Já há alguns anos que queria ler este livro. O meu conhecimento sobre
ele data do período em que me juntei ao fórum Bang!, onde o Fiacha me
sugeriu a leitura de vários livros da coleção, nomeadamente deste.
Porém, devido a outros livros que foram aparecendo à minha volta, este
foi ficando para trás. Mas agora já o li e mais uma vez devido ao
Fiacha! Obrigada.
Os Leões de Al-Rassan conta parte da história da Península de Al-Rassan, que depois da queda do califado passou a ser governado pelos reis. Com apenas 20 anos, Ammar ibn Khairan, mata o último califa, no magnífico palácio do Al-Fontina, junto ao fontanário, sob ordens do rei Almalik I de Cartada (ex-governador de Cartada, uma das cidades de Al-Rassan). Cerca de 15 anos depois, Al-Rassan vê-se a braços com muitas intrigas e a paz que se parecia viver logo começa a desmoronar. Numa terra onde a política e a religião são os grandes fundamentos, as diferenças são muitas. No Norte, os Jaditas (que adoram o Sol e de Jad), lutam entre si, mas nunca sem olhar para Al-Rassan com um desejo de reconquista (antes do califado, Al-Rassan era Jadita, toda a península o era); no Sul, os Asharitas (adoradores das estrelas e de Ashar) veem-se a braços com traições entre famílias reais e entre fações religiosas; e os Kindates (adoram as duas luas, uma azul e uma branca) lutam pela vida do dia-a-dia, pela sobrevivência e pela permanência nos seus lugares, sendo odiados pelos Jaditas e pelos Asharitas.
No meio de toda esta intriga, três personagens acabam por se encontrar e por viver um período das suas vidas bastante conturbado e bastante forte. Jehane bet Ishak, médica Kindate, filha de um famoso médico que se viu mutilado pelo rei de Cartada, encontra-se com Rodrigo Belmonte, capitão da maior Companhia de cavaleiros de Jaloña e um homem muito reto e bem-apessoado, numa noite de horror, depois de fugir da sua cidade para vingar o pai e todos os nobres de Fezana que tinham sido assassinados naquela tarde, por ordem do rei Almalik. Também se encontra com Alvar, jovem soldado da Companhia, que logo se encanta por ela.
Assim começa a aventura de Jehane em terras desconhecidas, longe da sua família e junto de homens de uma outra terra e de uma outra religião.
Numa empolgante espiral de acontecimentos, as personagens vão ter que tomar grandes e perigosas decisões.
Fico muito contente por ter tido a oportunidade de ler esta história. É deveras bonita. Apesar de ter algumas expectativas, não sabia muito bem o que pensar do enredo em si, uma vez que a sinopse não é muito explícita. Sabia que era uma boa história, com excelentes personagens, mas sobre o conteúdo em si não sabia muito. Comecei a ler, fui lendo e logo fiquei agarrada. De facto, toda a história é soberba. Tem uma escrita sublime, mas que não deixa de ter algum humor. Achei até que o autor é bastante sarcástico e irónico. Aliás, toda a história está assente em acontecimentos irónicos. É uma história que faz rir, mas também faz chorar. Não é uma história “cor-de-rosa”, de modo algum. É uma história forte, comovente e introspetiva. As atitudes das personagens e a história em si levantam várias questões ao longo da leitura, questões importantes e profundas. Isso é bom quando acontece ao longo da leitura, pois é sinal que a obra faz sentido para quem a está a ler. E isso aconteceu comigo. Há momentos deveras comoventes, especialmente nos momentos finais da obra (momentos esses de extrema intensidade).
No entanto, penso que as personagens podiam ter vivido mais aventuras. Apesar de haver imensas aventuras perigosas ao longo da história, penso que poderia ter havido mais. Por exemplo, sendo a Jehane médica, gostaria de a ter visto em ação junto dos seus amigos. O facto de vários acontecimentos serem narrados pelas personagens através de uma perspetiva do que já aconteceu e isso faz com que esses momentos percam, em parte, a sua intensidade. Porém, existe tanta intensidade noutros momentos que tal não causa nenhum transtorno.
