existente. Depois, há a Londres Negra, que é uma espécie de lenda: consumida pela magia há séculos atrás, caiu em desgraçada, tendo sofrido uma grande catástrofe mágica. Todos os objetos vindos de lá, as relíquias, foram escondidos e destruídos, bem como pessoas com poderes mágicos, tendo sido aqui que muitos Antari foram mortos, não poque fossem maus, mas porque as pessoas tinham medo que eles fossem um género de peste de contágio de magia para as outras Londres. Sendo que, na ordem de posicionamento das Londres, a Branca era a mais próxima da Negra, foi ela que teve de criar mais defesas e lutar sozinha contra a força da magia negra que envolveu a Londres Negra, sendo esse o motivo do seu ódio para com a Londres Vermelha, que, estando mais distante, não teve de se preocupar tanto (isto na opinião da Branca). Todas elas são acessíveis para os Antari, excepto a Negra, na teoria, uma vez que todas as portas para ela foram seladas. Ou seja, Londres é um ponto fixo em vários mundos paralelos.

Kell faz parte da família real desde os cinco anos, mas o seu passado é um mistério. Com cerca de vinte, não se recorda de onde veio nem quem eram os seus pais de verdade. Sendo que a magia Antari não segue nenhum vínculo de parentesco nem nada, aparecendo de forma aleatória, segundo os conhecimentos dos sábios, Kell não tem forma de saber as suas origens. Tem nos reis uns pais e no príncipe, um irmão. Rhy e Kell são unha e carne e uma bela dupla. Kell tem como funções as questões diplomáticas e o ensino de Rhy quanto à magia. Porém, nas horas vagas tem como passatempo negociar objetos das diferentes Londres com possíveis curiosos ou colecionadores, que o procuram para trocar objetos. 

Mas Kell não é a única personagem com maior relevo. A história também acompanha Lila, uma jovem ladra e aspirante a pirata, habitante da Londres Cinzenta, desconhecedora da existência das outras Londres. Quando os caminhos de Lila e Kell se cruzam, a aventura ganha asas. 

Kell e Lila estavam sossegados nas suas vidas, até que Kell vai à Londres Branca numa missão diplomática e quando se estava a preparar para regressar a casa, aparece uma mulher das sombras com um pedido para um irmão moribundo. Ela entrega uma carta a Kell e pede-lhe para a entregar ao irmão, dando-lhe também um pagamento, algo embrulhado num pano. Dentro desse pano está uma pedra mágica, com uma runa da mais antiga magia: Vitari, um objeto da Londres Negra. Depois de ser atacado e de chegar à conclusão que aquilo tinha sido uma cilada, Kell foge para a Londres Vermelha, onde volta a ser atacado e bastante ferido. Então, decide fugir para a Cinzenta. Assim que lá chega cai aos pés de Lila, que o vê aparecer do meio da parede. No meio da confusão, Lila acaba por roubar-lhe a pedra, sem ter noção do que é que estava a roubar. Assim começa uma grande aventura, onde a magia está presente em grande estilo e em que não param de acontecer grandes momentos de ação e emoção. 

Tudo no livro é bom. 

As personagens são fantásticas. Fiquei completamente apaixonada por Kell, pois ele é uma maravilha. Bastante bondoso, nunca quer fazer realmente mal durante as lutas por que vai passando, muitas delas terríveis e horrendas, acabando quase sempre bastante mal tratado. Lila é um ladra muito engraçada, valente e inteligente. Gostei muito da forma como ela apoiou Kell e de como a relação deles foi progredindo, sempre no meio de muitos perigos. Holland também é excelente e, sem ele, Kell não teria tido oportunidade de se revelar, uma vez que a força de Holland estava sempre num nível mais elevado que a de Kell. Athos e Astrid são uma bela dupla, vilões fortes e bastante alucinados, que trouxeram muita ação e momentos de loucura à história. Rhy também é engraçado, sempre a espalhar charme. Gostei muito da forma como os destinos das personagens se foram entrelaçando e de como a autora orquestrou todos os momentos, todos os detalhes que culminaram em desfechos brilhantes e grandes momentos de cortar a respiração ao longo da narrativa. 

