quinta-feira, 28 de abril de 2016

A Senda Estreita para o Norte Profundo, de Richard Flanagan

Sinopse:

Centenas de milhares de prisioneiros de guerra, entre eles numerosos australianos, são forçados pelos japoneses a um trabalho escavo nas selvas da Indochina durante a Segunda Guerra Mundial.

O romance de Richard Flanagan aborda as diferentes formas que o amor, a morte, a guerra e a verdade podem assumir, à medida que um homem envelhece e tem consciência de tudo o que perdeu. (in Goodreads)





Opinião:

Há bastante tempo que andava de olho neste livro, que ganhou o Man Booker Prize em 2013. Foi daqueles que assim que chegou à estante começou a ser lido, porque tinha esperado bastante por ele e não me desagradou.

A história passa-se na Segunda Guerra Mundial, num campo de prisioneiros de guerra, no meio da selva, em que os prisioneiros têm de construir o glorioso caminho de ferro do Japão, que ligaria este à Índia, e cuja obra tinha sido declarada impossível pelo mundo. Contada na terceira pessoa, mas com vários pontos de vista, o que nos é contado vai passando de momentos do presente, com a personagem principal, Dorrigo Evans, o médico e sargento dos prisioneiros australianos no caminho de ferro, a pensar e conversar sobre o seu passado com uma das suas amantes, passando por momentos de Dorrigo e de outros prisioneiros enquanto soldados aliados até serem prisioneiros dos japoneses, onde a narrativa se torna muito real e bruta, até a momentos de amor entre Dorrigo e a sua tia, Amy, um amor vivido em segredo nos momentos em que não estava de serviço, amor esse que vai alimentando Dorrigo através das suas provações no caminho de ferro.

Há poucos livros como este. A narrativa é extremamente cruel, mas de uma grande beleza, uma vez que o autor conseguiu trabalhar as palavras de modo a criar algo belo e puro onde nada é puro nem belo. As descrições são muitíssimo reais e duras, especialmente nos momentos em que são contados episódios do caminho de ferro. Algumas descrições e partes de diálogo são tão reais que até arrepiam, como uma parte de uma operação médica e outra de um castigo a um prisioneiro. Todas as descrições são muito vívidas e reais, até as dos momentos românticos entre Amy e Dorrigo ou entre Dorrigo e Ella (a sua esposa). Mas nesses momentos há sempre uma ligeira atmosfera de irreal, de etéreo e beleza que o autor conseguiu captar na perfeição.

Este livro é sobre a guerra, sobre dor, perda, amor, alegria e esperança. No meio de tanta coisa horrível e desesperada, muitas vezes as personagens conseguiam encontrar felicidade e esperança em pequenas coisas, como lembranças, achados e cartas. É também sobre o pós-guerra, tanto do lado vencedor como do lado dos vencidos, neste caso do Japão. Esses momentos são narrados de uma forma diferente, não tão cruel e intimista, mas de um modo mais suave, se bem que também um tanto frio.

Em suma, é um livro para refletir. Não é um livro que entretenha o leitor, nada do género. Se procuram algo leve e que sirva de distração, não vão por este livro. Mas se querem algo que deixe marca, que faça refletir e que seja forte, aqui está a melhor opção: um livro soberbo, magnífico, forte e arrebatador, devido à sua acutilância, força nua, fria, mas também cheia de ternura. Porque este livro está cheio de uma imensa ternura, em que o melhor do Ser Humano e o pior está em pleno confronto. É um livro que será para sempre um marco da História.

NOTA (0 a 10): 10

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Passatempo!!!

Apresento-vos o mais recente passatempo aqui do Imaginário dos Livros.

Há algum tempo que não havia nenhum e penso que já estavam com saudades =)

 Pois bem, o livro é O Aprendiz de Arquimago, de Michael A. Iora, da Chiado Editora.

