sábado, 8 de março de 2014

Artur - O Ciclo Pendragon, de Stephen Lawhead

Sinopse:
Outrora existiu um rei digno desse nome. Esse rei chamou-se Artur” (...) foi o que, entre todos os reis, nobres e chefes, arrancou a Espada da Bretanha da pedra rija onde, por obra de Merlim, se achava cravada até ao punho.
Estranhas e contraditórias são as opiniões dos homens sobre esse que deteve o poder nestes míticos tempos de brumas, de magias, de paixões e violências loucuras. Para as entender, importa seguir o convite com que encerra o prólogo de Artur: “Ouvi pois, se quiserdes, a história de um verdadeiro rei”
(in Goodreads)


Opinião:
Artur é o terceiro livro do Ciclo Pendragon, de Stephen Lawhead. Foi bom grande gosto que entrei nesta história. Comecei por Taliesin, passei por Merlim e agora terminei com Artur. Existem mais três livros do autor com as personagens, mas são como que "à parte" ou derivados.

A lenda do Rei Artur, de Merlim, Morgana e todos os que a ela estão associados (Cavaleiros da Távola Redonda...) sempre foram elementos da minha curiosidade e do meu interesse. Já vi séries e filmes. É um tema que me agrada e fascina e é de onde retiro muito do meu gosto pela Idade Média e pelas histórias de cavalaria e batalhas.

Gostei muito dos dois livros anteriores, mas este tem um gosto especial. É a conclusão da trilogia. É onde aparece o Rei Artur.

Pois bem, só tenho a dizer bem deste livro. Tal como os seus antecessores, está soberbamente bem escrito. Os narradores são extraordinários, o que dá à obra uma subtileza quase que real. Existem várias batalhas, intrigas, traições, algum romance, magia, muitos mistérios, amizade, beleza. As personagens tem características distintas, fortes. Têm personalidade. Todas elas. Todas são diferentes e todas são necessárias para o enredo. E depois, há o final. Mesmo sabendo que o final seria algo deste género, não estava totalmente à espera. Há um mistério tão grande, tão forte, no final que fez com que eu ficasse a olhar para as páginas...a pensar: "Que estranho... que terá acontecido? Que raio...". Fiquei espantada, mas satisfeita. É o melhor final que esta trilogia podia ter, apesar de deixar tudo em aberto. É um final misterioso, que deixa um véu levantado, um véu que não tem resposta. É a lenda, daí não ser facto histórico. É um dos melhores finais para a história de Artur e Merlim, apesar de ser tão agridoce. Especialmente no que refere a Merlim e ao Povo das Fadas. Isso foi o que mais espanto me causou.

O livro é dividido em três partes. A primeira é narrada por Peleias, o amigo e escudeiro de Merlim. A segunda, por Bedwyr, amicíssimo de Artur, um dos membros da Távola Redonda. A terceira, por Aneirin ou Gilas. Todas as partes/narradores são diferentes. Cada narrador tem a sua personalidade. O seu foco na narrativa é diferente, apesar de o foco ser a vida de Artur, desde a sua apresentação aos reis até ao seu "final". Cada narrador dá-nos uma imagem da jornada de Artur, tendo em conta a sua própria experiência junto do rei, dos seus companheiros e adversários e dos acontecimentos. Peleias apresenta-nos um Artur mais jovem; Bedwyr, as batalhas para chegar a ser rei; e Aneirin conta o reinado de Artur.

O autor recorre quase sempre a este tipo de perspetiva. Já no primeiro livros existem dois narradores. No segundo, temos Merlim. E neste volta a haver mais do que um narrador. É uma perspetiva interessante pois é possível ter várias visões dos acontecimentos e das personagens ao longo da narrativa.