A narrativa, por seu lado, também está excelente. Cheia de dinamismo, ousadia e brilho, a narrativa é bastante alucinante. A magia que a preenche e lhe dá vida e cor é algo novo no campo do Fantástico, pelo menos em relação ao que tenho lido. Se bem que a manipulação dos elementos naturais esteja sempre na base destes sistemas, o que acontece geralmente na Literatura, aqui também há a manipulação do sangue, que vai ligar à manipulação do interior do corpo humano e dos seus órgãos. Isso permitiu à autora descrever cenários de certas lutas onde o sangue aparece em grandes quantidades, mas que está feito de um modo bastante harmonioso. 

A existência de várias Londres pode parecer confusa no início, mas é um conceito bastante bem explorado e simplificado logo no começo da obra, o que permite uma familiarização com o contexto da história que permite uma compreensão total do mundo imaginado pela autora, que é bastante rico e complexo. Gostei muito da forma como a autora a contextualizou e como tornou tudo tão simples e normal. Toda a história por trás dos acontecimentos presentes na obra também está muito bem elaborada, com momentos bem definidos, sem serem forçados, aparecendo no decorrer da história, de diálogos entre as personagens e nas suas memórias, de modo a criar uma naturalidade e um contexto rico e interessante, uma história com a sua História.

A intriga também está bem presente no enredo, aliás, tudo nele é intriga. Todos os movimentos, todos as ações e motivações das personagens têm por base uma intriga muito maior, um conjunto de intrigas paralelas entre si, que vão culminar num grande momento de apoteose brilhante, muito bem conjurado pela autora, que faz um trabalho excelente de modo a interligar todos os acontecimentos e aspetos de modo a criar algo único, rico e complexo.

Outro aspeto que me conquistou foi a ação. A narrativa é repleta de ação, é como que uma montanha russa de emoções. Não existem momentos parados, mas sim uma completa aventura imensa, cheia de grandes duelos, perseguições e fugas, onde nem tudo o que parece o é. A magia é engenhosa e também as personagens, o que cria momentos de grande tensão e adrenalina. A constante ação, aliada a uma escrita fluída e cheia de ritmo e à curiosidade em saber como é que Kell e Lila se vão desenvencilhar dos problemas, promove uma leitura muito rápida e constante. Confesso que, por vezes, abrandei o ritmo da leitura para fazê-la durar mais tempo! 

Mas há algo mais para além da ação. Há os dilemas das personagens, os laços criados entre si, entre a família, o dever. Há ainda a luta entre a vontade e a submissão. Pode-se fazer uma leitura muito mais metafórica do que vai acontecendo às personagens, em especial a Kell, quando começa a usar a pedra mágica. Se bem que não seja novidade a possessão por parte de objetos mágicos na Literatura (o Anel e Frodo, em O Senhor dos Anéis, por exemplo), é sempre um momento de grande tensão acompanhar personagens em que tal acontece. O duelo entre Kell e e a pedra faz com que tudo se torne ainda mais negro e nebuloso, tornando-se numa metáfora para além de um perigo constante que tal oferece à personagem. Também gostei desta parte da história e acho que lhe deu um toque mais profundo e denso, criando ainda mais laços entre o leitor e Kell. 

Também gostei das descrições, sendo que estas são uma constante da história, criando uma imagem visual muito forte e real, o que permite ao leitor visualizar perfeitamente tudo o que está descrito, tanto a nível ambiental e das roupas e outros detalhes, como das ações das personagens e até dos duelos mágicos. 

Sem dúvida, uma das leituras do ano, que recomendo vivamente a todos os que gostam de uma bela aventura, repleta de ação, perigo, loucura, magia e muitas reviravoltas. O começo de uma trilogia que tem tudo para ser uma das melhores aventuras literárias, que já tem interesses para o cinema. 

NOTA (0 a 10): 10

domingo, 9 de julho de 2017

O Terceiro Desejo, de Andrzej Sapkowski

Sinopse:

"(...) uma perspetiva refrescante no género da fantasia." - Foundation

O seu nome é Geralt de Rivia. Dizem que é um bruxo e um assassino sem misericórdia que vagueia pelo mundo à caça de monstros e predadores. Mas na verdade vive de acordo com o seu próprio código de conduta. A sua espada serve, em troca de uma recompensa, poderosos reis amaldiçoados, mas também os mais desfavorecidos.