 Têm aqui a sinopse:

No mundo de Herannon os chamados “heróis” nem sempre são dignos de tal título e às vezes são tão perturbados e cruéis quanto seus inimigos. Mesmo quando a amargura de um guerreiro é tão forte quando o braço que empunha a espada, ou o poder arcano de um mago é tão intenso quanto seu ódio, são realizadas façanhas lendárias – e se elas culminam em algo Bom, pode ser por mero acaso. Entretanto, mesmo em um mundo tão conflituoso ainda existem valorosos indivíduos dispostos a fazer a diferença, na esperança de provar – inclusive para eles mesmos – que honra, amizade, gentileza e altruísmo podem fazer toda a diferença no eterno conflito do Bem contra o Mal… que nem sempre podem ser claramente diferenciados. (in Chiado Editora)



Para participarem só têm de: 

- ser seguidores do Blog;
- preencherem todos os campos do formulário.

Regras:
 - participar até às 23h59 do dia 6 de Maio de 2016;
- ser residente em Portugal;
- só são aceites uma participação por pessoa/morada;
- apenas haverá um vencedor, que será apurado através do site: random.org.

 Conto com as vossas participações! Espero que gostem!

sábado, 16 de abril de 2016

O Décimo Terceiro Conto, de Diane Setterfield

Sinopse: 

O Décimo Terceiro Conto narra o encontro de duas mulheres: Margaret, jovem, filha de um alfarrabista, biógrafa amadora, e Vida Winter, escritora famosa, que, sentindo aproximar-se o final dos seus dias, convida a primeira para escrever a sua biografia.

Na sua casa de campo, a escritora decide contar a verdadeira história da sua vida, revelando um passado misterioso e cheio de segredos. As duas vão partilhar vivências profundas, resgatando velhas memórias e confrontando-se com fantasmas há muito adormecidos.

Sem que pudessem inicialmente prever, acabam por entrelaçar as suas vidas de forma tão intensa, que o resultado não poderia ser outro que não uma inesquecível história de amor, amizade e solidão. (in Goodreads)



Opinião:

Tive a oportunidade de ler este livro com o apoio da Marcador e só tenho a agradecer, tanto a oportunidade de o ler como a sua edição. Aqui está uma obra maravilhosa. 

Quando peguei no livro e li o verso, encontrei uma citação que o compara a um dos meus livros favoritos: A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafon. Nada podia criar em mim uma maior curiosidade e expectativa. No entanto, penso que é muito improvável haver algum livro que seja parecido com A Sombra do Vento, porque é demasiado especial e único para haver algo parecido. Assim, não achei que se possa comparar totalmente com este livro, mas sim com As Horas Distantes, de Kate Morton, que tive o prazer de ler alguns meses atrás. 

Pois bem, gostei muito desta história. Esta é uma história sobre histórias, um livro sobre livros. É mais do que um livro. É uma obra de arte. A forma como as personagens aparecem, a forma como o enredo se intersecta e se fecha sobre si próprio como uma flor, a forma como é narrado, tudo é magistral. É mais do que uma história de mistério, romance ou drama. É mais do que tudo isso. É uma história sobre uma história de alguém que só por si é uma história. Sei que estou a repetir a palavra, mas é propositado. 

As personagens são muito boas. A narradora, Margaret Lea, amante de livros, principalmente de biografias, faz um trabalho de se lhe deitar o chapéu ao ir trabalhar para a celebre escritora Vida Winter, de quem nada se sabe. Miss Winter conta a história a Margaret com a premissa de não mentir, que foi o que fez sempre a outros biógrafos e jornalistas, mas nem tudo é o que parece. Margaret, com a sua própria história, tem o trabalho de dar vida à história verdadeira da escritora e tem um belo mistério pela frente. Depois, Vida Winter. Doente, idosa, sente a necessidade de contar a sua história e de consertar algumas coisas do seu passado e para isso contrata Margaret. Miss Winter é uma personagem soberba. As suas palavras, a sua forma de contar histórias, tudo é de mestre. Manhosa e esperta, ela pode muito bem não ser o que parece, ou sê-lo de verdade. 

Mas, a nível de personagens, o que me prendeu mesmo foi o passado. O que Miss Winter vai contando. Ela em jovem, a sua gémea. O passado das personagens é o ponto forte da história, é nele que tudo acontece, é onde está o mistério que há para desvendar. 

