"A
Conquistadora" é um livro que queria ler há alguns anos, no entanto
ainda não tinha tido a oportunidade de o ler. Essa oportunidade surgiu
pelo Natal, quando adquiri o livro e no início deste mês comecei a
lê-lo.
Devido à sua pontuação no Goodreads, senti alguma
apreensão uma vez que me perguntei: "porque é que será que tem esta
pontuação?". Como gosto de ter uma opinião própria o melhor que pude
fazer para responder a essa questão foi ler o livro.
E o que
pude concluir para responder? Pois bem, concluí que só pode ser pelo
gosto dos leitores, uma vez que o livro está muito bom. Pelo menos, eu
gostei muito.
A autora conta a história de Conn, o Ard-Reigh de
Tara (rei supremo de Tara, Irlanda) que conseguiu unificar todos os
reinos da ilha, e de Gelina Ò Monaghan, filha de uma família cujo pai
traiu Conn, acabando por ser morto pelos homens do rei, levando à morte
da esposa e à fuga dos filhos (Gelina e Rodney). A história que se cria
entre Conn e Gelina não é um conto de fadas, sendo muitas vezes brutal.
Vários são os momentos tensos entre ambos que muitas vezes terminam em
violência e brutalidade. No entanto, o amor que os une é demasiado forte
para ser vencido pelo ódio e pela dúvida que por vezes aparece para o
aniquilar.
A história começa com a suspeita de um monstro que
mata os homens do Fianna (os guerreiros de Conn, que seguem as regras da
cavalaria e da lealdade). De modo a por fim a esse monstro, o próprio
Fianna vai ao seu encontro para o derrotar. Quando descobre que o
monstro não passa de um par de duas pessoas, vê-se confrontado com a
realidade. Descobre Gelina, enquanto que o seu par foge apesar de ferido
gravemente. Tendo acreditado que o seu irmão tinha sido morto, Gelina
(de mais ou menos 16 anos) vê-se sozinha, apenas com Conn por
companheiro e às suas mãos. É levada para a corte, onde é tratada como
filha adotiva de Conn, uma vez que este omite a verdadeira identidade
dela, afirmando que esta se encontrava prisioneira na gruta onde
habitava o monstro.
À medida que o tempo decorre, Gelina começa a
afeiçoar-se a Conn e a outros membros da corte, nomeadamente o anão
Nimbus, que é bobo da corte e amigo de Conn; Mer-Nod, poeta e
conselheiro do rei; e Sean, um membro jovem do Fianna que trava amizade
com Gelina. Tendo por principais rivais a amante do rei e as suas
companheiras, Gelina começa a tentar imitar as senhoras da corte, para
se tornar mais feminina e delicada e para não ser alvo de riso mas de
ciúme. O seu afeto por Conn também aumenta, começando a gostar dele por
amor.
No entanto, Rodney não morreu no ataque na gruta e jura
reaver a irmã. Para isso junta-se ao eterno rival de Conn, Eoghan Mogh,
que o tenta por várias vezes tirar do trono de Tara. As questões
políticas e de intriga também fazem deste enredo algo muito rico e
interessante, uma vez que são complexas e estruturadas, de lógica
compreensão.
A vingança jurada por Rodney e Gelina de matar os
membros do Fianna e o próprio Conn vê-se assim comprometida. Mas nada
fará com que Rodney desista da vingança e Gelina começa a sentir-se
dividida e repleta de dúvidas. O amor que une Gelina e Conn sofre vários
abalos e muitas vezes é revirado e tornado a virar.
Muitas são
as peripécias que acontecem ao longo da narrativa e que enchem as
páginas de reviravoltas. Gostei muito das situações apresentadas e de
como se resolveram. Não existe nada desconexo e sem sentido, pois tudo
se encaixa muito bem. Como refiro várias vezes, este é um aspeto que
acho essencial nos livros, principalmente quanto têm um teor mais
complexo e mais "inteligente". Não basta escrever um romance. Tem de
haver um conteúdo rico e bem estruturado e este livro apresenta, a meu
ver, esse conteúdo rico e estruturado.
Conn existiu de verdade,
tendo vivido entre 116 a 136 (segundo Geoffrey Keating) ou entre 122 a
157 (segundo Annals of the Four Masters). O que aparece no site
Wikipédia não aborda Gelina, no entanto, dado o final do livro, tal não
comprova que ela não tenha existido na sua vida.
A parte
histórica também está bem desenvolvida, bem como as descrições as
paisagens, roupas, objetos e edifícios. Estes aspetos ajudam a imaginar a
vida naquele tempo e isso é bastante agradável. As personagens estão
todas caracterizadas muito bem, tanto física como psicologicamente.
Gostei muito de Gelina, de Conn e de Sean. A escrita é bastante fluída e
rica, tornando-se fácil imaginar o que está a ser descrito.
Em suma, esta é uma história para reter na memória.
Podem consultar mais informações aqui.
NOTA (0 a 10): 10