domingo, 12 de fevereiro de 2017

O Jardim dos Segredos, de Kate Morton

Sinopse:

Uma criança perdida: em 1913, uma criança é encontradas só, num barco que se dirigia à Austrália. Uma mulher misteriosa prometera tomar conta dela, mas desapareceu sem deixar rasto. 

Um terrível segredo: no seu 21º aniversário, Nell Andrews descobre algo que mudará a sua vida para sempre. Décadas depois, embarca em busca da verdade, numa demanda que a conduz até à costa da Cornualha e à bela e misteriosa Mansão Blackhurst.

Uma herança misteriosa: aquando do falecimento de Nell, a neta, Cassandra, depara-se com uma herança surpreendente. A Casa da Falésia e o seu jardim abandonado são famosos nas redondezas pelos segredos que ocultam - segredos sobre a família Mountrachet e a sua governanta, Eliza Makepeace, uma escritora de obscuros contos de fadas. É aqui que Cassandra irá por fim desvendar a verdade sobre a família e resolver o mistério de uma pequena criança perdida. (in Goodreads)



Opinião:

Li, no ano passado, As Horas Distantes e gostei bastante. Fiquei muito agradada e decidi apostar na escritora. Agora, em O Jardim dos Segredos, posso voltar a afirmar: Kate Morton é, dentro do seu género, uma escritora única e maravilhosa. 

O livro apresenta-nos várias personagens e três gerações principais, desde 1900 até 2005, aproximadamente. Começa com uma menina de três anos à espera de uma senhora que a acompanhava numa viagem para a Austrália, mas que nunca chegou a aparecer para a acompanhar até ao país tão distante. Essa menina acaba por crescer na família do capitão do porto, que a tinha descoberto e, até aos 21 anos, cresceu a acreditar pertencer àquela família. Porém, quando o pai adotivo lhe anuncia o seu passado, Nell (o nome dado pela nova família) afasta-se da família e começa a tentar descobrir o seu passado, para melhor se conhecer a si mesma. Nell acaba por ficar a meio do mistério e a sua neta, Cassandra, empreende a missão de descobrir o que faltava. Quem era Nell? De onde viera? Quem era a misteriosa mulher, a Autora, que a tinha deixado sozinha num navio? E porquê? Este é o mote para uma história densa, complexa e trágica que vai sendo revelada aos poucos, através dos pontos de vista das várias personagens das várias gerações. 

Eliza, Nell e Cassandra. Estas são as vozes principais da narrativa, havendo outras pelo meio e que acabam por ser tremendamente importantes para o conhecimento do mistério e dos porquês da sua existência. Todas elas são excelentes. Todas são complexas e com passados recheados de mistérios e acontecimentos diversos, que, todos juntos, acabam por influenciar toda a trama. Gostei de todas elas, tanto destas três como das outras, uma vez que são todas elas únicas e distintas. O leque é variado e há de tudo um pouco. Mas devo dizer que gostei mais de Eliza e da sua parte da história e o seu mistério foi muito bem guardado e criado. 

A narrativa está muito bem conduzida. O mistério vai sendo deslindado com mestria e requinte e o que parece óbvio num momento acaba por tornar-se bastante denso e complexo. A história de Nell acaba por enviar Cassandra rumo a mistério e a uma história muito mais sombria do que aquela que podia ser imaginada primeiramente. A autora não poupa nos detalhes e na criação de momentos de grande emoção. 

Outro aspeto importantíssimo para a história é o espaço. Os locais presentes ao longo da narrativa acabam por ser eles mesmos personagens. O jardim de Eliza, na propriedade para onde foi viver na Cornualha, é a fonte de tudo: do mistério, das respostas. A vida dela está ali para ser descoberta, e com isso, a história de Nell. Todas as descrições estão extremamente vívidas, coloridas...quase que é possível cheirar os aromas das flores, da macieira plantada há tanto tempo atrás. Também as descrições das ações e atitudes das personagens estão muito bem, uma vez que deixam-nos antever e ver como as personagens estão a pensar e como poderão agir em função de tais pensamentos e emoções. 

Esta história é feita de muitos ingredientes, que foram extremamente bem doseados para criar uma romance bastante denso e sombrio. O passado de Eliza na casa Blackhurst e a vivência com a sua família, em especial com a sua prima, Rose, é tudo menos perfeito e os segredos encerrados naquelas paredes são muitos e negros. A autora conduz o leitor muito bem, por caminhos labirínticos, sempre deixando antever alguma coisa, recuando e avançando devagar. 

Também gostei muito da forma como os contos de fadas de Eliza foram aparecendo e como estes foram importantes para o deslindar do mistério. Outro ponto a favor! 

Não há nada negativo a apontar nesta história, tal como não o houve em As Horas Distantes. Não vou comparar os dois livros, mas, entre os dois, acabei por gostar mais d' As Horas Distantes. O mistério desse foi mais esquivo do que o deste e tornou-se mais difícil de descobrir, o que me agradou mais. 

Em suma, recomendo vivamente a todos os que gostam de um bom romance, repleto de emoção e mistério. 

NOTA (0 a 10): 10 

6 comentários:

  1. Olá,
    Também já tive a sorte de ler este livro e adoro-o :D é tão bom! Por acaso, também preferi a história de Eliza, principalmente pelo ambiente de época que se pode viver nessas partes do livro - e os contos, tal como apontas, dão aquele "toque" original ao livro que o deixa impecável :D

    bejinhos e boas leituras

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    1. Olá!

      A história de Eliza é muito bonita, apesar de bastante desoladora. O ambiente está muito belo, a autora é excelente.

      Os contos estão também muito bem incrementados na obra. Mesmo brilhante!

      Bjs e boas leituras

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  2. Viva,

    Bem a ver se leio algo desta escritora, parece ter muita qualidade, fica registada a tua recomendação.

    Bjs e boas leituras

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    1. Viva Fiacha!

      Tens mesmo de ler, é uma autora fantástica. Começa pelo As Horas Distantes, é ainda melhor =)

      Bjs e bos leituras

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  3. Eis um livro que ando há muito tempo para ler, mais uma opinião excelente para me acirrar!

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    1. Pega nele e entrega-te à leitura, vale a pena =D

      Muito obrigada!

      Bjs e boas leituras

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