Uma família antiga, uma casa antiga, muitos segredos, alguns da pior espécie. Auge e declínio, a casa a desfazer-se, as personagens a transformarem-se. O nascimento das gémeas, assombrado pela dúvida e pela loucura da família. Isabelle e Charlie, irmãos com histórias estranhas e gostos bastante sádicos. As gémeas: Adeline e Emmeline. Iguais. Estranhas. Uma violenta e maldosa, outra um tanto parada e bondosa. O oposto uma da outra. Nenhum equilíbrio. A solidão. A sujidade. Isabelle levada. Charlie fechado. As gémeas sozinhas. Uma governanta para cuidar da casa, da educação das raparigas e dos únicos dois empregados. Acontecimentos estranhos. Uma gémea parece ser algo mais do que demonstra ser. Mistérios atrás de mistérios. E a casa sempre como pano de fundo, mais as gémeas. 

É uma história que não pode ser categorizada de bela, mas também não é feia. É um tanto doentia, pungente, forte, arrebatadora, grandiosa. Evoca o que melhor há na Humanidade, mas principalmente, evoca o que há de menos bom, o que é escondido, o que mete medo, o que repugna e faz virar a cara. É uma história de loucura, maldade, solidão...porém é sobre redenção e algo mais. Há beleza ali, escondida, uma beleza subtil e encantadora. 

Posso comparar esta história ao filme A Colina Vermelha, de Guillermo del Toro. É uma história em parte de terror, em parte romance, em parte mistério. Não é uma história simples, que se vá lendo, que divirta ou entretenha. É uma história profunda, que é para ser devorada e que se entranha no leitor. É uma história que fica no nosso âmago e que não nos larga. Isso define bem o que é uma história grandiosa, uma obra prima. Aqui está uma obra prima literária. 

Tudo é conduzido com mestria, com arte. O enredo é fantástico, a história de Miss Winter é um mistério bem escondido, bem conduzido até ser descoberto. Não havia nada a acrescentar, nada a tirar. A história é perfeita, o livro é perfeito. Tudo bate certo no seu contexto. Não há pontas soltas. 

Também o ambiente, as descrições...estão soberbos. É como se lá estivesse, se visse a casa, os acontecimentos. A narrativa está tão real que é muito fácil para o leitor encontrar-se no ambiente, no contexto que está ler. 

Podia escrever muito mais coisas sobre este livro, mas não quero contar nada sobre a história, pois iria tirar o brilho ao livro e ele merece todo o brilho. Assim, só posso recomendar a todos os que gostam de uma boa história. Leiam e experimentem. É maravilhoso. Para saberem mais sobre a autora, podem ir aqui

NOTA (0 a 10): 10

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Uma Noite de Amor, de Mary Balogh

Sinopse:

Numa manhã perfeita de Maio...
Neville Wyatt, conde de Kilbourne, aguarda a sua noiva no altar. Mas, para espanto geral, em vez da bela jovem que todos conhecem aparece uma mendiga andrajosa. Perante a nata da aristocracia, o perplexo conde olha para ela e declara que é Lily, a sua mulher! Ao olhar para aquela que em tempos desposou, que amou e perdeu nos campos de batalha de Portugal, ele compromete-se a honrar o seu compromisso...apesar do abismo que agora os separa.

Até que Lily fala com franqueza...
E afirma querer começar de novo… e que Neville a ame verdadeiramente. Para isso, sabe que terá de estar à altura das expectativas dele, o que a leva a aceitar ser dama de companhia da sua tia e aprender as boas maneiras. A determinada Lily rapidamente conquista a admiração da alta sociedade, demonstrando ser uma condessa à altura do seu conde. Por seu lado, Neville está disposto a tudo para provar à sua formidável mulher que o que sentiu por ela no campo de batalha foi muito mais que desejo, muito mais do que o arrebatamento de… Uma noite de amor. (in Goodreads)



Opinião:

Há bastante tempo que queria ler um livro desta autora. Com uma sinopse interessante e uma capa muito bonita, este livro tinha tudo para me agradar. E de certo agradou. 

