sábado, 26 de julho de 2014

No País da Nuvem Branca, de Sarah Lark

Este livro foi uma excelente surpresa. Desde que a Editora Marcador o deu a conhecer, fiquei encantada com a sua sinopse e com a capa, que a meu ver é bastante bonita. Assim, depois de ter estado na estante durante uns tempinhos, decidi lê-lo. Obrigada Marcador! E posso dizer que fiquei muito, muito satisfeita. No País da Nuvem Branca é um romance muito interessante. É uma saga familiar, que abarca um período de cerca de vinte anos da vida das personagens. 


Tudo começa quando Helen Davenport, professora particular na casa dos Greenwood, lê um anúncio no jornal da igreja em que se propõe a ida de jovens casadoiras para a Nova Zelândia, a fim de formar família e, assim, ajudar a colonizar as ilhas. Helen decide arriscar e quando um homem lhe envia uma carta muito bem escrita, através da responsável pela “expedição das noivas”, Helen decide partir para conhecer o seu futuro esposo. Noutra perspetiva, Gwyneira Silkham, uma jovem nobre, filha de um cavalheiro fazendeiro exportador e criador de ovelhas e cães-pastores, vê-se a braços com a ida “forçada” para a Nova Zelândia, depois do comprador de ovelhas de visita à mansão da família ter jogado blackjack com o seu pai e de este ter apostado a mão da sua filha em casamento com o filho do comprador, Gerard Warden, pai de Lucas Warden. Assim, Gwyn, jovem e aventureira, parte com esperança de conhecer o seu amor, na espera de este ser também um homem dado à aventura. Mas as duas mulheres cedo descobrem que o que elas acreditavam ser uma maravilhosa oportunidade acaba por se tornar numa rede de acontecimentos que para sempre vão mudar as suas vidas e as daqueles que as rodeiam. Tanto Helen como Gwyn ficam amigas a bordo do barco que as leva para a sua nova terra (o Dublin), mas a sua amizade não pode acontecer porque os homens a que pertencem são inimigos de longa data. Howard O’Keefe, noivo de Helen, e Gerard Warden, futuro sogro de Gywn têm uma contenda muito grande que mais cedo ou mais tarde tem tudo para explodir e por as duas famílias em perigo. 

Esta história é um tanto diferente das que tenho lido e isso agradou-me bastante. Não tenho muitos livros que tenham como base uma saga familiar, pelo menos no plano real (não da fantasia). É uma história que, não sendo verídica, podia muito bem ter acontecido, e é ancorada num contexto histórico bastante interessante e rico: a colonização da Nova Zelândia e as relações entre colonos e maoris (o povo indígena do país). Todo o contexto histórico está bem descrito e bem fundamentado. Não conhecia muito sobre este país e foi uma excelente forma de me iniciar nos conhecimentos sobre a História da Nova Zelândia, mesmo não sendo um romance histórico com personagens verídicas. Fiquei muito interessada e curiosa com os costumes dos maoris e com forma como os colonos se estabeleceram e como o país foi evoluindo. Uma vez que a história abarca um período de vinte anos, a evolução está bastante presente e é visível: desde a caça à baleia e às focas, até à produção de gado ovino, passando para bovino, e depois, a febre do ouro. A construção das cidades, como começaram por ser terrinhas com algumas habitações de madeira até se tornarem cidades importantes; tudo está muito bem retratado. 

As personagens também são excelentes e a sua evolução é enorme. Não são personagens simples e planas, mas sim complexas e bastante reais. São personagens com motivos reais e nada nelas é forçado. Não há personagens estereotipadas ou com comportamentos fúteis. Tudo o que as move tem um motivo e esse motivo é sempre plausível, compreensível e complexo. Este aspeto é um dos que mais me agradou: personagens humanas, nada fúteis e com motivos interessantes e que se tornam mais complexos, com o passar do tempo e com o que lhes vai acontecendo ao longo da trama. Gostei muito de Helen e de Gwyn. Ambas são bastante distintas e muito bem caracterizadas. A respeito dos homens, também gostei de todos, principalmente na medida da complexidade das suas vidas e personalidades. Não há propriamente vilões ou personagens “boazinhas”; há sim personagens fortes, com passados fortes e com histórias que se vão construindo ao longo do tempo, entrelaçando e ramificando, tornando-se cada vez mais complexas e interessantes. Nenhuma personagem está lá só para estar: todas fazem falta e todas têm um papel a desempenhar. 

