segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A Revolução da Mulher das Pevides, de Isabel Ricardo

Decidi apostar neste livro para a leitura conjunta no Cantinho do Fiacha, leitura essa que está a ser fantástica, e acho que fiz bem em fazê-lo, porque foi uma experiência muito boa! Não vou escrever spoilers sobre a história, uma vez que a leitura ainda está a decorrer, se bem que na fase final, mas serve este texto para clarificar a minha opinião em relação a esta obra. 

 

Sinopse:

Os exércitos de Napoleão ocupavam Portugal. Uma mulher, armada apenas da sua beleza e argúcia, vai despoletar a revolução para os expulsar.


Perante os canhões e as balas dos exércitos franceses, Ana Luzindra só tinha uma arma: a sua beleza. Mas a beleza também pode ser mortal.

A Revolução da Mulher das Pevides transporta-nos para os anos de terror das invasões francesas. A morte e a crueldade marchavam lado a lado com os exércitos veteranos de Napoleão. E enquanto a Família Real fugia para o Brasil, o povo ficava para suportar todo o tipo de humilhações.


Na vila da Nazaré, Ana Luzindra é parteira de profissão e uma mulher simples. Para fazer frente aos canhões e balas dos franceses só tem uma arma: a sua estonteante beleza. Atraindo-os, um a um, para a morte na calada da noite, a jovem inspira toda uma comunidade e pegar em pedras e paus para expulsar os invasores.

A Revolução da Mulher das Pevides, expressão da Nazaré que significa “algo insignificante”, foi tudo menos isso: pelo sobressalto que pregou aos franceses, e pela posterior vingança desproporcionada que estes praticaram sobre a Nazaré, acabou por ser um dos momentos mais importantes da invasão, e inspiraria o longo e árduo caminho dos portugueses e aliados até à derradeira vitória sobre as tropas do temível Napoleão.


Recorrendo a uma pesquisa exaustiva, Isabel Ricardo oferece-nos um bilhete para um dos períodos mais importantes da História de Portugal.
(in Edições Saída de Emergência)

Opinião:

Este é o segundo livro que leio da autora (o primeiro foi O Último Conjurado, também para leitura conjunta) e devo dizer que gostei de ambos. Tendo em conta o contexto histórico, acabei por gostar mais do O Último Conjurado, uma vez que gosto mais dessa época, mas em relação à narrativa em si, gostei muito dos dois! 

A autora fez um excelente trabalho com este tema. Pegou num título que é bastante curioso e criou uma história completamente envolvente e real, uma vez que é verídica em praticamente todos os momentos. O contexto histórico (início das Invasões Francesas em Portugal) está maravilhosamente trabalhado, o que faz com que se aprenda, de facto, algo sobre a nossa História, algo que não se aprende na escola. Mas este não é um livro maçudo ou cheio de descrições, antes pelo contrário. Isabel Ricardo baseou-se na história dos seus antepassados, pesquisou bastante, deu vida a personagens reais e cheias de personalidade, e escreveu uma história cheia de ação, mistério, romance, humor e momentos de grande tensão, tudo de acordo com um perfeito tratamento do contexto histórico. Os meus parabéns à autora por ter feito um excelente trabalho, por ter escrito esta maravilhosa narrativa e por nos dar a conhecer esta história. 

Em relação às personagens, encontrei em todas um carácter diferenciador entre si, o que é sempre bom. Gostei bastante de Junot, não dele, mas da forma como a autora o retratou, porque acho que a ela conseguiu caracterizá-lo muito bem, pois era assim que o imaginava quando estava nas aulas de História a aprender sobre esta época. Gostei muito de todas as personagens do núcleo do Sítio da Nazaré, que também foi o local que mais curiosidade me despertou em relação aos diversos espaços presentes ao longo da narrativa. Também gostei muito de Rodrigo e do seu amigo Diego, que proporcionaram uns belos momentos de humor e também de emoção. 

Outro aspeto que muito me agradou foi o facto de a autora ter escrito as falas das personagens da Nazaré de acordo com a fonética/sotaque das personagens. Encontrei nisso bastante sentido e gostei muito, porque deu mais carisma à história e também uma certa força, que muito me agradou. 

Voltando ao contexto histórico, gostava de refletir sobre a aprendizagem que fiz em relação a este tema ao longo da leitura da obra. Uma vez que não me é desconhecida esta parte da nossa História (e não é das que mais me fascina), foi com bastante curiosidade que me vi a mudar de opinião em relação a algumas ideias que tinha antes de de a ler. Ou seja, até à data da leitura do livro, sempre tinha achado que a fuga da família real tinha sido um ato cobarde e de abandono do povo às mãos dos invasores. No entanto, depois de ler o livro, fiquei com outra ideia, que é a que a autora aborda: a saída da família real acabou por ser uma forma de salvaguardo o reino e a si mesma enquanto independente, uma vez que, se D. João tivesse seguido as ordens de Napoleão, tinha ficado sem o seu reino, uma vez que a capital (Lisboa) tinha ficado para Napoleão. Assim, como a capital mudou para o local da família real, Napoleão não ganhou o que mais queria. Gostei de refletir sobre este aspeto enquanto lia o livro. 

Aqui está mais uma prova de que o Romance Histórico é dos géneros literários mais ricos, mais densos e mais sábios da literatura, porque servem diversos propósitos, como o prazer de ler e o prazer de aprender. 

Em suma, mais uma excelente aposta da Saída de Emergência, que fez um excelente trabalho gráfico com o livro, mais uma vez. Muito bom! Os meus parabéns à autora por ter partilhado esta histórica com os leitores e pelo excelente trabalho que fez. Espero que a história continue, porque tem tudo para isso! 

NOTA (0 a 10): 10

6 comentários:

  1. Olá Miss Lamora,
    Também participei na leitura conjunta e não consegui respeitar o prazo de leitura pois a partir de certa altura não consegui largar o livro =)
    Adorei! Oh pah e as pragas? São super divertidas!
    Beijinho

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    1. Olá Tita!

      Foi isso que eu também senti ao ler o livro...era impossível seguir aquele plano mesmo por causa do entusiasmo inerente à narrativa =)

      Mesmo! Tem uma grande dose de humor à mistura, numa história muito séria. Gostei imenso!

      Beijinhos e boas leituras

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  2. Olá, Lamora girl.
    Parabéns pela opinião.
    Quanto ao livro não vou opinar, porque não li nem faço tenções de ler, mas gosto bastante da forma como conseguiste traduzir o que sentias sem revelar nada.
    Beijinho e boas leituras.

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    1. Olá Zallar boy,

      muito obrigada.
      Porque não fazes tensões de o ler? É bom.
      Fiz um esforço para conseguir não contar nada de relevante e fico contente por ter conseguido, obrigada =)

      Beijinhos e boas leituras

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  3. Viva,

    Estou agora a ler a 100% para conseguir terminar mas estou contigo li tambem o livro o Ultimo Conjurado e ou venho a ser muito surpreendido ou também prefiro esse livro, mas vamos ver o que ai vem e como vai tudo terminar, depois volto aqui para comentar :)

    Bjs

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    1. Olá!

      Espero que tenhas gostado. Eu preferi o outro livro, mas este também foi bem bom! =)

      Bjs e boas leituras

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