segunda-feira, 18 de julho de 2016

O Herói das Eras - Parte II, de Brandon Sanderson

Sinopse:

O mundo aproxima-se do fim, esmagado pela força imparável de Ruína. Vin, Elend e os companheiros procuram desesperadamente opor-se-lhe, mas nada do que fazem parece ter algum efeito ou, quando o tem, é o oposto do que pretendem. De que serve a mera alomância contra um deus?

Especialmente quando não parece haver nada além dela, pois até as misteriosas brumas, em tempos aliadas, parecem ter-se tornado malignas. Mas será que desistir é uma opção? Terá chegado o momento de baixar os braços e aceitar o fim de tudo o que se ama?

Num mundo sufocado pela cinza e abalado por erupções contínuas e violentas convulsões sociais que afetam até a sociedade dos kandra, são estes os dilemas com que os sobreviventes do velho bando de Kelsier vão ser confrontados neste derradeiro volume da saga. (in Saída de Emergência)



Opinião:

Nesta segunda parte do terceiro volume da saga Mistborn - Nascida nas Brumas, encontramos as personagens separadas em diferentes locais, novamente como na parte anterior. A ação retoma logo nos momentos mais interessantes da parte anterior, o que é excelente, pois dá logo um empurrão ao leitor para dentro desta fantástica história. 

As personagens continuam no seu melhor, se bem que posso dizer...que ainda estão melhor e mais interessantes do que nos livros anteriores! A sua complexidade é enorme, e tudo está em mudança. Tendo em conta as mudanças no mundo criado pelo autor, era de esperar as alterações que as personagens vão sofrendo. Vin continua a ser uma lutadora e uma rapariga cheia de artimanhas; Elend continua honrado, mas mais firme; Brisa, Sazed e todos os outros continuam em excelente forma. 

Mas houve um que me continuou a surpreender ainda mais: o Susto. O Susto foi a personagem que mais me espantou e agradou ao longo desta parte e já da primeira também, porque foi a que teve um maior desenvolvimento e evolução. Também gostei de ver as duas forças em ação: Ruína e Preservação. Dão um ambiente muito envolvente ao enredo, apesar de Preservação aparecer mais nos inícios de capítulos, que são muito interessantes e reveladores. 

A história continua densa e complexa, repleta de aventuras e muitas emoções. Num clima de grande tensão e mistério, o enredo vai-se fechando, fechando. fechando até criar um todo muito bem imaginado e delineado desde o início, pois é possível constatar que tudo foi escrito e criado com um propósito bem definido. A alomância e todos os mistérios que o autor criou continuam a ser ingredientes muito bem conseguidos. 

A escrita continua a ser muito fluída e cheia de entusiasmo. Existe um clima de tensão que o autor consegue colocar por palavras de um modo excelente. As descrições, tanto dos locais, das personagens, como das ações, estão muito bem, sendo possível visualizar tudo. Os diálogos continuam cheios de vivacidade e interesse. 

Ou seja, Sanderson criou um mundo credível, cheio de magia, inteligente, complexo e original. Não se compara a outros mundos criados dentro do género Fantástico, o que a meu ver é excelente, porque é uma lufada de ar fresco. Também criou personagens memoráveis e inteligentes, com histórias intrigantes por trás. As ligações que são estabelecidas entre as personagens e entre estas e o enredo, dão coerência e coesão a toda a história e universo criado pelo autor. Aqui está uma história rica, cheia de emoção, original, muito bem escrita. Depois de concluída a trilogia, posso afirmar que Mistborn - Nascida nas Brumas é excelente e que vou querer ler mais livros do autor. 

Em suma, recomendo a todos os que gostam de história boas, com qualidade e complexidade. Para quem é fã deste género então é altamente recomendável. Apostem nestes livros, porque são excelentes! Mais uma vez, há que mencionar o excelente design gráfico tanto da capa como do interior do livro. 

NOTA (0 a 10): 10

terça-feira, 12 de julho de 2016

Fool's Assassin, de Robin Hobb

Sinopse:

Vários anos depois dos acontecimentos passados na trilogia (por cá com cinco livros) O Regresso do Assassino ou em inglês Tawny Man, Robin Hobb traz-nos uma nova aventura destas personagens tão amadas: FitzCavalaria e o Bobo.