Todo o cenário é maravilhoso. Muito bem descrito, sem exagero. A ação é total. É um romance cheio de ação, aventura, tragédia, amor, amizade e luta. Não é uma história “cor-de-rosa”, nem por sombras! É uma história com bastante “sumo”. Tem um conteúdo muito forte, que me agradou bastante. Não tem nada de “lamechas”, coisa que não gosto de encontra nas histórias. Quando me proponho ler um livro, principalmente um romance, espero encontrar uma história forte, que me agarre, que me faça alegrar, sofrer e viver com as personagens, que me faça querer saber mais, querer ler até saber o final. E este livro proporcionou, sem dúvida, tudo isto. 

As reviravoltas são muitas, nada fica parado. É um dos melhores livros que li este ano e vai ficar no meu coração e no meu pensamento durante muito, muito tempo. Gostava muito de ver esta história passada para o grande ecrã, pois teria tudo para ser um grande filme. É uma história arrebatadora, com momentos de grande ternura, com outros de grande tensão e com alguns de descontração. Recomendo sem reservas! Leiam, porque é maravilhoso. Uma saga familiar espetacular. Excelente aposta da Marcador. Espero que editem os restantes, pois este é o primeiro.

Algumas citações:

 Será possível que já nos tenhamos encontrado nos nossos sonhos? p. 58 

- Amo-te, até amanhã! - disse-lhe o rapaz em voz baixa.
- Só até amanhã? - respondeu-lhe ela, a sorrir.
- Não, até ao céu. E um par de estrelas mais longe ainda!
p. 486

- Cuida dele! - sussurrou à égua. - E traz-mo de volta!
Ruben montou com esforço, mas conseguiu inclinar-se para dar um beijo a Fleurette.
- Amas-me quanto? - perguntou em voz baixa.
- Amo-te daqui até ao céu e um par de estrelas mais longe.
p.499


NOTA (0 a 10): 10 

9 comentários:

  1. Ois Maria Rita,

    Bem depois de ler mais este teu excelente comentario fico com imensa vontade de ler o livro, um dos melhores livros que leste este ano muito bem.

    Já sabes se estiveres com falta de espaço na tua estante posso ficar com ele ehehe :D

    Bjs e boas leituras

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    1. Olá Fiacha,

      obrigada. Acho que bem que fiques com vontade de ler o livro, pois é mesmo muito bom. É uma história muito boa, cheia de ação. Sim, sem dúvida! Claro que tenho lido bons livros este ano, mas este é diferente do que tenho lido e isso também é bom =)

      Eheh =D

      Bjs e boas leituras!

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  2. Recebi-o no meu aniversário. :D Tenho mesmo que o er.

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    1. Excelente prenda que te deram =D
      Tens pois! Espero que gostes tanto como eu =)

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  3. Maria Rita,

    Parece ser uma boa leitura, este vem para a minha estante.

    Embora a história seja fictícia, os lugares e a história da colonização da Nova Zelândia não o são.
    Este vem para a minha estante
    ty

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    1. Olá Elsa,

      de facto, é sim. Acho muito bem que o queiras, penso que vais gostar.
      Claro, é uma história fictícia passada num contexto real. E isso é um dos aspetos positivos no livro. Aliás, não encontrei nenhum negativo.
      Ótimo!

      Welcome

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  4. Olá Maria
    Não conhecia o livro mas gostei do que li aqui. E pelo teu comentário deve ser muito bom. Alem disso este é um género literário de que gosto.
    Obrigada
    Beijinhos

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    1. Olá Luísa,

      fico contente por teres ficado a querer ler o livro. Espero que gostes. Obrigada!

      Beijinhos

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