Existem muitas personagens e todas elas são complexas e interessantes. Não senti nenhuma que fosse desnecessária; nada estava lá para encher; não aconteceu nada supérfluo. A linha das personagens está bem construída. Cada uma tem certos momentos em que a narração é sua e isso permite uma abordagem bem ampla do contexto da história: temos personagens dos diversos locais e das três religiões.
Outro aspeto que me agradou bastante foi o paralelismo histórico que se pode fazer com a História da Península Ibérica, nos períodos da Conquista e da Reconquista. Há uma forte inspiração da parte do autor e até é possível encontrar Galeno (médico e filósofo romano de origem grega, que viveu entre 129 e 217, aproximadamente) como personagem, apesar de já estar morto no tempo da narrativa, que serve de inspiração a todos os médicos Jaditas. O autor fez um excelente trabalho.
Depois, tenho também a dizer que gostei imenso do desenlace dos acontecimentos. Aqui está uma história que prima pela surpresa. O desenlace é fantástico. Bastante comovente, mas muito bom e até bonito. Pareceu-me uma balada épica e comoveu-me bastante. E acabou por me surpreender. Há um momento em que a escrita do autor e a forma como ele narra a história fez com que não fosse completamente explícito qual o ponto de vista que estava a ser narrado (quem leu, deve saber) e isso agradou-me bastante. Provavelmente é possível chegar até quem é que era, mas eu optei por não o fazer e por deixar ficar aquela magia derivada da dúvida.
É um livro com um excelente enredo. Tem romance, ação, aventura, intriga (de toda a espécie), bastantes jogos políticos e religiosos e uma grande contextualização, muito bem idealizada e muito bem concretizada. Gostei muito e recomendo absolutamente, voltando a agradecer ao Fiacha por em ter recomendado (também outros o fizeram e agradeço a todos) e por ter tornado possível a leitura! Não deixem de ler este fantástico livro. É lindo!
Os Leões de Al-Rassan conta parte da história da Península de Al-Rassan, que depois da queda do califado passou a ser governado pelos reis. Com apenas 20 anos, Ammar ibn Khairan, mata o último califa, no magnífico palácio do Al-Fontina, junto ao fontanário, sob ordens do rei Almalik I de Cartada (ex-governador de Cartada, uma das cidades de Al-Rassan). Cerca de 15 anos depois, Al-Rassan vê-se a braços com muitas intrigas e a paz que se parecia viver logo começa a desmoronar. Numa terra onde a política e a religião são os grandes fundamentos, as diferenças são muitas. No Norte, os Jaditas (que adoram o Sol e de Jad), lutam entre si, mas nunca sem olhar para Al-Rassan com um desejo de reconquista (antes do califado, Al-Rassan era Jadita, toda a península o era); no Sul, os Asharitas (adoradores das estrelas e de Ashar) veem-se a braços com traições entre famílias reais e entre fações religiosas; e os Kindates (adoram as duas luas, uma azul e uma branca) lutam pela vida do dia-a-dia, pela sobrevivência e pela permanência nos seus lugares, sendo odiados pelos Jaditas e pelos Asharitas.
No meio de toda esta intriga, três personagens acabam por se encontrar e por viver um período das suas vidas bastante conturbado e bastante forte. Jehane bet Ishak, médica Kindate, filha de um famoso médico que se viu mutilado pelo rei de Cartada, encontra-se com Rodrigo Belmonte, capitão da maior Companhia de cavaleiros de Jaloña e um homem muito reto e bem-apessoado, numa noite de horror, depois de fugir da sua cidade para vingar o pai e todos os nobres de Fezana que tinham sido assassinados naquela tarde, por ordem do rei Almalik. Também se encontra com Alvar, jovem soldado da Companhia, que logo se encanta por ela.
Assim começa a aventura de Jehane em terras desconhecidas, longe da sua família e junto de homens de uma outra terra e de uma outra religião.
Numa empolgante espiral de acontecimentos, as personagens vão ter que tomar grandes e perigosas decisões.
