sábado, 3 de outubro de 2015

A Filha da Profecia, de Juliet Marillier

Depois de ter lido os dois volumes anteriores durante o ano passado, foi com grande entusiasmo que peguei no terceiro volume desta fantástica história sobre a família de Sevenwaters. Não é novidade o meu apreço pela autora e pelas suas histórias, por isso era difícil eu não gostar deste livro. 



Sinopse:

Fainne foi criada numa enseada isolada na costa de Kerry, com uma infância dominada pela solidão. Mas o pai, filho exilado de Sevenwaters, ensina-lhe tudo o que sabe sobre as artes mágicas. Esta existência pacífica será ameaçada em breve, e a vida de Fainne jamais será a mesma, quando a avó, a temida feiticeira Lady Oonagh, se impõe na sua vida. Com a perversidade que a caracteriza, a feiticeira conta a Fainne que tem um legado terrível: o sangue de uma linhagem maldita de feiticeiros e foras-da-lei, incutindo nela um sentimento de ódio profundo e, ao mesmo tempo, a execução de uma tarefa que deixa a jovem aterrorizada. Enviada para Sevenwaters, com objectivo de destruí-la, vai usar todos os seus poderes mágicos, para impedir o cumprimento de uma profecia. (in Goodreads)

Opinião:

Não sei se não será um dos livros mais belos que li da autora. Não é tão grandioso como o primeiro (A Filha da Floresta), talvez porque há uma doçura e uma ingenuidade enormes nesse livro, mas gostei muito deste por ser o oposto. A personagem principal, Fainne, é mais complexa, mais obscura, e está sob a malvada influência da sua avó, Lady Oonagh, a feiticeira que transformou os irmãos de Sorcha em cisnes e que causou todos os danos possíveis no primeiro livro. Filha de Ciarán e de Niamh, irmã de Liadan (ambos exilados de Sevenwaters), Fainne é criada em Kerry, longe da família, com o seu pai, tornando-se aprendiz de feiticeira. Ela é bastante modesta e tímida, uma vez que apenas convive com o seu pai e com o seu amigo de infância, o nómada Darragh. É diferente das outras narradoras da saga: mais reservada, mais obscura e mais secundária, Fainne é tudo o que nem Sorcha nem Liadan eram: heroínas perfeitas e cheias de força. Desta vez a personagem principal tem tudo para ser a grande vilã da história, uma vez que a sua avó e o seu pai a enviam para Sevenwaters, com a suposta missão de destruir a família e a fazer com que a profecia referente às Ilhas não se concretize. Gostei muito de Fainne por isso mesmo; pela dualidade que representa, uma vez que está sempre com um pé no lado negro e com outro no lado bom; pela complexidade da sua história; por ser diferente das outras raparigas dos livros anteriores. Apesar de não deixar de ser forte, Fainne consegue trazer à tona uma outra realidade, uma realidade mais ambígua, que até agora não tinha aparecido muito nos livros que li da autora; e isso está relacionado com o facto de ela poder ser muito bem a grande vilã da história.

Em relação às outras personagens, posso afirmar que foi um prazer revê-las a todas, especialmente ao grupo de Liadan e a Finbar, que sempre foi uma das minhas personagens favoritas desta história. Gostei bastante de conhecer as filhas de Sean e os de Liadan e gostei muito de Darragh. Comprovei também o meu interesse e a minha ideia sobre Ciarán, que também tinha sido uma das minhas personagens favoritas no segundo livro; aqui provou toda a sua personalidade e poder. Existe em todas as personagens um certo cariz mais negro e mais taciturno, isto também por causa da guerra que se vai aproximando à medida que a história ocorre. Todos estão mais maduros e isso nota-se bastante. Também gostei de reencontrar Eamon, apesar de ser das personagens que mais asco me suscitou. Outro aspeto em relação às personagens que me agradou foi o facto de Lady Oonagh  ter aparecido em todo o seu esplendor neste volume, uma vez que tinha sido sempre relegada para segundo plano, apesar de tudo estar relacionado com as suas ações. 

