sexta-feira, 8 de novembro de 2013

"Princesa Mecânica", de Cassandra Clare

Sinopse: Último livro da sequela de sucesso da série Caçadores de Sombras, que nos mostra as suas Origens. Tessa Gray devia estar contente, como todas as noivas! Mas, enquanto se prepara para o casamento, uma rede de sombras envolve os Caçadores de Sombras do Instituto de Londres. Surge um novo demónio, ligado pelo sangue e secretismo a Mortmain, o homem que tenciona usar um exército de impiedosos autómatos, os Instrumentos Infernais, para destruir os Caçadores de Sombras. O perigo, a traição, os segredos, os feitiços, o amor e a morte entrelaçam-se quando os Caçadores de Sombras quase se autodestroem na conclusão de cortar a respiração da trilogia de os Caçadores de Sombras, as Origens. (in Goodreads)
Opinião: 
É com enorme prazer que venho aqui escrever a minha opinião sobre este esplêndido livro.

Depois de ter esperado meses por ele, ansiosamente, cheia de curiosidade e a ver algumas ilustrações no deviantArt e imagens no Tumblr, de modo a ter alguns vislumbres do que por aí vinha, chegou o momento de poder ler "Princesa Mecânica". Foi um momento emocionante, pois estava a começar o terceiro e último livro desta maravilhosa trilogia de Cassandra Clare, que me cativou imediatamente no primeiro: "Anjo Mecânico".

Foram inúmeros os enredos que criei na minha imaginação, bem como os finais que esta história podia ter. Imaginei muita coisa que podia muito bem ter acontecido neste livro. Imaginei vários momentos pelos quais desejava. E muito do que imaginei não aconteceu. Simplesmente, porque não era para acontecer. Não era. Cassandra Clare deu-nos uma história bastante marcante, muito bela, muito triste, que me fez chorar por várias vezes, bem como gritar com o livro, literalmente. É daquelas histórias que me agarram e prendem, não me deixando fugir.

Apaixonei-me pelas personagens, principalmente por Jem Carstairs. Tendo em conta a situação em que ele se encontrava no final do segundo livro, foi com algum sentimento de melancolia que esperei pelo seu desfecho. Como sempre torci pelo casamento entre Tessa e Jem, foi com grande entusiasmo que segui a história, esperando pelo momento.
Sabia que não ia ser fácil ver Tessa e Jem juntos, despedaçando o coração de Will, que amava Tessa e estimava acima de tudo Jem. Gostando de todas as personagens, sabia que ia "sofrer" fosse qual fosse o final delas. E "sofri".

Cassandra Clare consegue desenvolver um enredo apaixonante, onde nem tudo é o que parece, onde muito fica encoberto, sendo depois descoberto adiante. Tudo acontece no momento certo, como se estivesse sempre um relógio, um compasso certo. As personagens vivem as suas vidas de modo a que tudo se encaixa, tanto nas sua vidas como no ambiente circundante.

A ameaça de Mortmain torna-se feroz, total e arrepiante, o que só acrescenta emoção à história. A ação é total, com grandes momentos de suspense, terror, emoção, intriga, medo, paixão, dor, sofrimento e amor. Finalmente ficamos a saber a verdadeira história da vida de Theresa Gray. Quem é ela, de onde veio, como foi feita, por quem... o que a protege e porquê. A sua história é bastante triste, estando ligada a outras personagens que já apareceram nos livros anteriores. É muito bom ver as ligações que a autora estabelece com os passados das personagens de modo a moldar-lhes uma história só sua. Tudo está ligado e isso é algo que me seduz num livro, pois demonstra que é sinal de inteligência por parte de quem o escreve, uma vez que puxa pela mente do leitor.