Fico muito contente por ter tido a oportunidade de ler esta história. É deveras bonita. Apesar de ter algumas expectativas, não sabia muito bem o que pensar do enredo em si, uma vez que a sinopse não é muito explícita. Sabia que era uma boa história, com excelentes personagens, mas sobre o conteúdo em si não sabia muito. Comecei a ler, fui lendo e logo fiquei agarrada. De facto, toda a história é soberba. Tem uma escrita sublime, mas que não deixa de ter algum humor. Achei até que o autor é bastante sarcástico e irónico. Aliás, toda a história está assente em acontecimentos irónicos. É uma história que faz rir, mas também faz chorar. Não é uma história “cor-de-rosa”, de modo algum. É uma história forte, comovente e introspetiva. As atitudes das personagens e a história em si levantam várias questões ao longo da leitura, questões importantes e profundas. Isso é bom quando acontece ao longo da leitura, pois é sinal que a obra faz sentido para quem a está a ler. E isso aconteceu comigo. Há momentos deveras comoventes, especialmente nos momentos finais da obra (momentos esses de extrema intensidade).
No entanto, penso que as personagens podiam ter vivido mais aventuras. Apesar de haver imensas aventuras perigosas ao longo da história, penso que poderia ter havido mais. Por exemplo, sendo a Jehane médica, gostaria de a ter visto em ação junto dos seus amigos. O facto de vários acontecimentos serem narrados pelas personagens através de uma perspetiva do que já aconteceu e isso faz com que esses momentos percam, em parte, a sua intensidade. Porém, existe tanta intensidade noutros momentos que tal não causa nenhum transtorno.
Existem muitas personagens e todas elas são complexas e interessantes. Não senti nenhuma que fosse desnecessária; nada estava lá para encher; não aconteceu nada supérfluo. A linha das personagens está bem construída. Cada uma tem certos momentos em que a narração é sua e isso permite uma abordagem bem ampla do contexto da história: temos personagens dos diversos locais e das três religiões.
Outro aspeto que me agradou bastante foi o paralelismo histórico que se pode fazer com a História da Península Ibérica, nos períodos da Conquista e da Reconquista. Há uma forte inspiração da parte do autor e até é possível encontrar Galeno (médico e filósofo romano de origem grega, que viveu entre 129 e 217, aproximadamente) como personagem, apesar de já estar morto no tempo da narrativa, que serve de inspiração a todos os médicos Jaditas. O autor fez um excelente trabalho.
Depois, tenho também a dizer que gostei imenso do desenlace dos acontecimentos. Aqui está uma história que prima pela surpresa. O desenlace é fantástico. Bastante comovente, mas muito bom e até bonito. Pareceu-me uma balada épica e comoveu-me bastante. E acabou por me surpreender. Há um momento em que a escrita do autor e a forma como ele narra a história fez com que não fosse completamente explícito qual o ponto de vista que estava a ser narrado (quem leu, deve saber) e isso agradou-me bastante. Provavelmente é possível chegar até quem é que era, mas eu optei por não o fazer e por deixar ficar aquela magia derivada da dúvida.
É um livro com um excelente enredo. Tem romance, ação, aventura, intriga (de toda a espécie), bastantes jogos políticos e religiosos e uma grande contextualização, muito bem idealizada e muito bem concretizada. Gostei muito e recomendo absolutamente, voltando a agradecer ao Fiacha por em ter recomendado (também outros o fizeram e agradeço a todos) e por ter tornado possível a leitura! Não deixem de ler este fantástico livro. É lindo!
Algumas citações:
"Gratificação de mensageiro" disse ele, com um ar desenvolto, voltando a endireitar-se...
Deu um passo em frente e, pondo-se em bicos de pés, foi a vez dela beijar Ammar...
"Gratificação de médico" disse ela docemente, enquanto se afastava. "Temos a tendência a cobrar muito mais do que os mensageiros."
"Vou-me atirar pela janela" disse Ammar, mas só passado algum tempo.
"Não! Ainda é bastante alto. ..."
p. 75Deu um passo em frente e, pondo-se em bicos de pés, foi a vez dela beijar Ammar...
"Gratificação de médico" disse ela docemente, enquanto se afastava. "Temos a tendência a cobrar muito mais do que os mensageiros."
"Vou-me atirar pela janela" disse Ammar, mas só passado algum tempo.
"Não! Ainda é bastante alto. ..."
"Vamos caminhar um pouco"
"Onde gostaria de ir?" perguntou Ammar (...)