Depois de ter casado com Molly e de ter ido viver para Wittywoods, Fitz está satisfeito com o que tem: uma família, uma casa, paz, sossego e amor. Até que, durante a Festa de Inverno, aparecem uns estranhos na sua casa, bem como uma mensageira que desaparece misteriosamente, deixando um rasto de sangue. Dos estranhos também nada descobre, mas a dúvida fica lá e durante muitos anos nada de extraordinário acontece, a não ser o nascimento de Abelha, filha de Fitz e Molly, que todos pensavam ser impossível. Muito pequena, pálida e loura, Abelha cedo demonstra ser um bebé diferente: silenciosa, apática e estranha. Os criados começam a ter medo dela, bem como pena e à medida que ela vai crescendo, mais devagar do que normalmente para uma criança, todo o pessoal da casa a ostraciza e teme, excepto os pais e irmãos, que a amam imenso, mas pensam ser também diferente ou com algum problema.

Mas Abelha é muito mais do que aquilo que todos pensam ser e quando aparece uma nova mensageira, muitos anos mais tarde, com uma mensagem do Bobo, Fitz tem que decidir entre proteger a sua filha e educá-la e ajudar o seu amigo de sempre.



Opinião:

É com enorme gosto e prazer que leio os livros desta autora. Mergulhar neste mundo criado por Robin Hobb é como voltar atrás no tempo e percorrer os caminhos de Fitz desde pequeno. É relembrar a sua história e as suas aventuras, bem como a história dos Seis Ducados. Não é segredo nenhum que estes são dos meus livros favoritos e o Fitz é das minhas personagens favoritas, se não a favorita. Portanto, não podia deixar de gostar deste livro, que inicia uma nova trilogia.

Este é o outro livro mágico e maravilhoso em que Fitz volta a ser o narrador da sua história de vida. Mais velho, mas nada diferente daquilo a que nos foi habituando, Fitz regressa em grande, com um dilema bem diferente e difícil para resolver. Não posso dizer que as personagens estão mais maduras, porque depois de dez livros, todas as personagens já amadureceram bastante e Fitz continua o mesmo "rapaz" de sempre, um tanto confuso, mas fantástico e que só dá vontade de abraçar. Agora é um homem feito, de cinquenta e tal anos, mas continua com a sua personalidade única.

Quanto às outras personagens, todas continuam no seu melhor: Molly está como sempre esteve, calma e doce; Breu continua o mesmo intriguista e sabichão; Urtiga continua inteligente e cheia de astúcia, apenas para mencionar algumas das personagens. E depois temos as novas personagens, em especial Abelha. Gostei imenso dela. Diferente, realmente, mas com uma história grande, Abelha é única, especial e tem alguns capítulos só seus, em que é a narradora e onde mostra a sua maneira de ser e estar. 

O enredo é muito interessante. A história desenrola-se calmamente, pelo menos até dado momento. Com um principio cheio de ação, um meio mais calmo e um desenlace cheio de surpresas e emoções, esta nova aventura dá-nos uma perspetiva mais quotidiana da vida do Fitz e de Abelha, principalmente. No entanto, existem momentos de grande emoção, como que uma espiral de acontecimentos que dão sentido a todas as partes mais calmas da história. Gostei da forma como a autora foi conduzindo o enredo: ao seu ritmo, sem pressas, com muita delicadeza e harmonia, terminando num momento alto e de grande sentimento. Penso que, pelo facto dos livros anteriores publicados cá em Portugal terem sido divididos, nunca me tinha apercebido totalmente da organização da autora, que é muito semelhante em todos os livros que tenho lido dela.

A escrita continua a ser maravilhosa. Hobb conta uma história como uma autêntica contadora de histórias de antigamente, quando a oralidade era mais relevante do que a escrita, nos começos de tudo. Pode parecer estranho começar o parágrafo a escrever sobre escrita e ir para a oralidade e para um período em que esta não tinha tanto relevo ou não era tão reconhecida, mas a analogia é verdadeira. Estar a ler o livro é como se estivesse a ouvir a autora a contar a história, tal não é a proximidade, beleza e envolvimento criado pela autora.

As descrições continuam fabulosas, os pormenores são riquíssimos e muito bem colocados. Tudo está colocado no seu devido lugar. Não existem pontas soltas, nem nada do género. Existe sim um belo mistério para resolver.

Só posso recomendar a leitura deste livro. Para quem ainda não leu nada da autora, recomendo que comece com a saga Aprendiz de Assassino, publicada cá pela Saída de Emergência. Para quem já leu esses todos, acho que devia continuar a ler esta autora. Gostava muito que a editora continuasse a publicar por cá.

Citações (as traduções são feitas por mim):

Molly, just to have you sleep beside me every night is the fulfilment of my dream of years. (Molly, ter-te a dormir comigo todas as noites é a realização do meu maior sonho.)

You'll do well, if you don't mire in self-pity. Self-pity only gets you more of the same. Don't waste time on it. (Vais conseguir, se não passares o tempo a ter pena de ti mesmo. Isso só traz mais do mesmo.)

A secret is only yours so long as you don't share it. Tell it to one person, and it's a secret no more. (Um segredo só é teu enquanto não o partilhares. Conta-o a uma só pessoa e deixa de ser segredo.)