Gostei bastante da história em si. Bastante fluída, com um contexto histórico (pós Invasões Francesas) muito bom, bem escrita, com personagens interessantes, agradou-me muito. 

As personagens são interessantes, como referi, mas confesso que houve momentos em que fiquei um bocadinho desapontada com elas, em especial com a protagonista feminina: Lily. Existem partes que são contadas do ponto de vista dela e outras do ponto de vista do seu amado, Neville, nunca se tornando na primeira pessoa em nenhuma das partes. Assim, encontrei uma grande diferença entre as parte dele e as dela, gostando muito mais dos momentos de Neville do que dos de Lily, porque Lily esteve muitas vezes presa às suas emoções, repetindo-se várias vezes, o que provocou um sentimento de que parecia que o leitor tinha de ser várias vezes confrontado com a mesma informação ainda assim não tivesse compreendido à primeira. Por vezes acontece noutros livros e estas repetições não me agradam muito, porque parecem que estão a fazer o leitor de tonto e só tornam esses momentos um tanto enfadonhos, devido à repetição constante.

Mas, tirando isso, gostei de Lily enquanto rapariga com uma história complexa, que se vai mostrando e ramificando ao longo da história e que se torna na parte mais intrigante do enredo, porque é um mistério para resolver. Quem é ela de verdade? Será apenas Lily Doyle, filha de um soldado, ou algo mais?

Quanto a Neville, achei-o bastante integro e um bom homem. Em relação às outras personagens, gostei muito de Elizabeth e de Lydon, duas personagens secundários que se revelaram mais interessantes que as principais, em certos momentos. Elizabeth, uma mulher avançada para o tempo, tem uma maneira de ver a sociedade da época e as pessoas muito interessante e peculiar e Lydon é um homem cheio de mistérios, que provoca um certo suspense ao longo da história. 

Em relação ao enredo, tenho a dizer que gostei muito e é mesmo o maior ponto forte do livro. Gostei muito do facto de Portugal ter aparecido como pano de fundo e contexto para todos os acontecimentos da história. Não é todos os dias que lemos um livro em que o nosso país entre e seja bem tratado pelo autor/autora. Achei isso muito relevante e engrandeceu a história. Depois, há o facto do mistério de Lily, que dá corpo à história, e outros acontecimentos a meio do livro que tornam a história mais complexa e diferente, uma vez que até meio é tudo um bocadinho igual. Há romance, há alguns momentos bem conseguidos; e há uma intriga interessante com algum mistério à mistura.

O contexto está bom, está coerente e as descrições são bem feitas e úteis. Gostei das descrições dos ambientes exteriores e dos bailes também. Não há nada de exaustivo ou fútil. A abordagem às Invasões Francesas também está bem contextualizada.

Em suma, é um bom romance, que tem todos os ingredientes que o tornam interessante e de leitura agradável e leve. Gostei e espero ler mais livros da autora.

NOTA (0 a 10): 9

domingo, 10 de abril de 2016

Teremos Sempre Paris, Ray Bradbury

Sinopse:

Nesta selecção de contos inéditos, o inimitável Ray Bradbury encanta-nos de novo com a sua prosa fluente e cantante. Imagina coisas extraordinárias e observa com especial acutilância as fraquezas humanas, as pequenas falhas de carácter. Os seus contos são eternos. Teremos Sempre Ray Bradbury. (in Wook)



Opinião:

Uma antologia de contos do autor que está bastante interessante. Gostei da escrita, é muito fluída, mas não gostei muito dos contos em si. Não tenho nenhum favorito, nem nenhum que tenha gostado menos. São todos bastante diferentes, mas muito homogéneos na sua estrutura. 

Têm todos temas diferentes, apesar de alguns aspetos estarem presentes em quase todos, como algumas ansiedades humanas. 

Existem muitas personagens, todas bastante diferentes umas das outras, ao longo dos diversos contos. Não as achei muito complexas, apenas boas para desempenhar os seus papéis nos contos onde aparecem. 

Ainda não li mais nada do autor, mas não fiquei muito curiosa. No entanto, os contos têm muita qualidade e interesse, eu é que não gostei por aí além, talvez por não ser um género de que goste muito. 