A história é novamente fantástica. A autora comprova mais uma vez a sua mestria e magia enquanto contadora de histórias. É sempre um prazer ler um livro de Marillier, porque é como que uma poderosa história ancestral e cheia de magia e significado. Todo o conceito que está subjacente às histórias pode ser sentido com grande detalhe e emoção enquanto se lê os seus livros. E isso sente-se mais uma vez neste volume.

Neste livro há uma dimensão sobrenatural maior. A magia está mais presente, principalmente em relação ao volume anterior. Também conhecemos os Anciãos e algo mais sobre as Criaturas Encantadas, o que é excelente, uma vez que, para mim, toda a contextualização e toda a história em que Sevenwaters assenta é motivo de interesse. Fico sempre satisfeita por ficar a saber mais um bocadinho da história do passado de Erin e de Sevenwaters.

Gostei das descrições, sempre muito bem elaboradas, sem serem demasiadas e escritas na perfeição, de modo a ser possível ao leitor se imaginar nos locais. Gostei da forma como a narrativa foi conduzida. A parte final foi apoteótica e muito bem conseguida. Um dos "melhores" finais dos livros da autora que li até agora.

Não há pontas soltas, pelo menos explicitamente. Tudo fica com uma resposta. Dei por mim a prolongar a leitura para fazer render a história, mas não o consegui fazer muito mais, porque a curiosidade também era grande e valeu a pena.

Agora é ler o seguinte ou outro da autora, que consegue sempre encantar com as suas palavras magnificamente trabalhadas de modo a criar histórias únicas e extremamente belas. Recomendo totalmente, a todos os leitores.

NOTA (0 a 10): 10

8 comentários:

  1. Sou louca para ler essa série. Comprei o primeiro livro recentemente e não vejo a hora de começar a ler. Adorei a resenha. Abs e ótimas leituras!

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    1. É mesmo uma série maravilhosa. Espero que a qualidade se mantenha nos próximos, porque ficou elevadíssima! Fantástico =)
      Muito obrigada!

      Bjs e boas leituras!

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  2. Viva,

    Bem esta é uma trilogia que adora poder ter tempo para reler, tal como a Saga das Ilhas Brilhantes e As Cronicas de Bridei da mesma escritora, mas infelizmente não tenho tempo para isso, ainda assim este é o culminar de uma trilogia que me ajudou a ter hábitos de leitura e não mais parei, tem magia os seus livros ;)

    Sem duvida que este é um pouco diferente dos anteriores mas gostei muito na mesma e gostei muito daquele final (ai não fosse o fiacha eheheheh).

    Os livros seguintes já não são tão bons, mas ainda assim vale a pena ler, alais apenas li mais um e fiquei por ali.

    Agora sabes o porque de considerar a Juliet uma das minhas escritoras favoritas :D

    Bjs e boas leiruras

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    1. Olá Fiacha!

      Também concordo contigo. É uma oportunidade única poder ler novamente estes livros, são lindos. Também tenho a Saga das Ilhas para ler e já li o primeiro de Bridei, mas ainda não li os outros. Muita magia =) São histórias únicas!

      Eu gostei muito, é dos meus favoritos. Leste até onde?

      Sei pois, também é uma das minhas =)

      Bjs e boas leituras

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    2. De Sevenwaters li apenas mais um mas não tinha a qualidade dos anteriores, mais vale seguires para a saga das Ilhas Brilhantes e Cronicas de Bridei ;)

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    3. Da Juliet, a seguir, vou ler O Lago dos Sonhos...com aquela capa linda ^^
      Tenho ali a das Ilhas Brilhantes e Sangue do Coração =D

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  3. Olá 😊

    Este 3 livro foi essencial na conclusão da história da família de Sevenwaters. Foi também um dos meu favoritos.

    Esta autora é uma contadora de histórias por excelência. Acho que os livros mais recentes, perdem um pouco de qualidade, mas claro , Marillier continua a ser a minha escritora favorita


    Bjos

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    1. Olá =D

      Sem dúvida, essencial e magistralmente escrito. É perfeito.

      Não há como os primeiros e a fórmula também é única. Talvez por terem quase sempre um contexto parecido aconteça isso...
      A seguir, dela, vou ler O Lago dos Sonhos. Tenho para ler a Saga das Ilhas Brilhantes e Sangue do Coração.

      Bjs e boas leituras

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