Ao longo das suas viagens, Geralt encontra todo o tipo de criaturas - algumas saídas da mitologia eslava e dos contos populares dos irmãos Grimm - como vampiros e lobisomens, elfos, quimeras e estriges, trolls e génios que o tentam, satisfazendo todos os desejos.

Mas este é apenas é o início das suas aventuras como viajante e feiticeiro que irá desafiar o destino num mundo em que criaturas de todas as raças coabitam numa paz precária prestes a despedaçar-se... (in Edições Saída de Emergência) 



Opinião:

Depois de ter lido grandes opiniões em relação a este livro não podia ficar indiferente. A saga que inspirou um dos jogos mais famosos de sempre (The Witcher), chegou à Edições Saída de Emergência. Decidi apostar e ainda bem, pois foi uma excelente experiência! Gostei imenso, foi uma lufada de ar fresco. Agradeço desde já a oportunidade de o ler em conjunto com a Edições Saída de Emergência.

Neste primeiro livro da saga é nos apresentado Geralt de Rivia, o famoso bruxo que tem alcançado enormes feitos relativos à caça de seres mágicos e perigosos e outros assuntos relacionados com magia e sobrenatural. O livro está dividido como que em duas partes: presente e passado. No presente, os capítulos intitulados A Voz da Razão, é apresentado Geralt no período de convalescência após a primeira aventura narrada. Ao longo desses capítulos ou seja, ao longo desse período de calma, Geralt vai relembrando algumas das suas missões e aventuras enquanto conversa com outras personagens que vão aparecendo, como Jaskier, um poeta e trovador, muito engraçado e brincalhão. Confesso que quando Jaskier apareceu ainda tornou as aventuras de Geralt mais engraçadas e mirabolantes, fazendo com que gostasse mais do livro.

Geralt é uma personagem muito interessante. Com um passado misterioso, dei por mim a querer saber mais sobre ele, sobre como se tornou bruxo e como foram as suas aventuras que lhe deram a sua fama. A curiosidade, em conjunto com a forma como a prosa está encadeada, fizeram com que o livro fosse lido num ápice. Em relação às outras personagens, todas elas são encantadoras. Ou seja, todas tem um papel importante, muito divertidas e sombrias, ao mesmo tempo. O autor conseguiu criar um leque imenso de personagens, várias para cada aventura, praticamente, e todas elas são diferentes, todas elas são riquíssimas e dinâmicas. Jaskier foi a personagem que mais gostei, em conjunto com Geralt e Yennefer, que também é muito engraçada. 

O enredo é muito bom, repleto de aventuras e ação. O autor não se poupa nos acontecimentos e na forma como os narra, havendo de tudo. São várias aventuras que servem como pano de fundo para a fama de Geralt e todas elas são únicas e cheias de emoção. Gostei muito, tanto da narrativa em si, como da prosa, como das diferentes aventuras. Sempre com humor, ação e aventura, o autor criou algo novo dentro de um género onde há várias outras histórias. 

A existência de seres mágicos "tradicionais" (elfos, anões, vampiros...) e de outras personagens presentes nas histórias tradicionais recolhidas pelos Irmãos Grimm, fez com que tudo ainda se tornasse melhor. O autor deu um olhar totalmente novo e remodelado a histórias, personagens e seres já conhecidos. Achei este aspeto totalmente fantástico e inovador. 

As descrições também estão muito boas, elaboradas e sempre presentes para dar algo à história e à ação em si. Nunca são demasiadas nem exaustivas e têm sempre um quê de humor e diversão. Tal como a escrita. 

A escrita é excelente e, a meu ver, um dos maiores trunfos da história e do autor. Ela é fluída, dinâmica, mordaz e irreverente. O autor não tem problemas em usar determinados vocábulos e jogos de palavras, indo sempre ao cerne da questão e mostrando audácia tanto na escrita como na narrativa. 

Em suma, uma excelente aposta da editora e espero ler em breve o segundo volume, que já saiu por cá e tem como título A Espada do Destino. Recomendo totalmente a todos os que gostam de uma aventura sem limites! 