E surpreendeu-me. A história de Tessa, e do seu passado, surpreendeu-me, bem como a forma como aconteceu o desenlace. Mas não foi só aí que fiquei surpreendida. A amizade/amor de Will, Tessa e Jem também me surpreendeu, pois o amor de Jem por todos foi sublime e de partir o coração. Houve momentos em que só me apeteceu bater no livro. Houve momentos em que foi triste e houve momentos em que sorri. A história destas três personagens é muito bela, das mais belas que já li. Digna de um romance gótico clássico.

Jem é a personagem mais fantástica, com o carácter mais belo, mais bondoso, mais misericordioso, das que tenho tido o prazer de acompanhar ao longo das minhas viagens literárias. Jem é a personagem que mais sofrimento trás à história, é aquela personagem pela qual sempre senti um carinho especial, como já disse. E foi com enorme tristeza que o vi ser traído. Foi o momento mais horrível desta leitura. Foi o mais chocante.

Existem vários acontecimentos paralelos ao longo da história. Temos Cecily, a irmã de Will, que quer levá-lo para casa. Temos Charlotte (e as invenções de Henry) a tentar aguentar o Instituto, sendo atacada pelo consul Wayland e pelas suas traições. Temos Gideon e Gabriel Lightwood, Sophie, Cyril e Bridget, e ainda o regresso atribulado de Jessamine. Temos vislumbres do passado de várias personagens. Temos romances paralelos e histórias muito belas pelo meio. É um romance muito completo, pois não é redutor, mas abrangente. 

As descrições são muito belas, nomeadamente do País de Gales, onde se passa grande parte da história. A escrita da autora é fluente e rica, sendo por isso possível imaginar-me lá no meio da ação.

E como não podia deixar de ser, temos um final digno dos finais mais cruéis, mais belos e mais apaixonantes. Não esperava por aquele final, porque para mim, ou ela ficava com Will ou com Jem. Não esperava o que aconteceu e foi um momento de grande emoção, que me fez vibrar o coração. Foi deveras maravilhoso, estranho, mas perfeito. No final, depois de ter sofrido durante grande parte da história, senti-me satisfeita, senti-me completa. Aquele foi o melhor final, apesar de tudo o que o proporcionou. Sem o que aconteceu pelo meio, aquele final seria impossível e o livro não teria tido um final tão mágico, tão emocional e belo.
Não, este foi o melhor final, o mais justo para todas as personagens e o mais difícil. 

Não sei o que posso dizer mais sem contar pormenores... o que posso mais dizer? Qualquer detalhe seria um spoiler, e esta história não é para ser "spoilada". Desde a leitura de "Os Dragões do Assassino", de Robin Hobb que não me sentia assim. Brilhante e belo, é o que posso dizer.

Leiam a trilogia, é completamente maravilhosa e o desenlace é esplêndido!
Deixo-vos algumas citações, para que possam maravilhar-se com eles.

- Confrontei-o - continuou Will - quando soube que andava a tomar mais yin fen do que devia. Fiquei furioso. Acusei-o de desperdiçar a vida. Sabes o que ele me disse? "Por ela faço tudo." (...) A decisão foi dele, Tessa, tu não o obrigaste a nada. Jem foi feliz contigo (...) Apesar de tudo o que te disse, ainda bem que ele teve aquele tempo contigo. Tu também devias estar contente.

Jem começara a tocar em memória dos anos de vida de Will, tal como ele os vira; em memória de dois rapazes a treinar na sala de armas, um a mostrar ao outro como se lançavam facas; em memória do ritual parabatai: o fogo, os votos e as runas que queimavam; em memória de dois rapazes a correr pelas ruas escuras de Londres, parando para se rirem encostardos a uma parede; em memória do dia na biblioteca em que tinham brincado com Tessa por causa de patos; em memória da viagem de comboio para Yorkshire, durante a qual Jem dissera que os parabatai deviam amar-se como às suas próprias almas; em memória do amor de ambos por Tessa e do dela por eles; em memória das palavras de Will: nos teus olhos encontrei sempre bondade; ...