NOTA (0 a 10): 10

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Resultado do passatempo O Grito da Terra, de Sarah Lark (Marcador)

Já há vencedor/a do passatempo que esteve aqui a decorrer no blog até ontem! Obrigada à Marcador Editora e a todos os que participaram! Continuem a ser seguidores, porque haverá mais passatempos e posts sobre as leituras. 

E o/a vencedor/a é:



59 - Paulo Dores

Parabéns ao vencedor, que será contactado por e-mail. 


sábado, 9 de julho de 2016

Sedução de Seda, de Loretta Chase

Sinopse:

O apelo do vestido perfeito consiste em duas partes: as senhoras devem desejar vesti-lo, e os senhores devem desejar despi-lo.

A ambiciosa e talentosa modista Marcelline Noirot é uma estrela em ascensão na chique cidade de Londres. E quem melhor beneficiaria do seu talento, se não a dama mais mal vestida de Londres, a noiva do duque de Clevedon? Conseguir o mecenato da futura duquesa significaria mais prestígio e fortuna para Marcelline e para a sua família. Para chegar até ela precisaria, contudo, de atrair as atenções do duque, um cavalheiro cujos padrões de estética são elevados, mas os padrões morais...já não. 

Parece valer a pena. No entanto, quando Marcelline se encontra com ele, Clevedon projeta uma sedução tão irresistível como os vestidos que ela costura e cria, o que começa por se apenas uma faísca de desejo, depressa se torna num delicioso inferno... e um ardente escândalo. Será suficiente os seus destinos estarem apenas suspenso por um fio de seda? ( in Saída de Emergência)



Opinião:

Há bastante tempo que andava de olho neste livro, tanto pela sinopse como pela capa, que é absolutamente soberba. Quero desde já agradecer à Edições Saída de Emergência pela oportunidade de ler este livro.

Com personagens frescas e interessantes, um enredo muito bem concebido e boas reviravoltas, encontrei neste livro uma autêntica lufada de ar fresco dentro do género. É um bom romance, com toques de erotismo e sedução, mas também de grande engenharia mental por parte das personagens femininas, em especial de Marcelline, que se mostrou uma personagem fantástica graças à sua inteligência, argucia e sedução. Também gostei muito de Clevedon, muito original. 

O enredo é bastante dinâmico e interessante, uma vez que aborda o mundo dos negócios da moda do século XIX, um dos séculos onde a roupa foi mais bela, na minha opinião. É a primeira vez que leio um livro deste género e fiquei muito agradada. Gostei da forma como a autora introduziu a história e como a conduziu, interligando o romance com costumes da época e os negócios. Numa época em que as mulheres não eram grandes empreendedoras, mas em que a moda era essencial e especial, principalmente na alta sociedade, esta história consegue transformar os negócios em algo mais: um mundo de intriga, sedução e romance, onde vale tudo para alcançar o sucesso e obter as melhores e mais distintas clientes. 

Gostei imenso da escrita da autora, tanto a nível de linguagem como condução da ação. Os diálogos são inteligentes e divertidos, sempre com muito sarcasmo e ironia; as descrições são soberbas, principalmente a nível dos vestidos e tudo o que lhes está relacionado, como tecidos e cores; as personagens estão bem construídas; a própria escrita (sem ser nos diálogos) é bastante sarcástica em alguns momentos, havendo uma grande preocupação em apresentar as diferenças entre as classes sociais da época (que muito continuam a ser parecidas nos dias de hoje). 

Marcelline consegue ter sempre uma excelente crítica a apontar a Clevedon em relação ao snobismo da alta sociedade em relação à burguesia. Tendo em conta a importância cultural e económica que a burguesia trouxe à sociedade desde que teve o seu desenvolvimento, é com grande interesse que se acompanha estes diálogos e descrições, uma vez que são verdadeiros: a alta sociedade, a nobreza, antes da Revolução Francesa, e até depois, nada fazia para contribuir ativamente para a sociedade ou economia, a não ser para dar festas e organizar outros eventos, sendo sim burguesia a grande ativista e mecanismo de avanço social e económico. 

Como não aprecio muito romances lamechas, achei este muito interessante, fresco e inteligente. Não há momentos parados, uma vez que a história é bastante dinâmica. Há todo um conjunto de excelentes ingredientes literários, tais como: romance, sedução, erotismo, intriga e ação. Recomendo a todos os que gostam deste género literário, uma vez que é excelente! Vou querer acompanhar esta fantástica trilogia!

Quero ainda enaltecer o design gráfico do livro, pois está maravilhoso: a capa é linda, os pormenores são magistrais! 

NOTA (0 a 10): 10