NOTA (0 a 10): 10  

sexta-feira, 7 de julho de 2017

O Segredo da Casa de Riverton, de Kate Morton

Sinopse:

Verão de 1924
Na noite de um glamoroso evento social, um jovem poeta perde a vida junto ao lago de uma grande casa de campo inglesa. Depois desse trágico acontecimento, as suas únicas testemunhas, as irmãs Hannah e Emmeline Hartford, jamais se voltariam a falar. 

Inverno de 1999
Grace Bradley, de noventa e oito anos de idade, antiga empregada da casa de Riverton, recebe a visita de uma jovem realizadora que pretende fazer um filme sobre a morte trágica do poeta. 
Memórias antigas e fantasmas adormecidos, há muito remetidos para o esquecimento, começam a ser reavivados. Um segredo chocante ameaça ser revelado, algo que o tempo parece ter apagado mas que Grace tem bem presente. 

Passado numa Inglaterra destroçada pela primeira guerra e rendida aos loucos anos 20, O Segredo da Casa de Riverton é um romance misterioso e uma emocionante história de amor. (in Goodreads)


Opinião:

Mais um arrebatador romance escrito por uma das autoras que mais gosto de ler dentro deste género, que acaba por ser um misto de romance com mistério e thriller. Kate Morton tem-se mostrado como uma autora fantástica, dotada de uma escrita fabulosa e de um enorme poder para contar histórias, encadeando todos os detalhes, todos os momentos de modo a criar algo único e excelente. Este é o terceiro livro que leio dela e só tenho a referir aspetos positivos!

Riverton. Uma casa antiga, com mais de 300 anos de história. Uma família nobre, famosa e ilustre. Uma época de mudança, guerra e paixão. Contada na perspetiva de Grace, criada da família, esta é a história que assombra as paredes de Riverton e que nunca foi contada verdadeiramente. Uma história forte, cheia de emoções e muitas surpresas, que faz com que a leitura seja feita de forma frenética e veloz, uma vez que o leitor está sempre na expectativa de descobrir mais...de descobrir o segredo de Riverton.

Gostei muito da história e das personagens.

Em relação às personagens, posso afirmar que gostei de todas. Se bem que tenha acabado por ter um tanto raiva de Emmeline, pela sua personalidade, pelos seus feitos..., todas elas estão excelentes. Grace acabou por ser a minha favorita: discreta, com uma história escondida e crucial nos momentos mais importantes, acabei por gostar muito dela. Hannah é a personagem mais interessante, mais sombria e misteriosa, excepto Robbie, que a ultrapassa. Gostei de todas elas, uma vez que é um leque muito heterogéneo e distinto, cada qual com a sua parte na trama, o seu papel definido e único.

A história está primorosamente contada por Grace, uma excelente narradora. Quase com 100 anos, a antiga criada da casa e depois criada pessoal de Hannah, Grace tem uma história para contar ao seu neto, história essa que a marcou e lhe cria remorsos no seu coração. O que à partida parece ser uma coisa, logo acaba por se mostrar outra. Este aspeto está sempre presente nos livros da autora, o que os faz serem tão bons e imprevisíveis. Este não é excepção. A história das irmãs Hartford é muito forte. A família, o amor e o dever. Eis as bases que as regem e que regem toda a trama. Aqui não há espaço para meias palavras, nem para momentos delicados. Tudo se passa com grande fulgor e paixão e ambas as irmãs têm que enfrentar grandes acontecimentos que acabam por por à prova a sua amizade e amor entre ambas.

Ser guiado por Grace desde os seus 14 anos, quando foi trabalhar para a mansão, até aos seus quase 100 anos é uma experiência interessante, uma vez que ela tem muitos segredos para desvendar e contar. Tendo acompanhado a vida de Hannah e Emmeline desde a sua juventude, sabe tudo sobre elas e sobre o que levou à loucura na famosa festa dada em Riverton em 1924, no auge dos loucos anos 20. O mistério está muito bem contado, as pistas são dadas em pequenas doses e o leitor pode seguir por esta história como se estivesse presente em todos os momentos, como se estivesse de mão dada com Grace através da história. 