"Onde possamos estar a sós" disse ela com firmeza, ao mesmo tempo que apertava a mão dele com toda a força, regressando finalmente a casa, onde o seu coração tinha ficado à espera, desde um dia quente de Verão, em Fezana. "Onde nos possamos sentar lado a lado, coruja e leão, o mais próximo possível um do outro, e sermos o que realmente somos."
"Onde gostaria de ir?" perguntou Ammar (...)
"Onde possamos estar a sós" disse ela com firmeza, ao mesmo tempo que apertava a mão dele com toda a força, regressando finalmente a casa, onde o seu coração tinha ficado à espera, desde um dia quente de Verão, em Fezana. "Onde nos possamos sentar lado a lado, coruja e leão, o mais próximo possível um do outro, e sermos o que realmente somos."
p.385
Quem sabe o que é o amor?
Quem diz saber o que é o amor?
O que é o amor, digam-me.
“Eu sei o que é o amor”
Diz o mais pequeno.
“O amor é como um carvalho alto”
“Porque é que o amor é um carvalho alto?
Diz-me, pequenino.”
“O amor é uma árvore
Pela proteção que nos dá
Contra o Sol e a tempestade.”
Quem sabe o que é o amor?
Quem diz saber o que é o amor?
O que é o amor, digam-me.
“Eu sei o que é o amor”
Diz o mais pequeno.
“O amor é como uma flor”
“Porque é que o amor é um carvalho alto?
Diz-me, pequenino.”
“O amor é uma flor
Pela doçura que nos dá
Antes de morrer para sempre.”
p.529
NOTA (0 a 10): 10
Olá Maria
ResponderEliminarAinda bem que gostaste.
Eu b adorei. A tua opinião está excelente.
É um livro que quero voltar a ler.
Beijinhos
Olá Luísa,
Eliminarverdade. É um livro muito bonito, com uma história repleta de acontecimentos.
Obrigada =)
Sim, é daqueles que dá vontade de voltar a ler, sem dúvida!
Obrigada pelo comentário, espero por mais comentários teus =D
Beijinhos
Olá Maria
ResponderEliminarVejo que ficaste bastante satisfeita com este livro, o amigo Fiacha vai ficar bem satisfeito :)
De facto é um livro muito bom, eu não lhe dei nota máxima como tu, mas apenas porque senti que faltava qualquer coisa para me agarrar a 100%. Mas como referes na tua excelente opinião, o autor fez um excelente trabalho de pesquisa e criou o espaço, enredo e personagens de acordo com as necessidades da historia, nada ali está a mais, tudo muito bem organizado.
Vais certamente ler mais do autor, não é?
Beijinhos e boas leituras
Olá Caminhante,
Eliminarfiquei sim senhora. Uma história muito bonita. Pois vai =D
Por vezes também senti que faltava alguma coisa, principalmente a nível de aventuras. Durante boa parte da leitura ainda pensei em dar 9, mas aquela reta final não me deixou dúvidas, merecia o 10. Muito obrigada =)
Fez mesmo um excelente trabalho e, sem dúvida que vou querer ler mais livros dele. Espero ler em breve o Tigana.
Beijinhos e boas leituras
Olá miga,
ResponderEliminarFico muito contente que tenhas gostado, eu conhecendo um pouco os teus gostos sabia que irias gostar pois o livro é sem duvida fantastico e não tens nada que me agradecer, eu muitos livros só sei deles por comentários de pessoas amigas logo foi o que aqui aconteceu :D
Percebes agora porque gostei tanto do livro e não me canso de o recomendar ?
Parabens pelo teu excelente comentário importante para divulgar o livro sem duvida e lê Tigana sim, diferente, mas igualmente bom :)
Bjs e boas leituras
Olá amigo,
Eliminare tinhas muita razão! Antes de fazer parte do Fórum Bang! e depois do Cantinho lia livros só porque tinha conhecimento deles "pessoalmente" e não através de comentários de pessoal amigo. Agora é diferente e a minha lista de livros tem aumentado bastante =D e sempre bons conselhos!
Percebo muito bem. Também vou recomendar a toda a gente. =)
Obrigada, espero ter um papel ativo na divulgação. Divulgar o que é bom e o que gostamos é sempre reconfortante. Tenho de o ler! Pela tua opinião, pelo que tenho lido no grupo e no goodreads a história é boa =D
Bjs e boas leituras