-Eu posso viver para sempre - disse Tessa (...)
-Eu sei - replicou Jem. - (...) Eu acredito que renascemos, Tessa. Eu sei que vou voltar, mesmo que não neste corpo. As almas que se amam são atraídas umas pelas outras na vida seguinte. Eu sei que voltarei a ver Will. os meus pais, os meus tios (...)
- Mas a mim não. (...)
- Estou a ver-te agora - replicou ele (...)
- E eu a ti - murmurou ela. Jem sorriu com ar cansado e fechou os olhos. Tessa levou a mão ao rosto e cobriu-lhe a mão com  a sua, sentido-lhe os dedos frios na pele, até que ele adormeceu. Com um sorriso pesaroso, a jovem baixou a mão e pousou-a na colcha. 


Não insistas para que te deixe, pois onde tu fores eu irei contigo e onde pernoitares, aí ficarei; o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus. Onde morreres, também eu quero morrer e ali serei sepultado. Que o Anjo me trate com rigor e ainda o acrescente, se até mesmo a morte me separar de ti. 

- Onde estás James? Procuro-te nas trevas, mas não te encontro. Tu és o meu pretendido, os laços que nos ligam deviam ser inquebráveis. Mas eu não estive presente no teu leito da noite, não me despedi de ti.

- Amavas-me? - interrompeu-a ele.

Tessa lembrava-se de ele lhe ter oferecido o pingente de jade da sua mãe com mãos trémulas, lembrava-se dos beijos no interior de uma carruagem, de entrar no quarto dele banhado pela luz do luar e de ver o rapaz dos cabelos de prata em frente da janela, tirando uma música maravilhosa do violino que tinha nas mãos.

- Vi muita coisa por esse mundo fora, mas ainda não vi tudo. Vem comigo para ver o resto, Jem Carstairs.



Podem ler as opiniões dos outros livros da trilogia aqui:

Anjo Mecânico
Príncipe Mecânico
NOTA (0 a 10): 10

4 comentários:

  1. Olá

    Bem estava a adorar de ver como estavas emocionada a escrever o comentário mas depois deparo-me com isto ....."Desde a leitura de "Os Dragões do Assassino", de Robin Hobb que não me sentia assim. Brilhante e belo, é o que posso dizer. "...

    Bolas não digas mais nada estou convencido, agora é ver se arranjo tempo e forma de os ler :)

    Grande comentário parabéns, nota-se claramente que te sentes muito feliz por ter lido a trilogia :)

    bjs e boas leituras

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    1. Olá,

      é verdade, desde Os Dragões que não lia nada que me fizesse sentir tantas emoções. Li muitos livros bons neste espaço de tempo, mas tão emocionais não. Houve boas histórias claro, grandes enredos. Mas deste género de emoção não =)

      Sim, quando puderes lê-os porque são mesmo muito bons =)

      Obrigada! Sinto mesmo uma grande felicidade!

      Bjs e boas leituras!

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  2. Oi,
    gostei de saber q esse livro nos causa emoções, isso me animou mais ainda a ler essa trilogia, que aqui no Brasil "A princesa mecânica só vai chegar no final de novembro, mas passa rápido e eu estou no início da série (Cidade de Ossos), mas vc me deixou na dúvida se paro Cidade de Osso e começo a ler "O Anjo Mecânico. :P Vou pensar! :D

    Abraços e boas leituras!!!

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    1. Olá Amanda,

      é mesmo, este é um livro que não nos poupa a nenhuma emoção: tem de tudo!
      Se está muito muito curiosa, pegue no Anjo Mecânico para depois dar continuidade com o Príncipe e a Princesa. Talvez devesse parar, isto porque para terminar a saga da Cidade dos Ossos são cinco livros ou seis, mas se não se importar de ficar com a Cidade dos Ossos lido e depois voltar atrás no tempo para ler o Anjo Mecânico, pode terminar a Cidade. =D

      Bjs e boas leituras!

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