O facto dos acontecimentos narrados atravessarem um longo período de tempo, cerca de 20 anos, também dá outras mais valias à história. A Primeira Guerra, as mudanças sociais e económicas, a entrada na década de 1920 e tudo o que estes anos trouxeram (música, emoções, modas...), a liberdade social e de costumes que se começou a viver na época...tudo está aqui presente e tudo faz parte do contexto da obra. Kate Morton, mais uma vez, usou todos esses aspetos para criar um contexto perfeito e único, em que tais aspetos servem a história, dando-lhe coerência e realidade, sendo parte viva das personagens e do enredo em si.

As descrições estão soberbas, magistrais. É como se o leitor estivesse defronte de tudo o que é descrito. Aliás, logo na primeira página é possível entrar na história, começar logo a fazer parte do quadro visual que é ali apresentado. Imaginar logo a primeira cena foi o que me fez entrar automaticamente na história. Assim, a vivacidade das descrições em conjunto com a poesia da forma de escrita, faz com que a leitura da obra seja um momento maravilhoso, onde se entra na trama e se acaba por fazer parte do enredo.

Já tinha acontecido isso nos livros anteriores. A autora consegue sempre dar tudo de si e de tudo o que cria para dar prazer ao leitor, através das variadas descrições das personagens, da ação, dos espaços, dos objetos..., passando pela história e acontecimentos, até chegar ao cerno do mistério que há para desvendar. Porque há sempre um mistério escondido, algo que tem de ser dito, que tem de ser descoberto.

Mais um maravilhoso livro de Kate Morton, que recomendo sem reservas. Romance, mistério e muita emoção numa história bem contada.

NOTA (0 a 10): 10

sexta-feira, 9 de junho de 2017

O Assassino do Bobo, de Robin Hobb

Sinopse:

Tomé Texugo tem levado uma vida pacífica há anos, retirado no campo na companhia da sua amada Moli, numa vasta propriedade que lhe foi agraciada por serviços leais à coroa. Mas por detrás da sua respeitável fachada de homem de meia-idade, esconde-se um passado turbulento e de violência. Na verdade, ele é FitzCavalaria Visionário, um bastardo real, utilizador de estranhas magias e assassino. Um homem que tudo arriscou pelo seu rei, com grandes perdas pessoais.

Até que, numa noite fatídica, um mensageiro chega com uma mensagem que irá transformar o seu mundo. O passado arranja forma de se intrometer no presente, e os acontecimentos prodigiosos de que foi protagonista na companhia do seu grande amigo, o Bobo, vão voltar a enredá-lo. Se conseguirem, nada na sua vida ficará igual... (in Edições Saída de Emergência)



Opinião:

É com imenso gosto que escrevo esta opinião. Robin Hobb é uma das minhas autoras favoritas e desde que a Saída de Emergência começou a editar cá os seus livros que os tenho lido. Ora, depois de duas sagas maravilhosas, é uma delícia poder voltar a entrar neste reino e a visitar os Seis Ducados, Torre do Cervo e, principalmente, a encontrar FitzCavalaria Visionário, a minha personagem literária favorita. Ao começar este livro foi como se voltasse atrás no tempo ou como se voltasse a uma memória ou acontecimento muito querido. Deu-me uma sensação e emoção únicas e foi com grande alegria que me deixei levar pelas páginas desta brilhante aventura. 

O primeiro livro de uma trilogia deliciosa e repleta de emoção!

As personagens continuam perfeitas. Fitz continua o mesmo. Apesar de mais velho, o seu corpo mantém a aparência da casa dos trinta, devido à cura pelo Talento administrada pelo círculo de Respeitador nos livros anteriores. Mas a nível psicológico, de maturidade, continua o mesmo. E continua como só ele podia ser. Confesso que, se ele amadurecesse verdadeiramente, podia deixar de ser tanto como ele é. Acho que não gostava muito que isso acontecesse...talvez para preservar a personagem como a ideia que faço dela, mas acho que, com a história que aqui está, é provável que ele amadureça. No entanto, permanecerá para sempre aquele rapaz que foi levado para o Castelo de Torre do Cervo para servir como assassino. 

