quarta-feira, 31 de julho de 2013

"O Regresso", de Victoria Hislop

Sinopse:

Cativante e profundamente comovente, o segundo romance de Victoria Hislop é tão inspirador como o seu romance de estreia e bestseller internacional, A Ilha.

Nas ruas calcetadas de Granada, sob as majestosas torres do Alhambra, ecoam música e segredos. Sónia Cameron não sabe nada sobre o passado chocante da cidade; ela está lá para dançar. Mas num café sossegado, uma conversa casual e uma colecção intrigante de fotografias antigas despertam a sua atenção para a história extraordinária da devastadora Guerra Civil Espanhola.
Setenta anos antes, o café era a casa da unida família Ramirez. Em 1936, um golpe militar liderado por Franco destrói a frágil paz do país, e no coração de Granada a família testemunha as maiores atrocidades do conflito. Divididos pela política e pela tragédia, todos têm de tomar uma posição, travando uma batalha pessoal enquanto a Espanha se autodestrói.
(in Goodreads)

Opinião:
Este livro foi adquirido na expectativa de um romance que me relembrasse algo em A Sombra do Vento, devido à sua sinopse e ao que me pareceu por algumas partes lidas antes de o comprar. Não gostando de romances muito modernos, ou seja, ambientados nos dias de hoje (com excepção de alguns que já li e que gostei bastante, como Um Dia), agradou-me o facto de este se passar em parte nos anos de 1930, durante a Guerra Civil Espanhola e parte do regime de Franco. Não é a primeira vez que leio histórias ambientadas neste período, como é o caso dos livros de Záfon e do filme O Labirinto do Fauno, que tanto me agradou. Decidi então arriscar e ler este livro.

A história começa em 2001, com duas amigas, Maggie e Sonia, inglesas, que decidem ir até Granada para umas aulas de danças latinas. Durante a sua estadia em Granada, Espanha, Sonia descobre um café, El Barril, e enquanto bebia o seu café com leite e lia sobre Frederico García Lorca, vê-se abordada pelo dono do café, um senhor já idoso. O senhor, Miguel, começa a falar-lhe de Lorca, que também viveu em Granada, e sobre a Guerra Civil. Vendo que Sonia pouco sabia sobre estes assuntos, Miguel tenta-lhe despertar a curiosidade, contando-lhe sobre Lorca e convidando-a a visitar a sua casa-museu. Mas a conversa entre eles não ficou por aí. Ela voltou lá e depois foi atraída para as fotos nas paredes e a sua atração foi crescendo, bem como a sua curiosidade. E a rapariga espanhola, a dançar flamenco, era tão parecida com alguém que ela tanto conhecia... Miguel conta então o que aconteceu aos donos do El Barril, a família Ramírez (Concha e Pablo e os seus filhos: Antonio, Ignacio, Emilio, Mercedes) antes, durante e depois dos anos da Guerra Civil.

Esta é uma história profundamente comovente. É um como que um relato das atrocidades e da resistência pessoal e familiar durante estes anos terríveis. As descrições são bastantes explícitas e tudo é claro para o leitor. A autora não está para eufemismos e a sua escrita é bastante clara e às vezes cruel. Mas assim foram esses dias. Esta é a jornada dos membros da família Ramírez durante este período de tempo; é a sua história. Uma história cheia de sentimentos, de mágoas, de sofrimentos, de amor, de esperança e de espera. É uma história longa contada de forma um tanto breve (o livro tem menos de 500 páginas). As jornadas de cada membro da família são todas distintas e todas tocantes. É uma busca pela sobrevivência, pelos ideais e pelo amor. Num tempo de terríveis acontecimentos, o amor consegue mover montanhas e ultrapassar obstáculos, bem como a luta pelos ideais que são defendidos a todo o custo, com grandes, grandes custos.

Este livro fez-me lembrar, em parte, o Cold Mountain, que não tendo nada a ver, por vezes fez-me lembrar. Talvez pela viagem de regresso a casa que Inman fez e pelas viagens que Antonio e Mercedes fizerem. Talvez pelo final. Talvez pelo amor que tudo espera e tudo acredita. São livros que me agradaram e que mereceram as cinco estrelas.

É uma história real; mesmo que a família Ramírez não seja verídica, o que lhe aconteceu, aconteceu na realidade a muitas e muitas famílias. Este livro não deixa que o que aconteceu seja esquecido. Estes acontecimentos não devem nem podem ser esquecidos, para o bem de toda a Humanidade.


Para quem gosta de livros com teor histórico, aqui têm uma excelente história. Não estejam à espera de um romance cor-de-rosa, porque não é. Mas merece ser lido. Está muito bem escrito, as personagens estão bem caracterizadas, bastante diferentes umas das outras, com objetivos e sonhos. O enredo é denso, comovente, mas sempre a mostrar alguma esperança. E claro, toda existe uma afluência de todos os acontecimentos para um final comum, muito bem concluído.

Recomendo a todos os que gostam deste género de livros, uma vez que é uma História com H grande, em que de facto se aprende algo sobre um país, sobre um povo, sobre a História daquelas pessoas, sobre o que aconteceu para se chegar à guerra, como se desenrolou e como terminou, como foi depois e o que aconteceu no fim. Aprende-se bastante com este género de livros. E claro, a história vale por si. Excelente.

A ilustração, feita por mim, representa a familía Ramírez: Mercedes no centro; em baixo, com uma guitarra, Emilio; Concha e Pablo abraçados; Ignacio, em cima vestido de matador; Antonio, e os seus amigos Salvador (do centro) e Francisco (junto à margem da imagem); e Javier Montero, o guitarrista e amor de Mercedes.

NOTA (0 a 10): 9

6 comentários:

  1. Olá,

    Está visto que deve ser uma verdadeira delicia ler este livro, muito bem fica debaixo de olho ;)

    Bjs e boas leituras

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  2. Nossa, que dica boa! Diferente, ainda não tinha ouvido falar do livro!
    Adorei a resenha...

    Bjs

    www.universodosleitores.blogspot.com.br

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  3. Olá Maria :)

    Estive para comprar este volume quando o encontrei com 60% de desconto no Continente, mas depois acabei por optar por outra obra. Ao ler a tua opinião e presenciar o quanto gostaste, arrependo-me de não o ter adquirido... Gostei especialmente de saber que tem uma grande base histórica, até porque tenho de admitir sou um pouco inculta no que se refere a vários momentos da História e, por isso, cada vez mais tento ler obras que além de me proporcionarem prazer, me possam ensinar algo. :) Irei adicioná-lo à minha wishlist e mal tenha oportunidade irei adquiri-lo. :D

    Beijinhos*

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    Respostas
    1. Olá Rita =)

      eu comprei nessa promoção, não conhecia o livro, mas achei, pela sinopse, que era algo que me ia agradar. Qual foi a obra pela qual optaste? Estive indecisa entre várias, acabando por escolher esta.
      Eu gosto muito de História e é por isso que gosto muito de ler este tipo de livros. Acho que assim é uma forma de estar sempre a aprender mais sobre o mundo, de um modo bem interessante e sem ser apenas através de livros mesmo de História (há alguns muito engraçados e interessantes!). Estas férias tenho-me dedicado bastante a este género literário.

      Fizeste muito bem em adicioná-lo, penso que quando o leres vais gostar muito. Tem uma história muito forte, talvez dos mais fortes que li este ano, por causa do tema e do que acontece às personagens. Mas a história é uma grande batalha pela Vida, pelo Amor e pelos ideais.

      Beijinhos e boas leituras! =)

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