Resumindo, recomendo a todos os que gostam do autor e que gostam de antologias ou deste género literário. É uma boa aposta.

NOTA (0 a 10): 6

sexta-feira, 8 de abril de 2016

O Lago dos Sonhos, de Juliet Marillier

Sinopse:

Em troca de ajuda para escapar a um longo e injusto encarceramento, a amarga curandeira mágica Blackthorn jurou pôr de lado o seu desejo de vingança contra o homem que destruiu tudo o que lhe era querido. Seguida por um companheiro de clausura, um homem grande e silencioso chamado Grim, ela viaja para o norte, rumo a Dalriada. Aqui, viverá na orla de uma misteriosa floresta e terá de cumprir, durante sete anos, a promessa que fez ao seu libertador: aceder a todos os pedidos de socorro que lhe forem dirigidos. 

Oran, príncipe herdeiro do trono de Dalriada, esperou com ansiedade a chegada da sua noiva, Lady Flidais. Conhece-a apenas por via de um retrato e da poética correspondência que trocaram entre si e que um dia o convenceu de que Flidais era o seu verdadeiro amor. Oran descobre, porém, que as cartas também mentem, pois, embora igual em aparência à imagem no retrato, a sua noiva vem a revelar-se uma mulher muito diferente da criatura sensível e sonhadora que escreveu aquelas cartas.

Nas vésperas do seu casamento, o príncipe não vê saída para a o seu dilema. Mas corre o rumor de que Blackthorn possui um dom extraordinário para a resolução de problemas espinhosos, e ele pede a sua ajuda. Para salvar Oran das suas insidiosas núpcias, Blackthorn e Grim vão precisar de todos os seus recursos: coragem, engenho, astúcia e talvez até um pouco de magia. (in Goodreads)



Opinião:

Depois da trilogia de Sevenwaters e de outros livros da autora, que tanto gostei, não podia ficar indiferente a esta "novidade" (entre aspas porque já saiu cá há alguns longos meses). Com uma das capas mais lindas que por aí há, este livro surpreendeu-me bastante.

A história é narrada a várias vozes: Blackthorn, a curandeira ex-prisioneira e com uma grande história, Grim, o seu companheiro na prisão e seu grande amigo, e Oran, o príncipe de Dalriada, que se vê a braços com um casamento com uma bela jovem que tem algo de estranho. Todas as personagens, tanto as principais como as secundárias, são maravilhosas e com histórias que prendem o leitor, como já é habitual nas belíssimas histórias da autora. Gostei muito das três personagens com capítulos, as narradoras, mas também gostei muito de outras, como da jovem prometida e do fiel escudeiro de Oran. A complexidade do passado e a forma integra como as personagens são criadas é excelente e dá veracidade à história e ao mundo criado pela autora, que é o mesmo de Sevenwaters, mas passados anos depois.

Em relação ao enredo em si, posso afirmar que está excelente. Esta história tem descrições e momentos mais adultos do que outros livros que li até agora da autora. Está mais sombria e sem magia. Esta história é passada num tempo posterior à magia e à sua beleza (que tanto nos encanta nos outros livros), o que contribui, a meu ver, para este desencanto sombrio que a história apresenta. Também gostei desta faceta, porque distingue as histórias entre si, dando-lhes personalidade. Existem momentos de grande emoção, a todos os níveis, existem momentos de amor e sedução, existem momentos de raiva e dor, existem momentos de alegria e festa, e também de magia, que, no fundo, é a base de toda a história. Ou seja, é uma linda história, com uma mensagem, como uma boa história de bardos. 

As descrições também estão perfeitas, muitos detalhes, nos momentos certos; uma coerência perfeita, entre contexto, personagens e ação, que prende o leitor desde o começo até ao final. Muitos acontecimentos têm lugar o faz com que seja uma história cheia de mistérios. 