Mas, apesar do Fitz ser especial, também há outras personagens e posso dizer que gosto de todas. Moli também me é muito querida. Sempre gostei dela e sempre torci para a ver com o Fitz. Depois de tudo o que lhes aconteceu, o repouso e amor entre os dois é mais do que merecido. Gostei de reencontrar Moli e muitas das emoções mais fortes foram por causa dela. 

Breu, Kettricken, Respeitador, Urtiga, Enigma e muitas outras personagens voltam para fazer as delícias dos leitores e voltam todas cheias de força e pujança, mesmo que nem todas apareçam muito ao longo da história. 

Não querendo estar a contar muito, outra personagem nova que aparece é verdadeira um miminho! Abelha é perfeita. É como que aquilo porque a história tem estado a ser contada. Parece ser a base de todos os livros, o culminar da história. Há muito para descobrir sobre ela, mas espero que o mistério seja bastante adensado ao longo das histórias seguintes! 

E há muitas novas personagens, todas fantásticas. 

Robin Hobb é única. Mais uma vez dá-nos uma história que só ela podia ter escrito. As personagens continuam iguais, cheias de força e carisma, os locais também continuam a transmitir a mesma serenidade emocionante. A escrita continua a ser como que uma viagem serena, pacifica. É como um maravilhoso conto de antigamente, contado oralmente, no princípio dos tempos. Tudo neste livro faz lembrar os anteriores, tudo e nada. 

A história é muito diferente. Fitz vê-se numa situação completamente nova. Casado, ao lado da sua amada que envelhece (e ele não), Fitz só quer paz e sossego. Porém, algo mais está em marcha e ele volta a ser posto em serviço, se bem que de um modo bastante intrigante e esquivo. Mas, para além de todo o enredo de mistérios, profecias e segredos, há mais do que isso, há a vertente familiar. Abelha ganha. não só um lugar privilegiado e único na vida dele, mas também capítulos da sua autoria, deixando-nos entrar no seu mundo, na sua perspetiva e na sua mente tão peculiar e aguçada. 

Se a narrativa não tem tantas aventuras como as que podiam ser esperadas, tem algo mais. Tem um contexto familiar que prende o leitor de um modo mais filial, mais íntimo. E este é apenas o começo de uma trilogia que vai ser fantástica. O final do livro é totalmente comovente, deixando tudo em suspenso, tudo em aberto e pronto para a maior aventura de todas, maior, mais perigosa e mais emocionante. Amizade e família, o maior dilema de Fitz vê-se, mais do que nunca, concretizado. 

Quanto à escrita, Hobb dá-nos mais um doce. É com enorme expectativa que as folhas vão sendo devoradas e dei por mim a tentar abrandar o ritmo da leitura para fazer render a história. Porque, se bem que queria ler mais, também queria saborear tudo em pormenor. As palavras são escolhidas de modo a criar um encadeamento melodioso e delicado que promove uma leitura a dois tempos: veloz nos momentos de ação, calma nos momentos mais descritivos e introspectivos. É o tempo perfeito para a narrativa. 

Em relação às descrições, é um prazer voltar aos locais visitados tantas vezes e encontrar, mesmo que com algumas mudanças, aquele "cheiro" a conhecido, aquela familiaridade tão boa. Gostei muito de encontrar Floresta Mirrada e de conhecer a esplêndida mansão. Tudo é descrito como deve ser. Sem ser demasiado, mas sem ser de menos. Está tudo equilibrado. No fundo, equilíbrio é o que mais pauta esta história. Equilíbrio em todos os aspetos. 

Pois é, mais um maravilhoso livro desta autora que eu tanto aprecio. Quero agradecer à Saída de Emergência por ter voltado a editar Robin Hobb. Muito obrigada. Por favor, continuem. Espero ler em breve o segundo volume desta esplendida trilogia. Estou tão curiosa para ler o próximo! 

Recomendo vivamente a todos os leitores que apreciam uma história excelente, com aventuras, romance, emoções fortes. É do melhor que se pode ler. E também quero referir o excelente design tanto no exterior (a capa é linda!), mas também interior, tanto a nível de formatação e imagens. 

NOTA (0 a 10): 10