Não podia deixar de mencionar duas outras personagens que tem um grande relevo ao longo deste livro: Merlim e Morgana. Mesmo não sendo narradores, há um grande enfoque em ambos, especialmente em Merlim. Foi com grande interesse que constatei isso. São duas das minhas personagens favoritas desta lenda e foi com prazer que as vi tão relevantes. Tudo ou quase tudo está interligado com ambas, pois são dois pilares fundamentais desta história e dos acontecimentos que aconteceram naquele período de tempo e naquele contexto. São como que dois lutadores, um contra o outro. Neste livro é possível observar Morgana em ação, mostrando todo o seu poder. Gostei imenso de ver os confrontos de ambos ao longo do enredo; os seus diálogos, as suas ações. Não estava à espera do que acontece quase no final, no que diz respeito a Morgana. Fiquei agradada ao compreender os seus esquemas e as suas façanhas ao longo dos acontecimentos e, principalmente, nos acontecimentos finais. É aqui que aparece Medraut (Mordred), personagem fantástica e de extrema importância. Tem um papel de grande relevo e consegue estar à altura.

O autor consegue re-inventar as personagens da lenda muito bem. As suas personalidades não distam muito daquelas que são apresentadas em outras obras. O que é importante, pois dá coerência à história e à lenda. Também consegue com grande mestria apresentar os locais e as batalhas. A precisão, o pormenor (que não é demasiado, mas oportuno) e a narrativa em si, são fatores que criam uma leitura fluente, rica e agradável. O facto de existir muito mistério neste volume, fez com que estivesse várias vezes a pensar: "E agora?", querendo saber o que vinha a seguir. O autor permite, assim, que o leitor possa ser curioso.

Todos estes aspetos levam a uma só avaliação ou opinião. Este é um livro maravilhoso, a meu ver o grande dos três (apesar do primeiro ser muito, muito bom). É um prazer ler estes livros, pois, de facto, são obras de relevo da literatura, especialmente no que toca à lenda do Rei Artur.

Fantástico, recomendo sem reservas a todos os que gostam destes temas. 

NOTA (0 a 10): 10

4 comentários:

  1. Viva,

    Sabia que ias gostar e recoemndo-te a leitura do livro seguinte, Pendragon está ao nível destes vai por mim :D

    Que dizer do que comentário está excelente, já li muita coisa sobre a lenda e o mito do rei artur (denominada a Idade das Trevas e do qual muito pouco se sabe) e a "visão" do escritor é dos melhores trabalhos que li até hoje, apenas a trilogia Os Senhores da Guerra do Bernard Cornwell está ao nível, embora por exemplo adorei ler as Brumas de Avalon :)

    Bjs e continuação de boas leituras :D

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    1. Olá amigo Fiacha!

      Obrigada pela recomendação. Tenho o ali na estante. Espero gostar tanto como gostei deste, apesar de poder ser difícil pois este é muito, muito bom =)

      Obrigada. As histórias que retratam esta lenda e mito são sempre fascinantes. É fantástico poder pensar sobre a existência destas personagens. Afinal, ninguém sabe ao certo se existiram ou não. Podem ter existido.
      Em termos de literatura esta é a primeira trilogia que leio sobre Artur. Já vi a serie da bbc e vários filmes, mas em termos de livros são os primeiros. Vão servir sempre como referência a futuras leituras =)

      Tenho de ler os do Cornwell. É um escritor que gosto bastante. Já li dois livros dele e gostei muito. Também tenho de ler as Brumas. Há ali na biblioteca =D
      Tenho algum receio de ler as brumas pois já li algures que é muito, muito centrado nas personagens femininas e em aspetos mais religiosos. É verdade?

      Bjs, para ti também =)

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  2. Olá Maria:)
    O nosso amigo corvo já me recomendou esta série. O problema é que ela é muito difícil de encontrar.

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    1. Olá Jojo!

      O nosso amigo Corvo fez-te uma excelente recomendação! Lembro-me que ele também me recomendou esta série.

      Verdade. Eu encontrei-os na biblioteca do Montijo, que é onde vivo. Se não não tinha encontrado. Talvez haja nos alfarrabistas ou então encomendando numa livraria. Ou numa biblioteca.

      Beijinhos =)

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