Juliet Marillier consegue novamente surpreender pela positiva numa história cheia de beleza a todos os níveis, tanto no enredo, como nas personagens, como no ambiente maravilhoso e místico que cria. É como voltar a casa, a leitura deste livro. É como reviver momentos passados. Para quem leu Sevenwaters vai com certeza ficar a relembrar acontecimentos passados nessa maravilhosa história. É uma aventura, um romance, uma história de coragem e perseverança, que está escrita com mestria e beleza.

Em suma, recomendo a todos os fãs do género Fantástico e da autora. Também recomendo a todos os que gostam de experimentar novas leituras. Este livro é independente dos outros da autora, mas talvez seja melhor ler primeiro os de Sevenwaters, para poder observar as referências que aqui estão presentes. Já há mais desta série, Tower of Thorns e Den of Wolves, que espero ver editados por cá em breve. 

NOTA (0 a 10): 10

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Antologia Steampunk, de Inês Montenegro, Ricardo Dias, Carina Portugal e Pedro Cipriano

Sinopse:

Quatro contos de quatro escritores, onde é explorado um pouco do imenso mundo movido a vapor que é o Steampunk.

"Relógios e Bruxarias", por Inês Montenegro:

Numa sociedade em que a magia é ilegal e a bruxaria perseguida, o desejo de Mina em ver vingar o seu negócio leva-a a afastar sentimentos e preocupações.

Até ao dia em que Helena lhe pede auxílio.

"A Ascensão e Queda de “Zé Saltador”", por Ricardo Dias:
Spring-heeled Jack, mito urbano e criminoso profissional, decide escapar de Inglaterra e usar Portugal para iniciar uma carreira internacional. Mas nem tudo corre como planeado...

"A Mina de Carvão", por Carina Portugal:
Em colaboração com o Império Português, Charlotte Reeve, uma das melhores agentes da Coroa Britânica, é enviada para a cidade de Tete, em Moçambique. A sua missão é capturar vivo um dos mais retorcidos traficantes de humanos. Mas consegui-lo-á?

"A Canção da Fornalha", por Pedro Cipriano:
A grande fornalha é o coração da cidade. A sua música não deixa ninguém indiferente, muito menos o mestre das caldeiras. (in Goodreads)




Opinião:

Gostei imenso desta antologia. Eu gosto muito deste género, Steampunk, tanto na literatura, como nos desenhos ou até na moda ou decoração. Acho que é um género e um estilo maravilhoso, extremamente minucioso e belo e por mim havia muito mais Steampunk por aí, na moda, decoração e Artes, no geral. Logo, foi com grande alegria e entusiasmo que comecei a ler esta antologia. Steampunk português! Ora que bom! 

Li o livro para a leitura conjunta que decorreu no Cantinho do Fiacha e que ainda está a decorrer. Gostei muito. Este tipo de leitura é sempre única e isso é muito interessante. 

Em relação aos contos, eu gostei de todos. Estão todos muito bons, cada qual à sua maneira. A nível de escrita são todos muito fluídos, com descrições soberbas e pertinentes, onde é possível imaginar todo o ambiente. 

Gostei muito da forma como a magia foi abordada no primeiro conto, de Inês Montenegro, bem como da forma como o enredo tomou corpo. Foi muito interessante! E as personagens também estão muito boas. 

Em relação ao segundo conto, de Ricardo Dias, também gostei, especialmente por causa das aventuras e da ação. Tem bastantes momentos de cortar a respiração e isso é sempre agradável. 

O conto de Carina Portugal também me agradou muito. Já tinha lido Coração de Corda, e não pude ficar indiferente a este A Mina de Carvão. Muito bom, com personagens excelentes e que merecem o seu momento na história! 

Por fim, também gostei do conto de Pedro Cipriano, que é o mais diferente e o mais original, a meu ver, porque conseguiu criar um momento único em relação ao homem e à máquina, é como se a máquina tivesse vida, tivesse um coração, coração esse que está interligado ao do homem. E narrar os acontecimentos daquela forma foi muito bem pensado! 

Em suma, é uma excelente antologia, que recomendo a todos os fãs do género e a quem quer descobrir novos mundos! E leiam os nossos autores, que tanto merecem o nosso apoio. De referir ainda as ilustrações, que estão muito boas. 

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NOTA (0 a 10): 9